Ataque ao estado laico

 

Enquanto nos ocupávamos em digerir a posse de Trump, as trapalhadas do Pix e o bem vindo cessar fogo entre Israel e Hamas, aconteceu, ontem e sexta-feira, o 2º Congresso Internacional Legado Cristão”, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Em pauta, temas como família, educação e liberdade sob uma ótica cristã.

Embora o objetivo fosse promover os valores cristãos, ocorriam ali discussões sobre a chamada "teologia do domínio". A ideia é que os valores cristãos assumam o controle sobre o governo, educação e cultura, para criar uma nação sob “princípios bíblicos”, algo parecido ao regime dos aiatolás, alinhado à extrema-direita.

Um soco no estômago no estado laico.

A "teologia do domínio" prega que os cristãos têm a missão de governar todas as esferas da sociedade, para estabelecer os valores cristãos como padrão universal. Embora despistem que o movimento quer "moralizar" a sociedade, o objetivo é retirar direitos de minorias religiosas e sociais.

Aqui, a crescente presença de líderes religiosos em cargos públicos promove interesses individuais contrários ao pluralismo, com projetos de lei para restringir direitos reprodutivos, para influenciar currículos escolares com visões religiosas e limitar direitos LGBTQIA.

Para o historiador João Cesar de Castro Rocha, a teologia do domínio é ainda mais perigosa que o bolsonarismo.

Um exemplo gritante é a PEC do Estuprador, do deputado evangélico Sóstenes Cavalcante (PL-RJ, foto), que criminaliza meninas estupradas que precisam recorrer ao aborto (hoje legal), enquanto nada acontece ao estuprador.

Esse “povo” começou a se reunir em 2024. Esse ano, o tema foi “Unir propósitos e avançar o Reino”.

Conforme a Revista Fórum, foram seis os‘mandamentos’ do encontro: Apoiar candidaturas fundamentalistas que defendam pautas moralistas e antiestatais; Incentivar jovens a participar de cursos-chave para ocupar posições de influência; Buscar relevância social local, regional e nacional, mantendo-se inimigos de políticas públicas.

E ainda: Fortalecer alianças nacionais e internacionais que defendam as liberdades individuais contrárias ao progressismo e à diversidade; Envolver-se na divulgação da Educação domiciliar, defendida como um Direito Humano Natural e Engajar comunidades locais na fé, fomentando o legado cristão nas mídias sociais.

Entre os 'pensadores' dessa ‘seita’ estão Deltan Dallagnol e Damares Alves, palestrantes do encontro do ano passado. Os nomes que participaram da edição de 2025 são desconhecidos do grande público. Todos, claro, propondo o que há de mais reacionário e conservador.

Socorro!!!