Bispa acerta as feridas de Trump

 

Na terça-feira o planeta respirou com o sermão da bispa de Washington, Mariann Edgar Budde, na Catedral Nacional da capital norte-americana. “Há crianças gays, lésbicas e transgênero em famílias democratas, republicanas e independentes, algumas que temem por suas vidas agora”, disse ela na missa, na cara de um desconfortável Trump.

O presidente estava com sua mulher, Melania, que podia até estar sentindo a mesma empatia que a bispa conseguiu incutir no mundo. Já na posse, porém, a primeira-dama escondeu seu rosto com um inexpugnável chapéu. Assim como era sua expressão durante as falas da religiosa.

“Tenha misericórdia daqueles em nossas comunidades, cujas crianças temem que seus pais sejam levados embora e ajude os que estão fugindo de zonas de guerra e perseguição”, completou a bispa.

Quem assistiu a cena pôde achar até que a catequese contaminaria o presidente e amoleceria seu coração. Não foi o que aconteceu, muito pelo contrário. Trump se ofendeu com o sermão de Mariann e sentiu-se diretamente atingido. Até porque era essa mesmo a intenção da religiosa...

O presidente exigiu um pedido de desculpas por ela ter dito  que ele espalhava medo entre imigrantes e pessoas LGBTQ+ após a ‘cobrança’ que recebeu.

 “A suposta bispa que falou terça-feira no Serviço Nacional de Oração é uma esquerdista radical que odeia Trump. Ela tinha um tom desagradável, não era convincente nem inteligente”,  registrou Trump na sua rede, Truth Social. 

Cujo nome (Verdade Social) já dimensiona sua pretensão...

“Além de seus comentários inapropriados, o sermão foi muito chato e pouco inspirador. Ela não é muito boa em seu trabalho! Ela e sua igreja devem um pedido de desculpas ao público”, acrescentou Trump.

Ao público ou a ele próprio? Afinal, ninguém se queixou...

Além disso, 22 estados americanos já entraram com processos contra a medida que anula decisão de 200 anos, que considera americanos os filhos de imigrantes nascidos nos EUA.

E não é exagero dizer que de chato ou pouco inspirador o sermão não teve nada. Mariann acertou nas feridas causadas pelas estapafúrdias medidas impostas pelo novo governo, quando analistas econômicos sustentam que os imigrantes nada têm a ver com aumento de violência ou desequilíbrio econômico, até porque os EUA têm só 4% de desemprego.

O que parece é que Trump agarrou-se a essa promessa de campanha que, de fato, agradou a seus eleitores, tanto que eles votaram nele majoritariamente no pleito.

Já a atriz Merryl Streep aproveitou para apontar os imigrantes que assistiam ao seu discurso em Hollywood – como o canadense Ryan Gosling – e lembrou: “desrespeito gera desrespeito. Violência gera violência”.

Vai ser muito difícil, porém, que Trump abra mão de seu orgulho e volte atrás de tanta maldade...