Michelle e Eduardo: entre os radicais pró-golpe

 

A participação de Michelle no grupo radical que programava o golpe de estado em torno do Inelegível é a maior novidade do primeiro dos mais de dez depoimentos prestados pelo ex-faz tudo Mauro Cid, em 28 de agosto de 2023, cujo conteúdo acaba de ser liberado pelo ministro Alexandre de Moraes e foi divulgado pelo jornalista Elio Gasperi.

São seis páginas e envolvem mais de 20 personagens.

Eram três os grupos. Num - integrado por Flávio, o filho 01, Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil, Bruno Bianco, advogado-geral da União e o brigadeiro Baptista Júnior, comandante da Aeronáutica -, a ideia era alçar o capitão a líder da oposição. 

Outros mais moderados admitiam que não havia o que fazer diante do resultado das eleições. Temiam que surgisse uma “doideira” se dali saísse um novo regime militar. Eram eles os generais Freire Gomes, comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa e Júlio César de Arruda, que também já tinha sido comandante do Exército.

E havia quem achasse que o ex-presidente deveria  deixar o país, como o empresário agro Paulo Junqueira, que bancou a viagem do capitão para os EUA antes da posse de Lula.

Os mais radicais dividiam-se entre buscar provas de fraude nas eleições – com o major Angelo Denicoli e o senador Carlos Heinze -, enquanto outros defendiam o uso de armas. Nascia ali a tal “doideira” a ser assinada pelo Inelegível.

Participavam ainda dessa ala o ex-ministro Onyx Lorenzoni, o atual senador Jorge Seif, o ex-ministro Gilson Machado, o senador Magno Malta, Eduardo, o 03, e Micheque.

E foi nesse núcleo que o assessor internacional, Filipe Martins, sugeriu que os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes fossem presos, assim como senador Rodrigo Pacheco, em 2 de novembro de 2022.

Depois, a eleição seria anulada.

O ex-presidente convoca então ao Planalto os comandantes militares e lhes mostra a minuta do golpe. Segundo Cid, “o almirante Garnier era favorável à intervenção militar e dizia que a Marinha estava pronta a agir". Só condicionava esta ação à adesão do Exército – o que não aconteceu.

Já Baptista Júnior foi “terminantemente contra qualquer tentativa de golpe de Estado.” Enquanto Freire Gomes disse que não caberia golpe porque não havia sido comprovada nenhuma fraude e as instituições estavam funcionando.

Os verde oliva estimaram que se o golpe fosse instaurado viveríamos entre 20 a 30 anos de regime militar. 

Ufa, do que conseguimos escapar! O que esperamos é a punição exemplar desses golpistas, tão logo as denúncias sejam confirmadas e julgadas.