Sina bandida do Rio de Janeiro

 

Patético. Pela segunda vez, abro um post sobre Cláudio Castro com essa expressão. Na última quarta-feira, o governador do estado do Rio anunciou como seu sucessor Rodrigo Bacellar – reeleito para a presidência da Alerj por unanimidade, à revelia da proibição do STF.

“Minha missão vai ser deixar para o meu sucessor pelo menos arrumadinho para que a gente possa continuar nesse processo de avanço do Rio —  disse Castro a uma receptiva plateia.

A cena aconteceu no mesmo dia do pânico vivido na Avenida Brasil e na Linha Vermelha, causado pela operação frustrada da polícia contra o traficante Peixão, líder do Complexo de Israel, na Favela Complexo de Lucas.

Quando Flávio escapou da justiça pela comprovada prática das ‘rachadinhas’ na Alerj, por exemplo, até dava para entender, por se tratar do filho 01 do ex-presidente. É uma incógnita, porém, que tanto Castro quanto Bacellar tenham escapado da cassação em dois julgamentos do TRE-RJ.

No primeiro, em maio de 2024, o relator Peterson Barroso cravou ter certeza de que o governador armou um esquema para desviar dinheiro público e usar os recursos para a sua reeleição, em 2022. Barroso apontou danos ao erário pelo uso de mais de R$ 400 milhões, enquanto Bacellar era tido como arquiteto do plano maligno.

Para o MPF, Castro atuou nos ilícitos do Ceperj e da Uerj. No primeiro, as contratações saltaram de R$ 34,6 milhões em 2021 para R$ 240,9 milhões no ano seguinte. Ou seja, virou fornecedor de um gigantesco volume de mão de obra contratada em ano eleitoral. Já sobre a Uerj, o governo contratou cabos eleitorais com dinheiro público, que atuaram em benefício do trio nas eleições.

E, em 4 de fevereiro, o TRE-RJ voltou a absolver o trio da acusação de desvios de mais de R$ 10 milhões, recebidos de fundos públicos na campanha ao governo do estado em 2022.

O fato é que circula nas autoridades judiciárias a máxima de que o estado do Rio é governado por um delegado que possui um dossiê com os podres de Castro. Sabe-se também que seu poder é limitado pelas denúncias que sofre.

Já Bacellar é alvo de processos, como o de uso do helicóptero da organização criminosa Zocar, e por morar em casa na região serrana que está em nome de um empresário beneficiado por empréstimo de uma agência do estado.

Pelo andar da carruagem, o Rio de Janeiro - que virou o território irradiador do bolsonarismo - caminha para manter sua trágica sina de estado dominado pelo crime organizado, das milícias e pela bandidagem em geral...