Denúncias de Cid são assombrosas

 

Das novas revelações da delação premiada do ex-faz tudo, Mauro Cid, algumas me deixaram assombrada. A começar por ações dos Kis Pretos para gerar caos social discutidas na casa do general Braga Netto, em 12 de novembro de 2022.

Como foi, por exemplo, o 8 de janeiro, para que Bolsonaro decretasse Estado de Sítio. Braga Netto foi incluído no núcleo Crucial, ou político, dos organizadores da tentativa de golpe.

E aquelas patéticas motociatas à la Mussolini foram financiadas pelo nosso dinheiro. Não que isso seja novo. Cid revelou detalhes como a compra, pelo Gabinete Institucional da Presidência (GSI), comandado pelo general Heleno, de motos semelhantes à do Inelegível para acompanhá-lo.

E as motos ainda precisavam ser ‘embarcadas’, ou seja, transportadas até os locais dos eventos. Havia gastos com hospedagem e alimentação dos servidores que faziam segurança. “Tudo pago com cartão corporativo”, sustenta Cid.

Segundo o Estadão, a motociata do Rio, em maio de 2021, custou R$ 116 mil. Os servidores participantes recebiam um kit com dois sanduíches, bebida e uma fruta. Muitas vezes multiplicados por três nos eventos mais prolongados.

O ex-faz tudo reiterou ainda - com naturalidade longe de alguém que estaria sendo coagido - que a tentativa de golpe foi toda financiada pelo agronegócio.

E, falando em dinheiro, Cid contabilizou o pagamento em espécie de US$ 86 mil (sem registro de notas, parcelado) ao ex-presidente pelo patrimônio que ele roubou da União. O dinheiro foi resultado da venda de relógios de luxo e joias.

O caixa das operações foi o general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do ex-faz tudo, cuja atuação começou a ser descoberta após o reflexo de seu rosto durante uma das negociações.

Cid também revelou que Bolsonaro lhe pediu para falsificar os cartões de vacina dele e de sua filha (Michelle já havia se vacinado durante viagem aos EUA para poder fazer compras nos shoppings). Um dos motivos que o levou a denunciar tudo isso foi ver Bolsonaro rico, enquanto ele próprio empobrecia.

O capitão também mandou monitorar o ministro Alexandre de Moraes, em princípio, por suspeitar de conluio entre o magistrado e o vice-presidente, Hamilton Mourão, de quem o ex-presidente suspeitava. Embora Bolsonaro soubesse e aprovasse o plano Punhal Verde e Amarelo, que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes, não foi possível confirmar se também era esta a causa do monitoramento.

O fato é que ninguém melhor do que Mauro Cid para revelar tudo o que Bolsonaro tentava esconder. Até porque eles eram tão grudados que só faltava dormir juntos...