O fruto podre da árvore podre

 

A tentativa do então capitão de sabotar o Guandu para protestar por melhores salários – nunca devidamente punida – serviu de senha para a extrema direita abraçar a candidatura de Jair Bolsonaro em 2018. Não é de se espantar que essa mesma gente passe a mão na cabeça do Inelegível, mesmo após essa avalanche de denúncias.

No mesmo estilo cínico de sempre, o Mi(n)to diz que “caguei para a prisão”, narrativa a milhares de anos luz do que o próprio chama de falsa narrativa: a bem fundamentada denúncia do PGR, recheada de provas.

E, após a liberação pelo ministro Alexandre de Moraes da delação premiada do ex-faz tudo Mauro Cid, fica claro que o ex-presidente jogou no lixo a promissora carreira do coronel, cuja vida foi destruída em função da confiança que lhe inspirava Bolsonaro. Erro crasso. Talvez irreversível.

Até agora o único elo ainda não bem amarrado pelas investigações dos atos golpistas é quem deu a ordem para a horda de vândalos invadir os Três Poderes. Embora o Inelegível tivesse fugido para os EUA, faz todo o sentido que ele comandasse de longe o movimento.

Se Donald Trump, que discursava para os invasores do Capitólio no 5 de janeiro dos EUA não foi sequer preso e hoje preside o país, não espanta que a justiça brasileira ainda não tenha conseguido provar como se deu o 8 de janeiro por aqui.

Apesar da lógica de toda sequência de fatos.

E, assim como Cid, há 371 pessoas presas, com suas vidas arruinadas por essa mesma nefasta criatura. Não que sejam inocentes úteis. São adultos, tiveram culpa por tudo o que fizeram e precisam ser punidos.

Aquela pobre coitada vovozinha que botou a bunda de fora para louvar o líder jamais poderia imaginar no que reverteria toda a sua infantil estupidez.

Só não dá para dizer o mesmo sobre personagens como Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Almir Garnier, Anderson Torres ou Filipe Martins. Eles sabiam muito bem onde estavam se metendo e queriam ver sangue.

Como se sabe, Bolsonaro e seu clã se lixaram para os períodos de prisão de Cid, que tentou matar no peito todos os males impetrados pelo chefe. Até chegar ao ponto que não deu mais, enquanto ele via Bolsonaro enriquecendo e o próprio sendo arrastado para a lama e a pobreza.

É o fruto podre que gera uma árvore podre.