Protesto na casa de general criminoso

 

Um musculoso saradão, tatuado (foto abaixo), ainda não identificado, jogou uma lata de cerveja e uma mochila na direção de Marcelo Rubens Paiva. O filho de Rubens Paiva é cadeirante, 65 anos, e autor do livro que originou ”Ainda estou aqui”, de Walter Salles, cotado para o Oscar.

A truculência aconteceu domingo, antes do desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo. No livro, Marcelo retrata a luta de sua mãe, Eunice Paiva, para criar cinco filhos sozinha, depois que Rubens, seu marido, foi torturado e desapareceu nos porões da ditadura.

Enquanto o mundo aplaude o filme de Salles e o Brasil mantém sua apatia diante de dois dos assassinos ainda vivos, cerca de 100 jovens manifestaram-se ontem (foto) em protesto em frente à casa do ex-general reformado José Antônio Belham, líder do DOI-CODI na ditadura e envolvido na tortura, desaparecimento e morte de Rubens Paiva.

“Estamos aqui hoje, como estivemos em 2012, para denunciar não apenas os crimes cometidos durante a ditadura militar, mas também a impunidade de torturadores e assassinos. Reivindicar o passado é essencial para que a história não seja esquecida nem se repita “, clamaram os jovens.

“Seguimos exigindo justiça por Rubens Paiva, em nome dos familiares e vítimas dos crimes da ditadura, para que a Lei da Anistia não se aplique a crimes contra a humanidade, como tortura, assassinato e desaparecimento. Defendemos que aqueles que atentam contra a democracia e que cometeram tais crimes devem ser expulsos das forças armadas do Brasil e desligados da administração pública”, sustentou Daiane Araújo, vice-presidente da UNE, presente ao ato.

Essa corajosa galera que enfim reage à injustiça de 54 anos (o STF também acaba de votar por unanimidade que crimes contra a humanidade não prescrevem) deixou o recado: “Ainda estamos aqui! Além da denúncia, é reivindicada a responsabilização e a devida punição do ex-general pelos crimes cometidos durante a ditadura militar brasileira.”

General, cuja última foto pública (abaixo), curtia Paris ao lado de sua mulher, Maria de Fátima Campos Belham, ex-assessora do Inelegível.