Começa o tic-tac para Bolsonaro

 O ministro Alexandre de Moraes liberou a denúncia da PGR sobre os atos golpistas para julgamento na última quinta-feira. Já Cristiano Zanin, ministro que preside a Primeira Turma – responsável pelo julgamento do processo – marcou o início da análise do processo para a próxima terça-feira, 25.

A estimativa é que o julgamento se estenda até novembro. Ainda assim, Bolsonaro reclama da "velocidade da luz" do processo, o que parece ser só uma questão de ponto de vista...

Em 25 de março haverá duas sessões, às 9h30 e às 14h, fora a sessão extraordinária de 26 de março, às  9H30, onde cinco ministros decidem se aceitam, ou não, a denúncia do “núcleo 1” sobre a organização do golpe, dividido em cinco partes.

Ele inclui Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Braga Netto. Os ministros devem decidir se os acusados - protagonistas do processo - são culpados ou se devem ser presos, em avaliação preliminar do caso.

Se o colegiado entender que existem indícios suficientes na investigação, será aceita a denúncia e os acusados pela PGR tornam-se réus. Será aberta, então, a ação penal contra eles. Em seguida, começa a instrução, com depoimentos dos réus e testemunhas. Só então vem o julgamento dos fatos, que deve ir até novembro/dezembro.      

E, com título em inglês – “documento dump” -, a tese da defesa do ex-presidente se queixa do excesso de documentos da PGR para incriminar seu cliente. Se fossem poucos, também reclamaria? Ela alega que a grande quantidade de provas dificultaria o direito de defesa, por exigir uma complexa e volumosa análise. Como assim? Preguiça? Parece até que os advogados não estão muito a fim de trabalhar...

O fato é que a queixa não teve ressonância. No último dia 13, Paulo Gonet – que, em decisão incomum, pretende defender pessoalmente a denúncia durante o julgamento -, enviou um documento ao STF, classificando a reclamação como “vazia”.

 Alegou o óbvio, que a complexidade da acusação justifica a quantidade de provas reunidas pela investigação. Mais um gol fora da defesa, cujos argumentos chegam a ser ridículos, assim como a crítica do capitão à "velocidade" do processo.

Não por acaso, amanhã, Bolsonaro e aliados tentam mais uma vez provar sua relevância política – sobretudo a Donald Trump e aos parlamentares conservadores americanos -, em ato organizado na Praia de Copacabana. Vai ter motociata (quem vai pagar dessa vez?) e o mote é "Fora Lula 2026". Há convocações, também, em outras capitais e até nos EUA.

Para saírem bem na foto, eles precisam reunir ao menos 400 mil pessoas, o que é pouco provável diante das tórridas temperaturas do Rio, que induzem mais a mergulhos no mar que a manifestações. Os últimos atos, como o de 25 de fevereiro na Paulista, foram só 185 mil participantes. 

Pode ser mais um feitiço a se voltar contra o feiticeiro...