De onde viria a anistia?

 

É difícil, até para bolsonaristas, cravar que o ato do último domingo foi um sucesso. “Foi ruim porque foi um fiasco, tinha pouca gente", contabiliza o jornalista Pedro Dória, editor do Meio. Foi ruim pelo flagrante do fotógrafo Alexandre Cassiano, com Bolsonaro à frente de “Sem anistia”. 

O “Monitor do Debate Político”, ligado à USP, contou 18,3 mil – o único que usa técnicas confiáveis. E, segundo o jornalista Otávio Guedes, a PM ia estimar 50 mil, quando recebeu a ordem do governador de inflar para 400 mil. O Datafolha avaliou em 30 mil. Parece piada...

Conforme o jornalista Lauro Jardim, o MP-RJ recebeu um pedido de apuração sobre essa discrepância de estatísticas e se há improbidade administrativa pela PM fluminense.

E, quando Dória diz que Bolsonaro está menor, se baseia em números. A mesma equipe da USP, com o mesmo sistema, contou 33 mil em 2024. Em 2022, no auge da campanha, foram 65 mil. “É quase como se a multidão caísse pela metade a cada ano”, compara.

Para os grupos bolsonaristas, só a PM acertou. Ou querem enganar os trouxas, ou acreditam nessa falácia. E o problema, para o editor do Meio, é que o Inelegível demonstrou fraqueza para o pequeno grupo que pode salvá-lo da forca.

O Inelegível discursou que muitos estavam com ele pela anistia (ele, na verdade, só está por si próprio). E, se o historiador João Cezar de Castro Rocha acha que o cerne do ato de domingo foi defender a eleição de 2026 para uma maioria de deputados do PL – que poderão cortar as asas do Judiciário -, Dória vê o protagonismo no brado pró-anistia.

O capitão diz que Gilberto Kassab está ao seu lado. Depois disso, porém, a imprensa apurou que o PSD de Kassab está dividido. E já está óbvio que Bolsonaro vai ser preso. Ou o Congresso vota a anistia e o livra, ou Lula – que nunca o fará -, a chance é o próximo presidente, se for de direita

O poder de Bolsonaro até então se ancora em seus votos, talvez 30% do eleitorado. Não é difícil imaginar que Kassab ou Waldemar da Costa Neto se questionem se vão precisar dele para vencer as eleições. 

Ganham um herói perseguido, ou podem preferir se livrar do estorvo. No segundo semestre, Bolsonaro deve estar julgado e preso. Quando chegar o período eleitoral, ele será imprestável. Leva uma viagem à Disney que adivinhar o que farão o PL e o PSD neste andar da carruagem...

(A propósito, na minha opinião, anistia é o c....)