Sinais de saturação na extrema direita

Não há dúvida que ocorre uma escalada da extrema direita no planeta. Porém, talvez pela mão excessivamente pesada de Donald Trump, com suas medidas tresloucadas que desagradam até seus apoiadores, ou pela tentativa de renascimento na Alemanha, que viveu o Holocausto, o movimento já comece a dar sinais de saturação.

Comecemos pelo juiz federal Theodore Chuang, de Maryland (EUA), que reverteu na semana passada as iniciativas de Elon Musk para destruir a Usaid. E, na última quarta-feira, a juíza Ana Reyes, de Washington, suspendeu a ordem que impedia transgêneros de servirem nas Forças Armadas.

Musk chamou a decisão de Reyes de "golpe judicial". Enquanto replicava o clamor de Bolsonaro no ato do domingo passado, para a população votar em deputados do PL em 2026, a fim de controlar o STF: "Precisamos de 60 senadores para destituir os juízes e restaurar o governo do povo”, declarou o bilionário. A que povo ele estaria se referindo?

Como se sabe, Musk rompeu relações com uma de suas filhas por ela ser transexual. O ataque aos trans foi também uma das principais propostas de Trump em sua campanha de 2024.

Já o presidente dos EUA afirmou quinta-feira: “Se o juiz Roberts e a Suprema Corte não corrigirem essa situação tóxica e sem precedentes IMEDIATAMENTE, nosso país estará em sérios apuros”, defendeu ele na plataforma Truth Social.

Na prática, o que seria isso? Acertou quem disse ditadura. Situação tóxica, para ele, é ser contrariado.

O juiz James Boasberg, por sua vez, contestou o uso por Trump da Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798, para expulsar mais de 200 imigrantes venezuelanos, encaminhados ao Centro de Confinamento do Terrorismo, conhecido como "megaprisão" de El Salvador.

E, como foi reproduzido aqui, o historiador João Cezar de Castro Rocha apontou o momento mais importante do ato do Inelegível, que seguiu o receituário transnacional da extrema direita: fortalecer o conservadorismo do Congresso para esvaziar a Suprema Corte.

Para completar o enredo dessa novela, Eduardo Bolsonaro fugiu para os EUA, onde pretende intrigar o STF e o ministro Alexandre de Moraes.

Já na região de Berlim-Lichtenberg, a candidata da AfD, Beatrix von Storch, neta do nazista Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro das Finanças de Hitler (na foto com Trump e Eduardo Bolsonaro), perdeu para Ines Schwerdtner, do Die Linke (a Esquerda), partido que chegou a ser ameaçado de não entrar no Parlamento em 2021.

Schwerdtner teve forte presença nas redes sociais, um novo diferencial para o partido. Outra por trás desta mudança é Heidi Reichinnek, que tem mais de 500 mil seguidores no TikTok. Agora, o Die Linke chegou a 25% entre os eleitores de 18 a 24 anos, e a 15%  de 25 a 34 anos.

Não é nada, não é nada, pode ser muita coisa. Afinal, com o radicalismo demonstrado pela extrema direita, a esquerda e as posições mais ao centro podem voltar a encontrar seu espaço. 

Assim esperamos!