O cheiro de enxofre de Tarcísio

 

Começa hoje o histórico julgamento que pode levar Bolsonaro e seus generais de estimação à cadeia. Mais de 1.200 pessoas acompanharão ao vivo o desempenho da Primeira Turma no STF, e o Palácio do Planalto será cercado por grades e o policiamento da Praça dos Três Poderes terá reforço.

E, enquanto os magistrados se decidem pelo futuro dos réus, Tarcísio de Freitas, que já se assume como o candidato da extrema-direita em 2026 e ganhou o aval do ex-presidente (ou seja, 40% dos votos), anuncia antes mesmo da provável condenação que seu primeiro ato será indultar o ex-presidente.

Só que o governador de São Paulo se atola cada vez mais no próprio lamaçal. Um dos personagens centrais da operação Carbono Oculto da PF - que desbaratou a ligação do PCC com fintechs -, é o capitão Diogo Costa Cangerana (na foto com círculo), por 14 anos chefe da segurança de Tarcísio. Ele seria o responsável por abrir as portas das fintechs ao PCC.

Como já e sabe, um grupo de fintechs teria lavado o dinheiro do tráfico internacional de drogas e do latrocínio, entre outros. Cangerana já havia sido preso pela PF em novembro de 2024, na operação Tai-Pan, quando foram coletadas provas de que um grupo de fintechs teria movimentado R$ 6 bilhões em cinco anos, R$ 800 milhões, só em 2024.

Tarcísio, que já governava São Paulo, prometeu castigo exemplar ao PM, chamado por ele de “maçã podre”. Só que Cangerana deixou a cadeia um mês depois e agora está na diretoria de logística da PM. Antes de ser preso, ele foi Chefe de Equipe da Divisão de Segurança de Dignitários do Departamento de Segurança Institucional.

O PM acompanhou Tarcísio como seu segurança pessoal em 25 viagens e, em 11 de janeiro de 2024, recebeu a Medalha “Valor Militar”, em grau Ouro, honraria concedida a PMs paulistas com 30 anos de serviço para reconhecimento à trajetória de dedicação e aos bons serviços prestados.

Lembra a concessão da Medalha Pedro Ernesto, em janeiro de 2019, pelo então deputado Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a Adriano Nóbrega, chefe do Escritório do Crime, além de empregar em seu gabinete a mãe e a ex-mulher do miliciano...

Como se não bastasse, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), uma das vozes mais estridentes pela anistia de Bolsonaro e eventual vice na chapa de Tarcísio, teria recebido uma sacola de dinheiro de Mohamad Hussein Mourad, o “Primo”, e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco” – supostos líderes do PCC, conforme o Portal ICL Notícias.

A grana seria uma retribuição às ações do senador favoráveis ao PCC, atrapalhando o andamento no Senado do PL para tipificar e punir o ‘devedor contumaz’, que faz da inadimplência um negócio de interesse dessa máfia.

Ciro nega tudo, porém, é assustador o cheiro de enxofre que Tarcísio de Freitas já começa a exalar...