Movidos a vingança

 

Vingança. Este foi o motor da aprovação pela Câmara Federal do projeto de dosimetria de Paulinho da Força, que andava adormecido e de repente foi ressuscitado pelo frágil Hugo Motta, irritado com a demora no pagamento das emendas.

A teoria é do Globo, após ouvir parlamentares envolvidos na votação. Como se sabe, o pleito aconteceu de madrugada, quando os brasileiros dormiam e os deputados esfaqueavam a Nação. Foram 281 votos a favor, 148 contra e uma abstenção.

Da atual dotação de R$ 50,37 bilhões, as emendas têm R$ 38,24 bilhões empenhados, ou 75,9% do total. R$ 26,88 bilhões foram liquidados, o que corresponde a 53,3% do total. R$ 26,54 bilhões, ou 52,7% da verba disponível, já foram pagos. Só que Bolsonaro acostumou mal os deputados, que querem a continuidade dessa distorção.

Porque quem executa o orçamento é o Executivo.

Quando se grita que o Judiciário interfere no Legislativo, esquecem de dizer que o segundo passou a agir em causa própria, deixando o país a ver navios. A mágica para reduzir a histórica pena de Bolsonaro e de seus generais de estimação vira piada com a dosimetria, que o Centrão usa como resposta à candidatura de Flávio defendida pelo pai.

Pela última pesquisa Ipsos/Ipec, Lula lidera em qualquer cenário, com 38% das intenções de voto. Tarcísio de Freitas (17%), o queridinho do Centrão e do mercado, fica na rabeira em relação aos concorrentes com sobrenome Bolsonaro.

Quem se sai melhor é Michele (23%), seguida por Flávio (19%) e Eduardo (18%). É inacreditável que, com tudo que assistimos nos últimos três anos, que culminou na prisão do ex-presidente, os eleitores ainda se submetam a essa lavagem cerebral...e o golpe continue em andamento.

Já na aprovação pelo Senado do Marco Temporal – que estabelece a promulgação da Constituição como parâmetro para demarcação de terras indígenas (como se eles não fossem os mais antigos ocupantes do território brasileiro), Davi Alcolumbre se irritou quando o ministro Gilmar Mendes  dificultou o impeachment de ministros do STF pelo Senado.

Porque os parlamentares se preparavam para usar essa prerrogativa como promessa de campanha em 2026. Só que os críticos de Gilmar já não têm esse argumento, porque ontem o ministro do STF decidiu retirar de sua proposta a decisão de atribuir ao PGR a atribuição exclusiva do impeachment

Isso porque o Senado já começou a discutir a atualização das suas próprias regras.

Detalhe: o que têm em comum a proposta inicial de Gilmar e o projeto da dosimetria? Ambas são de Paulinho da Força (Solidariedade-SP, foto), que parece botar lenha na fogueira para o circo pegar fogo... E o Brasil que se dane...

No mais, Glauber escapou da sina vingativa de Arthur Lira, levou apenas uma suspensão por seis meses. Em compensação, Carla Zambelli escapou da cassação pelo plenário da Câmara, vingança contra decisão do STF.