Por que a dosimetria pode vingar

 

Ontem ouvi, estarrecida, as apurações da competente jornalista Ana Clara Costa no Fórum Terezina, da Piauí. A dosimetria de Paulinho da Força foi aprovada quarta-feira na Câmara porque esta sabia que seria seguida pelo Senado.

E o Senado, por sua vez, prometia aprovar porque havia participado de um acórdão com os ministros do STF Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Dias Toffoli, que só fizeram uma exigência: que aquilo não parecesse anistia.

Pois a espantosa informação foi confirmada ontem pelo ICL. As intensas negociações começaram há 40 dias, com Paulinho da Farsa no centro delas. Michel Temer também foi figura central, ao costurar um encontro de Moraes - seu indicado ao STF - com Paulinho. Depois vieram Gilmar e Toffoli. Pretexto: paz entre os poderes e despolarizar o país.

O espúrio conchavo permitiria a redução da pena de Bolsonaro de quase sete anos em regime fechado para dois. A reboque viriam os ‘bagrinhos’ e os generais de estimação. A tal ponto que Braga Neto ficaria menos tempo na prisão do que um preto pobre que tivesse roubado um celular.

Nesse meio tempo veio a liminar de Gilmar (também de Paulinho) para transferir ao PGR a prerrogativa de impichar ministros do STF e altas autoridades – que ele conseguiu reverter na honrosa saída para o Senado, da retomada da Lei do Impeachment, iniciada e interrompida em 2023.

E veio também o anúncio de Flávio Bolsonaro como candidato da direita, desejo do papai presidiário. Entre 24 e 25 de novembro entram em cena Ciro Nogueira (PP), e Antonio Rueda (União Brasil). Seria a hora de retomar a candidatura de Tarcísio de Freitas, ou então de Ratinho Junior...

A dupla advertiu Hugo Motta e Davi Alcolumbre de que a votação não poderia entrar no ano eleitoral e avisou a Flávio que ele teria de sair de cena com a redução das penas do pai golpista. O arranjo só não se deu conta de que a mágica beneficiaria também os megatraficantes Fernandinho Beira-Mar e Marcola, entre outros criminosos.

O Senado pretende revisar detalhes do acordo, contudo, para não causar esse tipo de catástrofe...

Só quem não participou do malfadado acordo foi o governo. Lula já disse que pretende vetar a proposta porque "Bolsonaro tem que pagar por seus crimes". Nesse caso, Alcolumbre teria se comprometido a convocar uma sessão ainda antes do carnaval para – vergonhosamente – vetar o veto do presidente.

Tapem o nariz e segurem o vômito!

(Trump, por sinal, abandonou de vez os Bolsonaro ao cancelar a Lei Magnitsky para Alexandre de Moraes e sua mulher).

Às ruas amanhã, contra o #Congressoinimigodopovo, anistia, dosimetria, etc: São Paulo:14h na Paulista em frente ao MASP; Rio: 13h no Posto 5 da Avenida Atlântica (Caetano convoca para ato musical a partir das 14h); Curitiba: 14h na Boca Maldita; DF: 9h concentração no Museu da República com marcha rumo ao Congresso; BH: 9h na Praça Raul Soares e na maioria das capitais do país.