Quando a vitória é dos bandidos

Ontem, antes de ser votado o jeitinho brasileiro para tentar satisfazer quem é totalmente contra a anistia – se dependesse de mim, Bolsonaro estaria na Papuda – e os que a defendem, o pau quebrou na Câmara Federal.

O combativo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) havia ocupado a cadeira de Hugo Motta por duas horas, até ser arrancado pela polícia legislativa (foto). Ele protestava ao saber que sua possível cassação seria votada junto aos traíras Karla Zambelli, Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro.

Caso Braga seja cassado, não será por ter defendido a honra de sua mãe do ataque de um militante do MBL, e sim por ter denunciado as tramoias do orçamento secreto e as maracutaias do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira.

Tudo errado. Braga é um dos parlamentares mais éticos, que deveria ser premiado e não cassado. Ao contrário da pistoleira Karla Zambelli, presa na Itália, cujo relator Diego Garcia (Podemos-PR) defende rejeitar sua cassação.

Já Ramagem fugiu para não ser preso e Eduardo condenou o país ao tarifaço de Trump. E seria cassado só por suas faltas, mantendo seus direitos políticos...A TV Câmara foi suspensa e os jornalistas expulsos do plenário, truculência incomparável à invasão, em agosto, de bolsonaristas que fizeram o mesmo que Braga, só que por 30 horas.

Dessa vez, Motta tentou recuperar sua autoridade a laço.

Isso sem falar no objeto votado ontem e aprovado na Câmara. Num passe de mágica, os 27 anos de pena de Bolsonaro passariam a 22 pela dosimetria de Paulinho da Força, se o Senado também aprovar o projeto.

E a candidatura à presidência de Flávio Bolsonaro, descartada domingo pelo próprio em troca da negociação que alçasse Tarcísio de Freitas ao cargo e anistiasse seu pai, já havia sido reconsiderada antes da votação, para desgosto do Centrão.

A reação inicial ao anúncio por Flávio de sua própria candidatura não podia ser pior. A bolsa despencou, o dólar escalou e até o PT preferiu desconsiderá-la e manter Tarcísio de Freitas como o nome da disputa presidencial. E o filho 01 ficou 15 pontos atrás de Lula em pesquisa do Datafolha.

Já para Paulinho da Força, autor do projeto da dosimetria, o ex-presidente ficaria em regime fechado apenas por dois anos e quatro meses – com a junção de dois crimes -, ao contrário dos dos cerca de sete anos atuais. Os demais condenados do 8 de janeiro também teriam redução de penas, assim como os generais de estimação de Bolsonaro.

Se, além de a Câmara aprovar a dosimetria, também cassar Dudu Bananinha por faltas e cassar o mandato de Glauber Braga, parem o filme. A vontade é sair correndo do Brasil... 

Como se não bastasse, apesar de Flávio dizer que o pai estava bem ontem, a defesa pediu seu deslocamento a um hospital para uma cirurgia, e depois, passar à prisão domiciliar...