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Mostrando postagens de setembro, 2022

Pelo INCRA Aquilombado

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  “Eu fui num quilombo, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais.” A frase racista do Presidente, pela qual ele nunca foi penalizado, não é nada em relação ao que acontece. Cansados do desmonte das políticas em defesa das comunidades quilombolas, servidores do INCRA acabam de divulgar uma carta pública de repúdio ao atual e nefasto Governo. Tudo começou pela transferência do INCRA para o Ministério da Agricultura, quando as políticas de proteção aos quilombos foram entregues de bandeja ao ‘inimigo’. Leia-se, os ruralistas. Desde 1988, a política quilombola tem atuado para reparar injustiças a que tem sido submetidas essas comunidades desde a colonização, que manteve o mais duradouro regime escravocrata do planeta e jamais ressarciu os negros do prejuízo tomado dos senhores de escravos. “ A regularização fundiária executada pelo INCRA opera em uma lógica diversa a de políticas baseadas na propriedade e pos

A volta de Barbosa Cid

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  A três dias das eleições surge mais uma denúncia que envolve o mandatário. Os indícios estavam na troca de mensagens no telefone do principal ajudante de ordens do Presidente, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid. Para quem não se lembra, trata-se da mesma pessoa que organizou a fatídica reunião de embaixadores, onde o capitão denegriu nosso sistema eleitoral. Cid também foi indiciado no inquérito de vazamento de informações sigilosas do TSE pelo Presidente, sobre a atuação de um  hacker  no TSE em agosto de 2021. Foi a sua primeira quebra de sigilo bancário. O fato novo foi encontrado pela PF no mesmo inquérito, que indica movimentações financeiras para pagar contas pessoais do clã presidencial e de pessoas próximas à Primeira-dama. Conforme a  Folha , áudios e fotos trocados por Barbosa Cid podem indicar a existência de depósitos fracionados e saques – como os das ‘rachadinhas’ – em dinheiro vivo (como se sabe, uma das especialidades do clã). O tipo da movimentação e

A praga dos cem anos de sigilo

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  Quem não deve não teme, certo? Não parece ser o caso do atual Governo, que acumula situações de imposição de sigilo de 100 anos. A mais recente censura – sim, na prática trata-se de censura – foram as visitas à Primeira-dama no Alvorada. Entre 2019 e 2021, 65 questões que deveriam ser públicas foram alvo do centenário sigilo, segundo o Estadão. Nesse misterioso pacote estão a carteira de vacinação presidencial, bem como os telegramas do Itamaraty sobre a prisão de Ronaldinho Gaúcho no Paraguai. Para que censuras assim ocorressem, foram rejeitados pelo Governo pedidos feitos pela Lei de Acesso à Informação (LAI), termômetro do grau de democracia existente no país. “É o governo da opacidade generalizada”, definiu Maruna Atoji, gerente de projetos da Transparência Brasil. ”São coisas que o governo não gostaria de mostrar”, acrescenta. O escândalo de corrupção no MEC, que envolveu o ex-ministro Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura (foto), entrou nesse rol  a

Plantio de Ciro Nogueira... no Piauí

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  Não foi a toa que Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, tirou férias a dias das eleições e se mandou para o seu Piauí. Acabou que ele teve de voltar atrás de seu comportamento de rato que abandona o navio prestes a afundar. Pegou mal. Rato esse campeão no quesito golpes sujos. O interesse mais que se justifica. É em terras piauienses que floresce sua plantação feita à base de orçamento secreto, traduzida no devido retorno em apoio e votos. A Parnaíba, por exemplo, recebeu  R$ 81,8 milhões desde 2020. Mesmo que não tenha sido tudo pago até agora, o empenho garante o destino final à cidade. Mão Santa, o prefeito bolsonarista, torrou a bufunfa até com um monumento erguido em homenagem à visita do mandatário, em cuja placa se lê: "Líder ungido por Deus (...) que livrou o Brasil do comunismo e da corrupção".  Gracinha Mão Santa, filha do alcaide, tem potencial para eleger sete deputados estaduais pelo PP no Piauí. Ela foi nomeada para três

O fascismo troll

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  Dez mandamentos do fascismo troll : 1 – Simular um poder maior do que aquele que você realmente tem; 2 – Falar apenas a linguagem do seu próprio público; 3 – Não jogar no terreno em que seu adversário tenha vantagem, obrigando-o, ao contrário, a jogar no seu, onde ele não tem familiaridade; 4) Ridicularizar o adversário, porque é quase impossível contra-atacar o ridículo; 5) Desenvolver táticas compreensíveis para seus companheiros; 6) Manter pressão constante, com táticas e ações diferentes, e utilizando tudo que acontecer para alcançar seu propósito; 7) Espalhar boatos catastrofistas para manter o adversário acossado pelo medo; 8) Pressioná-lo sem trégua, de modo firme e consistente; 9) Jamais reconhecer seu erro ou fraqueza quando sofrer um revés, respondendo sempre com violência verbal e desmentindo o fracasso; 10) Polarizar o tempo inteiro, sem se preocupar com discussões racionais em termos de argumentos. A técnica – que se mostrou mais que eficiente nas e

O candidato das milícias

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Não são apenas as relações promíscuas do Presidente e de sua família com Fabrício de Queiroz e Adriano Nóbrega (foto) – ambos eram amigos, o primeiro teria sido operador das ‘rachadinhas’ no gabinete de Flávio e o segundo foi condecorado pelo primogênito quando estava na cadeia. Sobre ligações da milícia com a sua eleição em 2018, o capitão – que tem o hábito de atribuir a terceiros as suas barbaridades – reagiu: “Pega minhas votações no Rio e vê se tem alguma concentração em milícia?” Pois bem, o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos e da UFRJ, em produção do Labcidade FAUUSP, resolveu checar a informação. Os resultados, claro, só fizeram confirmar o que já se sabia: a preferência dos milicianos pelo capitão. Foi mapeada a votação do Presidente em 2018, que aparece em extensas áreas na Taquara, Campo Grande, Santa Cruz e municípios vizinhos à capital, como Itaguaí. Os endereços dos locais de votação do Tribunal Regional Eleitoral Fluminense, além de dados dos boletins de urna

Aparelhamento causa guerra

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  Se você ainda não entendeu o que significa aparelhar uma instituição de Estado, basta acompanhar o que acontece na PF. O delegado Bruno Calandrini, responsável pela prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, em 22 de junho, vai interrogar os colegas Rodrigo Piovesano Bartolamei e Caio Rodrigo Pellim na próxima quarta-feira 28. Ambos serão defendidos pela AGU (por quê?) Assunto: Suspeita de interferência na investigação que culminou na prisão de Ribeiro, solto no dia seguinte.  Ou seja, a PF está em guerra interna. De um lado, os aparelhados, do outro, o resto. A suspeita de interferência se deu por causa da ligação de Ribeiro à filha, interceptada pela polícia, dizendo que o Presidente tivera um ‘pressentimento’ de que algo ocorreria contra ele. E também pelo preso ter ficado em SP, e não seguido para Brasília, conforme a decisão judicial. A suposta interferência do capitão levou o caso ao STF, sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia. Como se sabe, a PF é subordina

A dança das cadeiras

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  A nove dias das eleições já começamos a ver comportamentos de ‘fato consumado’. Ciro Nogueira, o ás das campanhas sórdidas, foi para o Piauí cuidar da própria candidatura.  Arthur Lira dá acesso a deputados à resposta 'sigilosa' sobre mensagens do celular do ex-presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, capazes de incriminar o mandatário, conforme o colunista Laura Jardim.  Expoentes do Centrão encontram-se com emissários de Lula. O mesmo ocorre com embaixadores. Isso sem falar na elite da burocracia estatal. Aparentemente, o capitão já era. Apesar de seus esforços hercúleos em provar o contrário. Outro horizonte promissor é o do orçamento secreto, considerado o verdadeiro golpe por analistas políticos. São R$ 16,5 bilhões liberados aos caciques. Transparência zero. Foi a maracutaia inventada pelo Presidente e endossada pelo general Luiz Eduardo Ramos para garantir o apoio parlamentar. Cheque em branco repassado a Lira (R$ 11 bilhões) e Rodrigo Pacheco (R$ 5 bilhõe

A praga do populismo reacionário

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  Quando começou o atual Governo, em 2019, muita gente, como eu, ficou sem entender nada. O cientista político Christian Lynch (foto) ajuda a clarear esse horizonte em seu recém lançado “O populismo reacionário” (Contracorrente). Embora o reacionarismo sempre existisse residualmente na política brasileira, sua atual e inédita proeminência deve-se aos filhos e ao próprio Presidente.  “Ao invés de reformar a democracia liberal, o que se deseja é erodir suas bases ideológicas de sustentação para instaurar, pelos escombros, um regime autoritário”, defende o autor. O que começa a se concretizar a partir do segundo mandato. O ideal do reacionário é o de voltar ao passado. Nos EUA, a época mítica foi a de meio século antes da Guerra Civil, quando os donos do poder eram proprietários de terras e de escravos do sul. Brancos e protestantes. Aqui, os reacionários inspiram-se na ditadura militar (1964-1985) ou no período monárquico sob lentes medievais, e na sociedade do século XVII, comanda

Corrupção de última geração

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  Apesar de o ter vetado inicialmente, o orçamento secreto é uma criação do mandatário. Sua exposição de motivos foi endossada pelo general Ramos, assinada pelo próprio e encaminhada ao Parlamento. Segundo o TCU, viola as leis Complementar 141 e de Responsabilidade Fiscal. Deve ter sido daquelas ideias luminosas, inicialmente freada por transferir poder demais ao Congresso. Porém, uma grande sacada para garantir o apoio dos parlamentares ao Governo. De deixar o mensalão no chinelo... Distribui recursos à Saúde, o que vai contra os artigos constitucionais 195 e 198. O dinheiro do SUS deve respeitar critérios dos artigos 17 e 30 da Lei Complementar 141. “O orçamento secreto produz gastos de má qualidade e propicia a pulverização de corrupções miúdas de difícil fiscalização”. Após chamar o orçamento de "o golpe" na semana passada, o colunista Carlos Andreazza pôs ontem os pingos nos is. Aponta que a mais perigosa doença do orçamento secreto é o caráter autoritário, decidid

Mico e golpismo de perdedor

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  Além do mico de bater nas costas do rei Charles III com um sorriso escancarado – a regra de não tocar um soberano foi ignorada pelo mandatário -, e do comício que invadiu o luto dos britânicos, o capitão afirmou que haveria algo de errado com o TSE se não vencesse em primeiro turno. Um inédito golpismo para a primeira etapa eleitoral. Isso não chega a surpreender para alguém que mente um dia sim e outro também, em afirmação tão cara de pau diante das previsões dos mais sérios institutos de pesquisa. Como se viu, no último levantamento do Datafolha o Presidente caiu para 33%, enquanto Lula manteve os 45%. Na pesquisa de ontem do Ipec, Lula subiu para 47%, enquanto o mandatário permaneceu com 31%. Ou seja, se tiver segundo turno, seria mérito de Ciro Gomes e Simone Tebet, com 7% e 5% respectivamente. A chance de vitória de Lula no primeiro turno é real. Para piorar, o apoio de Henrique Meireles ao líder petista sugere harmonia entre a política fiscal e monetária de Lula. Mesm

À mercê da Teologia do Domínio

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  Quando ouvimos a Primeira-dama falar em guerra do bem contra o mal, dos demônios que povoaram o Planalto, ela adequa o seu ‘crentês’ à Teologia do Domínio, ou reconstrucionismo, que também impregna os evangélicos neopentecostais seguidores de Donald Trump. A estratégia nasceu do pastor presbiteriano Rousas John Rushdoony (1916-2001), que pregava uma educação cristã formadora de líderes em áreas estratégicas da sociedade.  Suas ideias foram incorporadas pelo Partido Republicano nos anos 1970, em discurso nacionalista e ultraconservador. O objetivo é reconquistar os Sete Montes: Família (papai, mamães e filhos), Religião (evangélica), Educação (não laica), Mídia (ligada a esses valores), Lazer, que siga os ideais religiosos, Negócios (por fieis para financiar a estratégia) e Governo, que se identifique e adote tais propósitos. Em meio à baixa popularidade do Presidente identificada nas pesquisas, como se tem visto, Michelle – legítima evangélica - foi alçada a garota propaganda p

A volta do sapo barbudo

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  Era novembro de 1989. Brizola ficara de fora do segundo turno por 16,04% contra os 16,69% de Lula. Hesitava em tomar partido contra Fernando Collor. Afinal, convocou uma reunião de sua militância no Riocentro, onde cunhou a famosa frase: “Vamos ter de aturar o sapo barbudo”. Ou seja, aderiu àquele que tinha eliminado sua última chance de se tornar presidente, sonho acalentado por toda a sua vida. Em 2018 votei em Ciro, porém, não há hipótese de repetir o voto. A prioridade é afastar o capitão da cena política. Questão primordial de vida ou morte à democracia. Na sexta-feira, em conversa com um amigo querido – que não vai votar em Lula nem no capitão -, ele falou da reação de um integrante do grupo de WhatsApp do Colégio Santo Inácio - tradicional centro de ensino do Rio - , também dividido: “Eu poria um tanque nas ruas para evitar que Lula assumisse a presidência”. Arrepiante. Simplesmente o segundo turno pode descambar em guerra civil. Por que eles estão armados. Conforme o jo

Tiro n'água

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  Imagino o tipo de recepção que o mandatário verá amanhã quando desembarcar em Londres para o funeral da rainha Elizabeth. A introdução, mencionada aqui, foi o editorial do The Guardian . A essas alturas, os britânicos já terão assistido à série “ The boys from Brazil, the rise of the Bolsonaros ”. Assinado pela BBC, o primeiro de três episódios começa com a escuridão que tomou conta da cidade de São Paulo em 19 de agosto de 2019. Apesar da distância - 2.500 km -, a capital estava sob o efeito das queimadas que ardiam a Amazônia. Como reportagem de qualidade, os dois lados foram ouvidos: parlamentares, familiares e o próprio Presidente – “o interesse na Amazônia não é no índio ou na p...da árvore, mas no minério”. Do outro lado, jornalistas, estudiosos e adversários. Não é difícil avaliar o quanto esse balanço final desfavorece o mandatário. Detalhes de sua trajetória política, como o achincalhe à deputada Maria do Rosário, foram esmiuçados. Assim como a total descrença em sua v

Reflexos do mal

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  Pesquisadores já demonstraram como a adesão dos brasileiros ao que o Presidente tem de pior – machismo, misoginia, racismo, ignorância por exemplo - é o reflexo de um espelho. O mais recente exemplo foi o ataque do deputado bolsonarista Douglas Garcia à jornalista Vera Magalhães, que referiu-se a ela com a mesma frase do Presidente: “Vergonha do jornalismo nacional”. Embora o filho Eduardo tenha reagido contra – sem convencer uma mosca, graças a seu histórico -, o pai calou-se. Por motivos óbvios. O episódio de recusa da cesta básica a Ilza Ramos Rodrigues pelo empresário Cássio Cenali reúne o oportunismo (ele recebeu Auxílio Brasil) à crueldade de negar alimento a uma apoiadora faminta de Lula. Voz do espírito bolsonarista de se dar bem a qualquer preço, versão atualizada da Lei de Gerson. Isso para não falar de casos mais graves, como os assassinatos dos petistas Marcelo Arruda e Benedito Cardoso dos Santos por bolsonaristas, sem que o mandatário esboce qualquer reação para que cas