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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Tolerância X intolerância

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Enquanto o presidente Bolsonaro convoca a população para um ato contra um dos três poderes que sustentam a democracia – mesma iniciativa já tomada por Maduro, na Venezuela -, um sopro de oxigênio revigora os Direitos Humanos: a inauguração da Casa Marielle neste domingo, 1º de março, a partir das 15h, no Largo São Francisco da Prainha 58, Centro. E o melhor, com blocos de carnaval, shows e muita alegria para celebrar essa incrível ativista. A iniciativa é dos familiares da vereadora do PSOL assassinada em 14 de março – por triste coincidência, véspera da malfadada manifestação – com o motorista Anderson Gomes, sem que dois anos depois se saiba quem foi o mandante do bárbaro crime. “Por aqui vamos te enviar oportunidades de agir em defesa da memória e do legado da Mari, e formas de lutar por justiça e regar suas sementes”, antecipa Marinete da Silva, mãe de Marielle. A Casa Marielle Franco visa  buscar justiça  sobre o caso,  defender a memória  da vereadora,  multiplicar seu

Coringa deve estar gargalhando

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Atenção: o 15 de março se aproxima e o maior ataque de Bolsonaro à democracia tem tudo para reativar a perversa atuação de sua milícia virtual. Essa tática, ainda sob estudos na academia, deve estar de prontidão para levar uma equivocada multidão às ruas, acreditando piamente estar lutando pelos seus interesses, quando, na verdade, será uma gigantesca massa de manobra das técnicas da ciberguerra travada desde a eleição de Trump, turbinada pela empresa russa IRA, uma das muitas que se multiplicam nesse tipo de confronto online no cenário internacional. O alerta sobre esse método está na publicação de número 76 do Canal do Slow, entre outras também esclarecedoras exibida no Youtube, onde um especialista analisa o exponencial crescimento da candidatura de Bolsonaro e esclarece bastidores dessa batalha com enorme potencial de detonar a democracia que, neste ritmo, pode se tornar peça de museu por aqui. Tudo a partir da manipulação da opinião pública, do ataque às reputações e da vi

Luz sobre as sombras

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Nesses tempos de radicalismo galopante as palavras de Pedro Dória, jornalista, escritor e editor da nova newsletter Meio, são um bálsamo. Após assistir aos sucessivos absurdos protagonizados por Bolsonaro – morte de indígenas, misogenia, perseguição a jornalistas e   a todos os que pensam diferente -, Dória dá uma aula ao divulgar  o Meio – nome que   sugere equilíbrio, tendência ao Centro inexistente no atual cenário e, para uma simpatizante do budismo, como eu, a busca de um caminho intermediário, que não conduza aos extremos. Ou, quem sabe, simplesmente, meio e mensagem. Ao discorrer sobre as democracias liberal e republicana em vigor no país, é como se Dória trouxesse luz ao comportamento errático do presidente. A primeira tem como base o direito de cada um dizer o que pensa, à garantia da integridade do corpo e de dispor dele ao seu próprio gosto. Na segunda, a Constituição está acima dos governantes; o povo elege representantes que fazem as leis e o governante tem de se s

Rir pra não chorar

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Acima, tênis Asics do marido pós conserto, abaixo, antes do remendo Voltei do fim de semana chuvoso em Visconde de Mauá com uma ideia na cabeça, nesses tempos de desemprego galopante, ainda mais para uma jornalista que já passou dos 60, como eu. No meu último post, descrevi a evolução tecnológica que vivo desde 1980, quando passei do tênis Adidas para o New Balance, deste para o Nike e cheguei  à beira da perfeição, com  o Asics. Já estou no terceiro Asics e com todos ocorre o mesmo fenômeno: embora o solado permaneça intacto, surge um buraco na altura do dedão do pé, seja do lado esquerdo ou do direito. Nunca nos dois simultaneamente. Cheguei à conclusão de que se trata de um flagrante caso de obsolescência programada, esse macete das indústrias para encurtar a vida útil do seu produto e, assim, revender num espaço mais curto de tempo. Foi assim com meu primeiro Asics, com o segundo e, quando chegou ao terceiro – presente de aniversário da minha filha caçula – exp

Antídoto à obsolescência

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Pinto no lixo nas Paineiras, 40 anos depois Em 1980, quando comecei a transformar a Estrada das Paineiras no quintal das minhas corridas que passavam a ser diárias, usava uma sandália de plástico azul. No dia em que botei um tênis Adidas (nacional) nos pés saltei dos 4 km para 8 km. Na própria pele, constatava a importância da tecnologia para a prática do jogging . Apesar da eterna preocupação  em economizar da jornalista então no começo de carreira, evoluí para o New Balance e para o Nike. Me lembro a sensação indescritível que foi entrar  há mais de 35 anos  numa loja da Nike, em Nova York, e sair dali com dois tênis que me conduziram aos céus. Doze anos depois, troquei a corrida pela caminhada e me mantive fiel aos tênis de qualidade, quando minhas filhas me sugeriram experimentar o Asics. Outro salto de qualidade, já na faixa dos 50, quando aos poucos retomei as corridas, turbinada pela confiança proporcionada pela musculação.  Um dia encontrei casualmente em uma banca

Ranking dos políticos

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Esse ano teremos novas eleições, direito tão duramente conquistado após 20 anos consecutivos de ditadura militar. A democracia, com todos os seus defeitos, é o melhor sistema de governo, porque ainda não se descobriu outro melhor. E entre seus ‘defeitos’ estão a falta de investimentos na Educação que, entre outras coisas, não prepara a população para eleger os melhores candidatos e a deixa suscetível a fatores nefastos como o aumento do poder de influência das igrejas evangélicas – única possível explicação para uma reeleição de Crivella, por exemplo. Sabe-se que um cidadão produtivo fica com apenas 23% do resultado aferido com seu trabalho duro, os outros 77% vão para as mãos dos governantes, que continuam a dar os piores destinos para essa montanha de dinheiro, com roubo, malversação, preguiça e ignorância. E a única forma de mudar essa nefasta equação é eleger políticos honestos e eficazes que, embora possam ser uma minoria, existem! E serão capazes de gerir esses recursos de

Tardia reparação

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Uma das coisas que mais me impressionou quando li o primeiro volume de “Escravidão”, de Laurentino Gomes, foi me dar conta de que o tráfico de escravos – além da sordidez inerente àquele tipo de comércio – foi a grande commoditie do século 16 ao 19. Dos comerciantes da próspera Veneza aos banqueiros europeus, todos se locupletaram com o tráfico negreiro. Agora, para minha agradável surpresa, começam a apontar no horizonte os resultados do Comitê Suíço de Reparação da Escravatura (SCORES), criado no fim de 2019. Embora não seja uma posição oficial do governo, que não reconhece o país como uma potência colonial, o historiador Hans Fässler, líder do grupo, defende que empresas, cidades, mercenários e banqueiros tiraram grande proveito do esquema. O trabalho do grupo focou, inicialmente, no tráfico de pessoas para o Caribe, com o objetivo de retribuir com pagamentos o benefício obtido pelo trabalho escravo nas ex-colônias, do qual, estima-se que a Suíça participaria com entre 4% a 5

Não passarão!

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A jornalista Patrícia Campos Mello Damares, símbolo das trevas e do retrocesso Uma estranha conexão misógina une a Paris da Belle Époque ao Brasil de 2020. Enquanto a menina kanak, da Nova Caledônia, sul do pacífico, briga para libertar garotas sequestradas pelos Mestres do Mal, na Paris de 1920, cujo objetivo era reverter o protagonismo que as mulheres começavam a conquistar na sociedade, a jornalista brasileira Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo – a   mesma que denunciou nas últimas eleições o esquema de divulgação de fake news em massa pelos apoiadores de Jair Bolsonaro – volta a ser, ela mesma,   alvo de misoginia, sexismo e disparo de notícias falsas em sua recente participação na CPMI de Fake News, na Câmara. E, como se isso não bastasse, o próprio Bolsonaro ainda insinuou que Patrícia, uma das jornalistas mais respeitadas do país, teria trabalhado em troca de favores sexuais. Enquanto as jovens sequestradas pelos Mestres do Mal eram subjugadas e hum

"Com quem ficaria o processo?"

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A quase dois anos de completar o assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, ainda não se sabe quem foi o mandante do crime. Volta-se a falar na federalização das investigações, já criticada pela família da vereadora assassinada. Rumos   que continuam incertos, principalmente depois que o delegado Giniton Lages - logo após a prisão de Ronnie Lessa, em março de 2019, que teria sido o autor dos disparos – foi ‘presenteado’ com um intercâmbio na Itália. Após a morte do ex-Bope, Adriano Nóbrega,   Marinete Silva, mãe de Marielle, recuperando-se de uma cirurgia de catarata, falou com exclusividade ao sairdainercia.blogspot.com, manteve a posição anterior da família e não se arriscou a apontar um possível mandante da morte de sua filha. “Em relação à federalização a gente acredita que não é bom, o posicionamento da família sempre foi contra, porque não se sabe para onde iria esse processo, com quem vai ficar. Esperamos que continue aqui no Rio

Verona é aqui!

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Goiabinha choca seus ovos sob o olhar atento do papai Romeu A novela dos cisnes do Parque Guinle prossegue, com ingredientes cada vez mais shakespereanos. Goiabinha, primogênita do casal Romeu e Julieta, doado ao parque em 2015 pela aeromoça aposentada Cláudia Lustosa, está chocando 3 de seus cinco ovos. Dois foram roubados, assim como um dos primeiros três ovos chocados por sua mãe. Os cisnes filhotes devem vir ao mundo no próximo mês. A história do casal já começa com um drama: além do roubo de um ovo em sua primeira cria, Julieta, ainda marinheira de primeira viagem, confeccionou seu ninho com gravetos por demais avantajados e, sem querer, acabou por pisotear um filhote, que não resistiu. Goiabinha foi a única que vingou. Apesar desta escriba achar que a fonte de inspiração no batismo do casal foi o mais famoso romance de Shakespeare, os nomes nasceram, porém, da dobradinha goiabada com queijo. Daí o Goiabinha da primogênita e dos doces que vieram depois. Julieta teve

Brotando das cinzas

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Não sei por que, sempre achei que elas se chamassem Oitis. Ornam o canal da Avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon - com seus troncos imensos, raízes que se entrelaçam ao caule, generosas copas com folhas miúdas para suas dimensões -, também o acesso ao Mirante Excelsior, na Floresta da Tijuca, atualmente interditado, e ainda o Largo do Machado. Têm aspecto centenário. Ano passado, durante reportagem para o Jornal do Brasil acompanhada do arquiteto e urbanista José Guimarães – do Grupo Reflorestamento U rbano  –, constatei meu equívoco: as árvores são, na realidade,  Ficus religiosa.  Considerada sagrada pelos budistas, foi sob uma delas que o Buda se iluminou, no Stupa Animeshlocha (Santuário da Vigília), a 96 km de Patna, estado de Bihar, Leste da Índia. Após 49 dias e noites em meditação, o jovem Siddhartha atingiu a iluminação e se tornou um Buda. Consta que ele passou a primeira etapa sob a árvore. Na segunda, permaneceu de pé, contemplando a figueira. Depois, caminhou

Golpe em suaves prestações

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O primeiro baque veio no dia seguinte do golpe que sofri em 15 de dezembro: R$ 2,5 mil surrupiados da minha conta, por débito. Cancelei o cartão quase duas horas depois de perceber que levara o golpe, porém, o estrago já estava feito. Dia seguinte, quando fui à minha agência, recebi a assustadora notícia da gerente de que talvez o banco não estornasse o valor. E ainda alertou que o dano podia ser maior, pelo crédito. Entrei em contato com o meu gerente pessoal e ele não detectou nada além do prejuízo inicial. Pouco depois recebi um e-mail do banco me tranquilizando: o valor seria devolvido em dois dias úteis. Não foi. Passei o Natal e reveillon relativamente pacificada até que, em 6 de janeiro, recebi uma ligação do banco dizendo que a dívida feita pelo estelionatário, de R 793,00, na Sumup – revendedora de maquininhas para cartão de crédito – e de R$ 1.166,68 na loja Granito Beijo Doce – de material de construção -, cada uma dessas em três etapas, que a dívida – que não contra

Point do verão

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Sei que corro riscos ao entregar esse ouro e voltar a atrair multidões... Assim como - i nfelizmente –  vivemos o verão da geosmina, o grande point da cidade na estação mais quente é...a Estrada das Paineiras! E o que a faz tão especial? Para começar, sempre foi a grande pedida de manhã cedo ou na volta da praia, para tirar a água de sal com deliciosas duchas geladinhas distribuídas a longo dos 4,2 km interditados ao trânsito nos finais de semana. O grande diferencial desse ano é que ela ficou...deserta! Isso porque está fechada desde setembro, por conta das fortes chuvas que provocaram vários deslizamentos. E como tudo por aqui é uma grande esculhambação, apesar do recorde de visitação anunciado pelo Parque Nacional da Tijuca – por onde passa a tal estrada que, na realidade se chama do Redentor em seus 8 km que ligam a real Estrada das Paineiras ao Alto da Boa Vista – a estrada permanece interditada, cinco meses depois.  Se atravessar de carro pode não ser recomendável, o mesmo

A inteligência das árvores

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Além de fazer bem à alma, aos pulmões e ao Planeta, a visão de uma floresta é algo que acalma a mente e promete um futuro melhor. O que muito pouca gente sabe, porém, é que as árvores também são inteligentes e capazes de conversar entre si. Esse ‘bate papo’ se dá através de uma rede de fungos e longos filamentos que conectam cerca de 90% das plantas existentes na Terra. As árvores não apenas trocam informações, como são capazes de compartilhar nutrientes e repassar recursos restantes a outras plantas. E ainda estabelecer uma comunicação sobre perigos, a exemplo de ameaças de infestação de insetos. Essa incrível descoberta é explicada em vídeo da BBC News, conforme mensagem que recebi do meu amigo Valdo. Trata-se de uma relação milenar e, em grande parte, ocorre via mutualismo, um subconjunto de simbioses que beneficiam os organismos através de associações. Ou seja, o que muitas vezes está em falta na humanidade ocorre entre as árvores: a ajuda através de uma corrente invisíve

Alguma coisa está fora de ordem

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Essa semana recebi um e-mail informando que o Parque Nacional da Tijuca foi o mais visitado do país em 2019. Em relação a 2018, o crescimento foi de 202.236, com 2.959.444 turistas concentrados no Corcovado, atraídos pelo Cristo Redentor; Vista Chinesa e Setor Floresta - setores que integram a maior floresta urbana do mundo, no parque de 33 km²  criado  em 1961  no Maciço da Tijuca.  O que teria turbinado esse crescimento foi a alta do dólar, que atraiu os gringos como abelhas ao mel. Alguma coisa, porém, está fora de ordem. Desde as chuvas de setembro, estão interditadas ao trânsito a Estrada das Paineiras – acesso ao Cristo para quem vem da Zona Norte -, a Estrada do Sumaré – outro acesso ao Cristo da Zona Norte ou de Santa Teresa e a Estrada Dona Castorina, que liga o Jardim Botânico, portanto a Zona Sul, à Vista Chinesa. Ou seja, alguns dos principais acessos a esses tão cobiçados pontos turísticos foram fechados por conta das fortes chuvas que voltam, inclementes, neste mê

Gato por lebre

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Ontem fui resolver coisas no Centro e resolvi entrar na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, centro nervoso da então capital durante o império, na Praça 15. Em 2007, quando saí da IstoÉ, onde trabalhei por 11 anos, ansiava em acompanhar a conclusão da reforma do templo, de setembro de 2006 a 8 de março de 2008, a tempo de comemorar os 200 anos da chegada da corte portuguesa ao Brasil. Além da restauração, havia a promessa de um show de Luz e Iluminação – assim como o do Museu Imperial de Petrópolis. O espetáculo “De tudo fica um pouco” contaria a história do templo com pompa e circunstância e ajudou a empurrar o valor da obra a R$ 11,5 milhões. A igreja continua relativamente bem conservada. E o espetáculo? O gato comeu! Estranhei ao chegar à secretaria e ser informada de que todos os folhetos relativos à restauração foram encaminhados à Biblioteca Nacional. Hoje de manhã telefonei para o número de contato sobre o espetáculo e ouvi: “Não existe mais”. “Há quanto tempo?