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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

Viúva resgata obra de Bruno Pereira

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  Desde a morte brutal de Bruno Pereira (foto acima) e Dom Phillips no Vale do Javari, em 5 de junho de 2022, é a primeira vez que a viúva e antropóloga Beatriz Matos (foto abaixo) volta ao local onde se apaixonou pela floresta e pelo pai de seus dois filhos de 3 e 4 anos, com nomes indígenas. Junto a representantes do governo e à viúva de Dom, Alessandra Sampaio. A área reúne uma das maiores concentrações de povos isolados do Planeta. Dessa vez, já como diretora do Departamento de Proteção Territorial e de Povos Isolados e de Recente Contato, cargo semelhante ao ocupado por Bruno na Funai. Ela falou ontem ao site Sumaúma, no dia de sua viagem à região. Ainda não sabia como lidaria com as sensações, porém, sentia-se cheia de   “animação e esperança”. Sabe que se o marido vivesse o cargo seria dele. “Penso então que é uma forma de manter Bruno vivo.”  Melhor do que ninguém, Beatriz tem consciência de que o Vale do Javari – na fronteira com o Peru e a Colômbia – foi entregue ao crime

Raposa cuidando do galinheiro

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Era o dia 14 de outubro de 2020, quando a PF apreendeu cerca de R$ 18 mil na cueca de Chico Rodrigues (agora PSB-RR). No cofre, mais R$ 10 mil e US$ 6 mil.  Seria a féria do superfaturamento comandado por ele na Secretaria de Saúde de Roraima. Foi afastado e voltou, como se nada tivesse acontecido. Pois não foi esse o senador escolhido para comandar a Comissão Temporária criada no Senado para acompanhar a situação dos povos Yanomami?  Essa flor de pessoa baixou na reserva na segunda-feira de carnaval de helicóptero da FAB, chapéu camuflado, com um assessor, militares e sem nenhum integrante da comissão. Segundo sua assessoria, o objetivo da visita era fazer uma pré-avaliação da situação do povo Yanomami, para depois apresentá-la aos demais membros da comissão. Como assim? Foi estranho não apenas escolher o carnaval para fazer a incursão, de chapéu camuflado ainda por cima. E sem comunicar nada a seus pares. "Ele chegou no posto por volta de 12h30, de helicóptero. Dissemos a ele qu

Lula escapa de tiro no dia da posse

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  Me lembro da minha aflição quando Lula se decidiu por desfilar em carro aberto na posse. Dada as ameaças e assassinatos – como o do petista Marcelo Arruda em sua festa de 50 anos –, era inevitável lembrar de John Kennedy. Foi um alívio constatar que o presidente não apenas desfilou no Rolls Royce com o vice, Geraldo Alkmin, e suas respectivas mulheres, fez a memorável subida de rampa entre todos os tipos de brasileiros e chegou vivo do outro lado. Pois bem, segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino, a PF encontrou na última sexta-feira uma troca de mensagens que sugere um plano para assassinar Lula em 1º de janeiro. E adivinhem de quem era o plano? De Alan Diego dos Santos Rodrigues, o mesmo bolsonarista que tentou explodir uma bomba no aeroporto, em Brasília, na véspera do Natal e  confessou o crime após ser detido. “Esse cidadão que está preso, da bomba, do aeroporto, no dia 24 (de dezembro), estava fazendo treino e obtendo instruções de como dar um tiro de fuzil de long

Cai a farsa de Pazuello

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  Parece até brincadeira de crianças... ,  Pelo Estatuto Militar, um general da ativa não pode participar de atos políticos. Ponto. Com a quebra do sigilo de 100 anos, ficamos sabendo que o então comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, foi comunicado previamente da participação de Pazuello, por telefonema do próprio, de ato pró Bolsonaro. Parecia que seria a gota d’água para o início da queda do então presidente. Só que este criou uma situação de encontro compulsório com Nogueira. Resultado: Pazuello, já ex-ministro da Saúde, passou ileso de sua transgressão. Seu argumento era de que aquela motociata, em maio de 2021, no Rio, não era um ato político. Então tá. De lá pra cá, a mudança mais forte foi a ascensão de Nogueira e ministro da Defesa. E sua transformação em bolsonarista de carteirinha quando, antes, ele havia peitado o presidente, mostrando que no Exército havia menos Covid pelas proteções adotadas. Contrárias ao que pregava Bolsonaro. A transgressão de Pazuello

Generais serão investigados

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  As celas estão cheias de golpistas. São 1.398 presos, 835 denunciados pela PGR, 645 ‘incitadores’. Nenhum militar. Essa festa, segundo a IstoÉ, acabará em breve, quando será apurada a participação de generais próximos ao capitão. Entre eles, destaca-se Augusto Heleno, ex-ajudante de ordens do general Sylvio Frota, articulador de um golpe da linha dura contra o ex-presidente Ernesto Geisel. Agora, foram roubadas armas e munições do GSI – comandado por Heleno -, cujos militares teriam facilitado a fuga dos vândalos. Especialistas admitem seu protagonismo na autoria do 8 de janeiro, por conivência e falhas propositais. O problema é provar. Heleno já conspirava há meses. Ele teria usado o cabedal técnico do GSI e influenciado as Forças Armadas para evitar a posse de Lula. E, na invasão do Congresso, o órgão que comandava facilitou o acesso da turba ao Planalto.         “Foi uma tentativa de golpe, que não se consumou porque faltou maioria no Exército”, justifica uma fonte da re

Vade retro

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  Sabemos que um dos principais instrumentos para a extrema-direita afiar suas garras foi a habilidade no manejo das redes sociais. Com o empurrãozinho de Steve Bannon e da Cambridge Analytica. Quem deitou e rolou no método foi Bolsonaro, como analisa o pesquisador e realizador audiovisual, Miguel Antunes Ramos, na Piauí. ”Como um feitiço, ou uma armadilha, enfrentamos a produção deliberada de um estado de afasia coletiva, que imobilizava um país que afundava a olhos vistos”, descreve. Como explicar que, apesar de metade do Brasil não apoiar e nem ter votado em Bolsonaro, a sensação desde sua eleição em 2018 era de domínio total dos espaços de comunicação? Ramos cita o slogan usado na campanha em 2018: “É melhor Jair se acostumando”, que coloca a vitória como inevitável. “Eles instauram na linguagem a realidade que queriam produzir. Depois, restaria ao real apenas copiar a imagem.”  E foi a partir de janeiro de 2018 que as redes sociais do então candidato passaram a ser tomadas

Digitais militares no 8 de janeiro

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  Para os ministros do STF, já há provas suficientes sobre crimes cometidos por militares, de várias patentes, no 8 de janeiro, segundo o colunista Guilherme Amado. A começar pela proibição da PM do DF de desmontar o acampamento golpista. Militares de patentes mais altas teriam permitido a transformação daquele espaço em célula terrorista. Ali foram planejados e partiram os ataques ao Congresso naquele domingo. Os generais Gustavo Dutra de Menezes, do Comando Militar do Planalto, e Júlio Arruda, do Comando do Exército, negaram a remoção ao interventor, Ricardo Capelli. Depois de preso, o coronel Jorge Eduardo Naime, então comandante de Operações da PMDF,   também disse ter sido proibido de desmontar o acampamento em dezembro, quando o Exército era comandado por Marco Antônio Freire Gomes, ainda na gestão Bolsonaro. Os ministros veem um conjunto de provas, formado pelos depoimentos já prestados e outros que ainda deverão ocorrer nesse roteiro explícito de crimes. A confirmação

Mais pedras no sapato

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  Enquanto Bolsonaro toma todos os cuidados para se dissociar do 8 de janeiro, a deputada bolsonarista, Carla Zambelli, convida seus pares do PL a visitar os golpistas detidos na Papuda. Eduardo Bolsonaro, o 03, já aderiu. Quem não gostou nada foi o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto, cuja multa de Alexandre de Moraes pela difusão de fake news  sobre o processo eleitoral, sugerida por Bolsonaro, o impede, entre outras prioridades, de pagar os R$ 33,7 mil mensais prometidos a Michelle. Ela viajaria pelo país com o general Braga Netto para ajudar a emplacar candidatos do PL às prefeituras.   Enquanto isso, o marido anuncia sua volta ao Brasil no início de março, para assumir seu papel de 'líder da extrema-direita'. Só que até mesmo Costa Neto hesita, diante das crescentes possibilidades de que ele se torne inelegível. Ou vá parar atrás das grades. A mais nova notícia de gastos do cartão corporativo de sua excelência, por exemplo, contabiliza R$ 98.875 c

Tese aponta danos da Lava Jato

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  Enquanto assistimos ao senador Sérgio Moro meio perdido, cogitando voltar a mudar de partido – o que reforça o vazio de sua candidatura ao Senado –, a pesquisadora Juliane Furno chega a conclusões devastadoras sobre a Lava Jato. “O objetivo era destruir a economia brasileira para desgastar politicamente o governo do PT, porque a queda no PIB se refletiria nas eleições”, conclui, em sua tese de doutorado. Como se sabe, a Lava Jato dominou a mídia em 2014, quando começou a força-tarefa para investigar crimes contra a Petrobras. Apesar de desvendar casos de corrupção, a operação já é alvo de muitas críticas, como as de Furno. Para ela, o foco deixou de ser a corrupção propriamente dita e voltou-se ao combate aos setores da engenharia e da indústria que fornecem equipamentos para o setor de petróleo e gás. Em palestra no Clube de Engenharia do Rio, a pesquisadora focou justamente nos prejuízos econômicos e políticos causados pela condução dada às investigações, sobretudo para ate

Mais fake news sobre os Yanomamis

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  Diante das denúncias sobre a participação do governo Bolsonaro na tragédia Yanomami, no último sábado o ex-presidente destilava mais fake news sobre os povos indígenas, no encontro de conservadores na igreja ‘ Church All The Nations ’, da Assembleia de Deus, nos EUA. Como se sabe, desde a demarcação da área Yanomami em Roraima pelo ex-presidente Fernando Collor – em reação às denúncias internacionais feitas pelo então príncipe Chales -, o então deputado Bolsonaro já tentava revogar a área protegida. “Ali está misturado: 40% da terra Yanomami está no Brasil e 60% na Venezuela. Uma região ourífera (sic), de riquezas incomensuráveis”, palestrou Bolsonaro nos EUA.  E tem a cara de pau de acusar o governo Lula pelo genocídio daquele povo "Não há interesse em ajudar os indígenas", disse, cuja desgraça deve-se, sobretudo, ao seu governo. Tal informação de mistura étnica é desmentida pela presidente do Comitê Nacional dos Refugiados, Sheila Carvalho:  “São indígenas brasileir

Golpe made in Brazil

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  Não se trata mais de uma fórmula “Como morrem as democracias”, com as instituições corroídas por dentro. Há sete anos o Brasil inaugurou uma nova forma de intervenção militar, conforme o artigo Brazil’s Stealth Military Intervention , do  Journal of Politics in Latin America. Segundo os autores, Karabekir Akkoyunlu, da FGV-SP, e José Antonio Lima, da USP, vivemos essa intervenção desde 2016. A partir desse ano, os fardados voltaram ao debate público e passaram a influenciar medidas judiciais e políticas. Intervenção essa, furtiva, como descreve a Carta Capital. Generais ativistas passaram a conspirar para voltar ao centro da vida pública, com poder ainda maior que o da ditadura militar de 1964. Para isso, sequer infringiram leis, suspenderam a democracia ou derrubaram o governo. É uma redefinição da política sem rupturas, ainda não analisada em modelos de golpes de Estado, como a de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, cujo exemplo foi visível na Hungria de Viktor Orbán. Ou na Ven

O golpe era chamar o Exército

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  Embora Ibaneis Rocha (MDB), o governador afastado do DF, tenha achado que passou ileso do rastreamento de seu celular pela PF, não é o que pensam ministros do STF. Para eles, as mensagens do celular do governador reforçam indícios de roteiro de golpe bolsonarista, como sustenta a colunista Andrea Sadi. A jogada era botar os militares nas ruas. Menos de um dia depois de dizer que não haveria problemas no 8 de janeiro, após a tropa bolsonarista invadir e depredar os três prédios do Congresso, Ibaneis avisou ao ministro da Justiça que precisaria do Exército nas ruas para conter os atos golpistas. O comportamento foi semelhante ao de Anderson Torres, durante os bloqueios golpistas em rodovias ocorridos logo após a vitória de Lula. Ele alegou falta de efetivo policial para desbloquear as pistas, quando até torcidas organizadas de futebol conseguiram fazê-lo em vários trechos. Lula também recebeu a sugestão de decretar uma GLO para conter os golpistas. Foi demovido da ideia pela pr

Brasil volta a ter um estadista

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  Os detratores que me perdoem, mas o melhor dessa viagem de Lula aos EUA é a sua postura descontraída, a confiança no seu próprio taco. Quem não se lembra da rigidez que disfarçava a insegurança do antecessor, para não dizer, um capacho em sua relação desigual com Trump? Por Biden, o encontro teria ocorrido ainda antes da posse. Lula achou por bem não apenas reunir-se com seu governo já em andamento – para não exagerar na atenção aos EUA -, como já em seu segundo mês, com o golpismo já dominado. Ou, ao menos, as reações mais radicais. Como se sabia, as prioridades são o fortalecimento da democracia – ambos sofreram os mesmos ataques da extrema-direita -, a defesa do Meio Ambiente e o combate às diferenças sociais. Quem viajou não foi o homem, em busca de bajulação, e sim o presidente, para reforço das relações institucionais. Como não deve nada a ninguém, fala de improviso e enfrenta uma entrevista coletiva de peito aberto, sem medo de ser feliz. Recupera o espaço diplomátic

BC faz o jogo do inimigo?

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Prefiro evitar os assuntos de Economia, que não domino. Também já deixo claro que não pretendo fazer um blog chapa branca. Porém, evidências dos fatos me empurram ao tema. Em entrevista ao Valor Econômico, o economista André Lara Resende, um dos pais do Plano Real, questiona os argumentos usados pelo Banco Central para manter, pela quinta vez, a taxa de de juros de 13,75%. A mais alta do mundo. Como se sabe, também questionada por Lula. Para Resende, o percentual atenderia à necessidade do mercado financeiro de “ancorar expectativas”, divulgadas por seus próprios analistas.  “Por que estariam desancoradas?" Ele responde: "Por causa do risco fiscal que eles mesmos decretaram ser muito alto e se encarregam de propagar por toda a mídia”, avalia, como num jogo de cartas marcadas. O economista  observa que os analistas e a mídia redobraram sua histeria em relação ao “tal risco fiscal”, mesmo diante de resultados muito mais favoráveis do que o esperado. A razão “é a PEC d