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Mostrando postagens de dezembro, 2021

Que em 2023 o Brasil volte a ser Brasil

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  O que fazia Bolsonaro no auge da pandemia? Atacava ministros do Supremo, governadores, urnas eletrônicas e vacinas, enquanto mantinha no ministério da Saúde um general que não sabia o que é o SUS. E, de quebra,  propaganda de drogas ineficazes contra a Covid-19. Chegamos ao fim de 2021 em situação bem semelhante. Agora, as vítimas do presidente são o passaporte da vacina e a imunização das crianças, pano de fundo aos infundados ataques e ameaças à Anvisa. Só que, se no início de 2020 havia oposição a Bolsonaro no Congresso, hoje ele não apenas respalda o governo, como é quem dá as cartas, via Centrão. Com isso, o presidente topou baixar a bola do golpe, porém, continua a não abrir mão de seu jeito estúpido de ser. E, claro, o casamento envolve dinheiro. Muito dinheiro. Assim como o chefe, os parlamentares empurraram nossas urgências para o fim da fila, posição onde se encontra a essencial vacinação infantil – com o devido respaldo do ministro bolsonarista Marcelo Queiroga.

Católicos x evangélicos

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  A proximidade do Natal traz à tona uma reflexão. Embora a Igreja Católica tivesse apoiado o golpe militar de 1964, sua posição mudou da água para o vinho, em igual proporção à radicalização do regime. Quem não se lembra da importância da ação de padres católicos para proteger os perseguidos, os presos e torturados? Até o cardeal Dom Eugênio Salles, que aparentava ser um conservador, acabou por se revelar como um grande salvador de um sem número de perseguidos pelos militares. Pois bem, a partir de 1978 esse quadro começou a mudar. Foi quando entrou em cena o combate à Teologia da Libertação pelo papa Paulo II, depois acentuado por Bento XVI (fotos). Primeiro começou-se a associá-la ao comunismo e ao marxismo. Coincide com as costas dadas aos pobres. Ao mesmo tempo, Paulo, Bento, a Cúria romana e a maioria da hierarquia passam a considerar os leigos cidadãos de segunda classe, em movimento rumo à direita e extrema-direita. O que significa que todo o poder passa a emanar do c

Precauções pró-democracia

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  Já cansamos de ver como Bolsonaro reage sempre que se sente acuado. É claro que as mais recentes pesquisas do Ipec  e do Datafolha estremeceram suas bases. Nesses casos, todo cuidado é pouco para preservar nossa democracia. Pois uma costura do ministro Edson Fachin, que assume em fevereiro o comando do TSE, junto com seu sucessor, Alexandre de Moraes, e o ministro Luis Roberto Barroso, alçou o ex-ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, ao cargo de diretor geral do mesmo tribunal. Ao contrário do general Santos Cruz, Azevedo e Silva não saiu atirando em março, quando teria sido afastado por Bolsonaro por resistir a um maior engajamento das Forças Armadas com a política. Recebeu vários convites e aceitou esse, estratégico para o país. Tacada de mestre. Em seis meses Fachin será substituído por Moraes no TSE e ambos têm trabalhado para evitar qualquer descontinuidade no ano eleitoral. O general exercerá um cargo-chave, que vai de questões administrativas à seguranç

Combate à desinformação

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  A produtora Brasil Paralelo, que veicula teorias conspiratórias olavistas, gastou com o Facebook R$ 5 milhões de agosto de 2020 a este dezembro de 2021 com 29.160 anúncios, mais do dobro do segundo maior anunciante, o WhatsApp . Entre suas pérolas, disponível na biblioteca da plataforma, está o que começa com a frase de Simone de Beauvoir, "não se nasce mulher: torna-se mulher".   Seguida de lorotas, como: "A biógrafa de Beauvoir, C. Seymour-Jones, revelou que Simone gostava até de relações entre familiares. Junto de Sartre, defendiam intimidades com crianças [de] 11 anos". Ao fim do anúncio vem o que interessa: o destaque para o curso de “feminismo” de Ana Campagnolo, deputada antifeminista e olavista que ‘alerta’: “um dos ícones da causa pelas mulheres não tinha compaixão pelas mulheres”. Quem já leu alguma biografia de Beauvoir, sabe o quão desregrada era a vida naquele casamento aberto. Uma delas cita o relacionamento com uma aluna de 17 anos. Jamais

Planalto teria atacado ConecteSus

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  A mídia ainda não noticiou, porém, já é fato consumado para a PF do Distrito Federal que o ataque hacker sofrido pelo ministério da Saúde partiu de dentro do Palácio do Planalto. Conforme twit de Argolo, porta-voz de informações antibolsonaristas (como este blog), a PF já teria até passado a informação ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI)), comandado pelo general que tem de tomar dois Lexotan na veia para não dar um golpe no STF. O servidor do Palácio teria fornecido senha e login para os criminosos agirem. Circula ainda entre as más línguas que o responsável pela iniciativa seria Carluxo, o rei das fake news desse governo. Resta saber se algum dia a população brasileira ficará sabendo o que de fato aconteceu, enquanto o ConecteSUS está há mais de uma semana fora do ar, prejudicando a vida da população. Não seria surpresa se as conjecturas acima fossem reais, afinal, o papai Bolsonaro continua firme em suas ações explícitas não apenas para sabotar o passaporte d

A força da nossa democracia

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  A força do bolsonarismo murcha a olhos vistos. Estão entre os ingredientes para este saldo a opção do presidente por negar a ciência, erros que repercutem na crise econômica.  Se a teimosia visava o eleitorado mais raiz, isso ajudou a afastar muitos dos que votaram nele em 2018. Essa é uma das principais conclusões da pesquisa qualitativa do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) e do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (Lemep) da UERJ, analisada por Rudolfo Lago, diretor do Congresso em Foco Análise. “É um achado riquíssimo”, descreve. “Permite compreender as nuances deste pensamento”. A boa notícia é que os eleitores do capitão, não só os que migram para outros candidatos quanto os que permanecem com ele, não desejam a volta da ditadura. Esse desejo se limita a uma minoria de homens mais velhos e radicais (tipo general Heleno). Aparentemente, os eleitores de Bolsonaro não topariam embarcar em uma aventura autoritária. O que ajuda a af

As festas de Bolsonaro

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  Para Bolsonaro, estabelecer a obrigatoriedade do passaporte da vacina foi um crime cometido pela Anvisa. Mais grave ainda, foi aprovar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos. Como assim, evitar que os brasileiros se contaminem com a ômicron e garantir a saúde dos pequenos? Hediondo! Dá para acreditar? Na sua live de quinta-feira, o presidente ameaçou denunciar quem foram os técnicos responsáveis por essa vileza, como se cometessem crime, “para que todos tomem conhecimento.” Só mesmo os otários desses radicais podem aplaudir uma barbaridade dessas. E a Anvisa, que tem tanto o que fazer nesses tempos de pandemia e de cólera, ainda precisou perder seu precioso tempo com notas, como a reproduzida pelo Globo: "Em outubro, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos por agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Anvisa está no foco e no alvo do ativismo político violento." Tiro meu chapéu ao diretor-presidente Antonio Barra

Cristianização de Bolsonaro

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  Ontem falei aqui que Arthur Lira jamais levaria adiante o impeachment de Bolsonaro, com base em aliados nada republicanos devidamente adulados por gordas fatias do orçamento secreto. Tudo, porém, tem limites. Mesmo que o presidente da Câmara não contribua para interromper o mandato do presidente, as pesquisas do Ipec – instituto herdeiro do Ibope – e Datafolha trouxeram fortes razões para, ao menos, dar a devida medida a esse apoio. É o que ouviu o jornalista Gerson Camarotti de líderes do Centrão. A reprovação de 55% e aprovação de 19% - queda abaixo de 20 que indica o enterro político dos mandatários, segundo os cientistas políticos, são determinantes. Com isso, já se fala em ‘cristianização’ da reeleição de Bolsonaro. Ao contrário do que possa parecer, o termo nada tem a ver com Cristo, e sim com o opositor de Getúlio Vargas em 1950, Cristiano Machado, traído por seus pares do PSD. Os números do respeitado instituto de pesquisas, que entrevistou presencialmente 2.002 el

Destino das emendas secretas

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  "Eu quero meu dinheiro. Eu quero meu dinheiro certo. Dinheiro de roubo, de corrupção." A frase é do prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves, aliado de Arthur Lira. Foi interceptada pela PF em 2008, antes de sua segunda prisão. E para se ter uma dimensão desse apoio, o município de Alagoas recebeu R$ 41,6 milhões em emendas de relator, quando a capital Maceió, levou apenas R$ 14,7 milhões. Conforme a Folha, outdoors da feliz dupla se multiplicam pela cidade. Há um desses no aeroporto de Maceió.    O que justificaria tal privilégio? Absolutamente nada. E não por acaso, são secretas, para não atiçar a inveja alheia. Foram esses recursos, providencialmente distribuídos em ano eleitoral, que levaram Gonçalves à reeleição. A maior parte do dinheiro foi liberada em agosto de 2020, quando começou a campanha das eleições municipais. Destino? Obras de pavimentação. O tipo do exemplo que deve matar de arrependimento a ministra Rosa Weber, ao reverter sua decisão e autorizar

Garimpo chapa branca

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  Assim como Bolsonaro, os militares não estão nem aí para a floresta em pé. Querem mais é ver a cor das verdinhas, no caso, os dólares. Só o general Augusto Heleno, enquanto chefe do Conselho de Defesa Nacional da Presidência da República, autorizou esse ano sete projetos de pesquisa e exploração de ouro em áreas preservadas da Amazônia. Natureza? Para quê serve? Devem se indagar as mais altas autoridades deste governo. Os números estão aí para provar. Como se sabe, o desmatamento cresceu 22% neste ano. E o que mais tem se visto são projetos que enfraquecem a proteção ambiental. Abrem caminho às boiadas que começaram a ser passadas pelo ex-ministro Ricardo Salles. Está aí, escancarada, a crescente atuação de grileiros e garimpeiros na Amazônia. Os 'atentados' cometidos por Heleno ficam na região de São Gabriel da Cachoeira, perto das fronteiras com a Colômbia e a Venezuela, em área de 12,7 mil hectares, seis deles em terrenos da União.           Até então a área, cha

AGU reage ao passaporte da vacina

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Confesso uma certa canseira para escrever sobre as reincidentes manifestações de negacionismo de Bolsonaro, que chegou a acusar a Anvisa da mentira de querer fechar o espaço aéreo brasileiro. Se o diretor-presidente, Antonio Barra Torres, indicado pelo presidente, não tivesse mandato, já estaria no olho da rua. Como o próprio capitão continua negando a se vacinar – como será no dia da posse no STF do contínuo André Mendonça? -, incendeia a fogueira de contaminação. E daí? Que os visitantes venham sem restrições e gastem aqui o seu dinheiro. Se voltarem a contaminar os brasileiros, depois dá-se um jeito. É como pensa nosso brilhante presidente. Barroso, porém, baixou liminar no sábado exigindo o passaporte de vacina aos que entrarem no país. Domingo reuniram-se representantes dos ministérios da Casa Civil, Saúde, Relações Exteriores, Infraestrutura Justiça, AGU e Anvisa.  A AGU, porém, quer sabotar a ordem ministerial. “A cada dia de não exigência de comprovantes de vacinação

Vão-se os bons, ficam os maus

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  Não é só a extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos que sinaliza para o debacle de nossa democracia. Na semana passada Thiago Tavares (foto), presidente da organização de direitos humanos na internet SaferNet Brasil, foi obrigado a partir para o exílio voluntário na Alemanha. Motivo? As ameaças que sofreu após participar de um evento no TSE sobre as campanhas de ódio e desinformação. Antes de sair, Tavares deixou uma carta aos funcionários e instituições parceiras da SaferNet, afirmando estar em “grave e iminente risco”, diante das ameaças que tem recebido e ataques à sua atuação profissional e acadêmica. Segundo a colunista Bela Megale, ele participou   de discussão sobre campanhas de ódio no 2º Seminário Internacional do TSE. Tavares atuava na contramão de Allan dos Santos. O primeiro ataque ocorreu em 22 de novembro, quando quatro criminosos sequestraram um funcionário da SaferNet, levaram seu celular e laptop. Tavares estava próximo ao local. No último di

Vice que é um seguro-impeachment

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  Enquanto Hamilton Mourão deu manifestações dúbias que o afastaram de permanecer o vice de Bolsonaro em 2022, o presidente admite sua simpatia pelo ministro Braga Netto. Ao contrário de Mourão, o atual ministro da Defesa nunca se furtou a dar demonstrações de fidelidade canina ao chefe. Participou de atos antidemocráticos, não aderiu ao alto comando na intenção de punir Pazuello em sua transgressão disciplinar e sempre foi um defensor incondicional do chefe. E, em meio à sequência de absurdos cometidos pelo mandatário - da caótica condução da pandemia ao total descontrole da Economia -, o principal predicado no vice dos sonhos de Bolsonaro seria livrá-lo do impeachment. “Um seguro- impeachment ”, como definiu o presidente, que sabe melhor do que ninguém a fartura de motivos que dá para que o Congresso tome esse tipo de iniciativa. Quem não se lembra da CPI da Covid desistir de convocar o general, por temer o perigo à vista... Só que a escolha parece não agradar ao entorno do

O sincericídio de Bolsonaro

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  A baixaria que nos aguarda no ano eleitoral já começou. No caso, a favor do Brasil. Enquanto correm há mais de um ano as investigações sobre o aparelhamento da PF por Bolsonaro, o próprio confessou suas práticas à Gazeta do Povo. No caso, o sincericídio tinha um alvo, seu mais novo arqui-inimigo, o ex-ministro Sérgio Moro, autor da denúncia em questão ao sair do governo. Na entrevista, o presidente “escancarou”, conforme o Antagonista, a causa da demissão de Moro. Bolsonaro o acusou de não ter interferido no Coaf e na Receita Federal para coibir as investigações sobre Flávio e Michelle. Admitiu ainda que desde o início do governo começara a planejar a demissão do ministro da Justiça. Foi contido, porém, pelo medo de perder votos. “ Eu queria mandar ele embora lá atrás, mas como ele tinha um prestígio muito grande, ficava difícil justificar a demissão dele”, afirmou. “ Tanto é que na mídia social era comum: ‘Moro no Supremo, Dallagnol na PGR. Ou então não tem a reeleição’. E

Habemos pré-candidata à presidência

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  Já temos uma mulher na pré-disputa presidencial de 2022. Simone Tebet foi lançada na quarta-feira pelo MDB na corrida da terceira via, com Sérgio Moro – até agora o melhor colocado -, Ciro Gomes, João Dória e Rodrigo Pacheco. “Honrada e preparada” para concorrer ao Palácio do Planalto, a senadora pelo Mato Grosso ganhou visibilidade por seu desempenho na CPI da Covid. Um dos momentos em que ela surfou na sua sensibilidade feminina foi ao arrancar do deputado Luiz Miranda o envolvimento de Ricardo Barros no escândalo da Covaxin. Miranda fez suspense dizendo não se lembrar a quem Bolsonaro ligara à negociação, até que acabou revelando o nome do líder do governo no Congresso. Até agora nada disso tenha provocado qualquer consequência, graças à blindagem promovida pelo presidente. Mas essa é outra história. Tebet já desponta com assertividade. Ela mudou seu voto a favor da PEC dos Precatórios, desde que o presidente do Senado assumisse o “compromisso público” de não autorizar o