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Mostrando postagens de setembro, 2023

O indiciamento do capitão

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  Mais clássico exemplo de feitiço que vira contra o feiticeiro, o relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI dos Atos Golpistas, será lido no dia 17 de outubro. É dado como certo o pedido de indiciamento do capitão por quatro crimes cometidos durante seu mandado. São eles: golpe de Estado, escuta telefônica ilegal, incitação ao crime e autoacusação falsa. O inelegível será associado aos sucessivos ataques à Justiça Eleitoral e tentativas de golpe, que desembocaram no quebra quebra do 8 de janeiro. Entre os governistas, a senadora terá apoio de 21 dos 32 integrantes, número que ultrapassa os 17 votos necessários para assegurar a aprovação do relatório. Embora os opositores admitam o erro de cálculo, eles já cogitam apresentar um texto paralelo absolvendo o mi(n)to. Segundo o colunista Lauro Jardim, eles também ameaçam não comparecer à leitura do relatório.  “A oposição termina numa situação muito ruim, porque não tem carta na manga”, admitiu um experiente pa

Não passarão!

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  A toque de caixa, o Senado aprovou o marco temporal, fazendo coro à Câmara. Além do confronto com a decisão contrária do STF, o episódio só mostra o quanto nossos ilustres parlamentares estão descolados da realidade. Enquanto o Rio Grande de Sul se afoga em tempestades, os rios da Amazônia secam a olhos vistos. As consequências das mudanças climáticas estão cada vez mais escancaradas e todas as pesquisas corroboram a capacidade dos povos indígenas de preservar as florestas em pé. E daí? Diriam esses homens brancos e ricos. Dane-se o país, dane-se o planeta. O negócio é dinheiro no bolso.  A confusão jurídica foi estabelecida. Legislativo contra Judiciário, que concluiu essa semana seu julgamento sobre o tema. Prevaleceu a proposta do relator, Edson Fachin, e do ministro Dias Toffoli. A saber, serão válidos e devem ser indenizados os títulos de terras concedidos a quem agiu de boa-fé. Caberá à União a indenização destas benfeitorias. O Congresso vai tentar forçar a barra com

Minuta de GLO tem nome e sobrenome

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  Quando apareceu aquela minuta de golpe no casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, ficou o mistério sobre a autoria do documento. Que permanece. Já a autoria da minuta que previa uma GLO já tem nome e sobrenome. Ela foi preparada pelo Ministério da Defesa  em reação ao 8 de janeiro, quando milhares vandalizavam as sedes dos Três Poderes. Como se sabe, constitucionalmente a medida é autorizada pelo presidente, e permite que as Forças Armadas passem a atuar como poder de polícia. Seria, na realidade, a senha para o golpe se Lula tivesse recorrido a ela. Não fosse o alerta imediato de Janja, que o acompanhava numa visita a Araraquara: “GLO é golpe”. A tal minuta foi encontrada no e-mail do capitão de fragata da Marinha Elço Machado Neves, que na época à frente da Chefia de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa. A CPMI dos Atos Golpistas, após quebrar o sigilo telemático de Neves, identificou que ele havia enviado o documento de um e-mail pessoal para o seu própr

A arrogância dos generais

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  Quando o general Marco Antônio Freire Gomes ameaçou prender o capitão caso ele levasse à frente o golpe, não é que ele estivesse 100% contra o ex-presidente. Sua reação à ordem de interromper a retirada dos acampados no QG do Exército confirma de que lado ele estava.   “O Dutra é um irresponsável, um maluco. Mandei cancelar a operação”, blasfemou o general, conforme o Estadão , sobre a ordem dada pelo então comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra , para a remoção do acampamento, em 29 de dezembro de 2022. Freire Gomes argumentou se tratar de um grupo ordeiro, que não ameaçava. Quando foi dali que partiu o núcleo do quebra quebra para a Praça dos Três Poderes. Claro que todos sabiam o que era aquilo. De pacíficos não tinham nada. Foi dali também que partiram os arruaceiros que atacaram a sede da PF, em 12 de dezembro, quando Lula era diplomado presidente. Assim como os envolvidos na tentativa de explodir um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília, 12 dia

Já vai tarde!

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  H oje o Brasil passará a ser um país melhor. O engavetador geral da República, Augusto Aras, deixa o cargo, após dois mandatos de atuação que só ele seria capaz de elogiar. Nos momentos em que nos afogávamos de indignação com o ignóbil comportamento do inelegível, ele, como se sabe, não fez mais do que passar a mão na cabeça do chefe. Foram ao menos 132 oportunidades de 185 representações apresentadas à PGR, que envolviam ainda filhos e aliados do capitão, totalmente ignoradas por aquele que devia tomar as providências necessárias. Daí a sobrecarga do STF. Sete casos foram gritantes, a começar pela denúncia do ex-ministro Sérgio Moro sobre as interferências do ex-mandatário na PF para proteger seus filhos e aliados. E, em 22 de abril de 2020, naquele mesmo período, o país se escandalizava com a obscena reunião ministerial, que mais parecia uma escrachada conversa de bar. O mi(n)to deixava ali claras as suas intenções: “Eu não vou esperar foder a minha família toda para troca

Efeitos colaterais dos coletes balísticos

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  Quando o capo venezuelano Antonio Intriago (foto) fez a sua delação premiada logo após ser preso nos EUA, em fevereiro, constatou-se o envolvimento de sua empresa, CTU Security, não só no assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moïse, em 2021, como na compra superfaturada 9.360 coletes balísticos pela Intervenção Federal do Rio, em 2018. Comandada pelo general Walter Braga Netto. A apreensão do celular do sócio brasileiro de Intriago, o coronel da reserva Glaucio Octaviano Guerra, no Aeroporto de Miami, em agosto de 2022, já começava a dar subsídios à Operação Perfídia, da PF, desencadeada aqui este mês. Como as sabe, a operação quebrou os sigilos telefônico e telemático do general e a PF aponta Guerra como responsável pelo esquema dos coletes no Rio. A negociata acabou suspensa pela denúncia de fraude na certificação dos coletes por uma empresa concorrente.   E, segundo a colunista Malu Gaspar, uma das etapas do plano para o assassinato de Moïse incluía a cessão de colet

Novas batalhas no Marco Temporal

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  A ministra Rosa Weber se aposenta do STF em 2 de outubro com dois julgamentos históricos e progressistas. Além de votar pela descriminalização do aborto até 12 semanas com o definitivo argumento   “A maternidade é escolha, não obrigação coercitiva”, enterrou o fatídico Marco Temporal. No que depender do Supremo, é inconstitucional a tese defendida pelos ruralistas, de que os indígenas só teriam direito à posse das terras onde estavam até a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. Foram nove votos contra e dois – adivinhem de quem? – a favor. Claro que a discordância veio dos dois ministros bolsonaristas: André Mendonça e Kassio Nunes Marques. Embora tenha formado maioria contra a tese, o STF volta à pauta na próxima semana, para definir um consenso sobre as indenizações a serem pagas aos atuais ocupantes destas terras. A guerra, porém, ainda não está vencida. O PL 2.903/2023 que institui o Marco Temporal, já provado pela Câmara, agora tramita no Senado. Foi apr

Escapamos por pouco

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  Além de não aderir à proposta de golpe apresentada pelo inelegível à cúpula das Forças Armadas em reunião no dia 24 de novembro de 2022, pouco após o segundo turno, o general Freire Gomes (foto), então comandante do Exército, ameaçou prender o ex-presidente se ele levasse o golpe à frente. O único a aderir à ideia foi o almirante Almir Garnier, que não tinha credenciais para assumir o Ministério da Marinha por jamais ter comandado uma Segunda Divisão. Foi, porém, alçado ao cargo pelo capitão e sempre retribuiu à deferência. Até o cordato ministro da Defesa, José Múcio, concordou que Ganier precisa ser punido. Ao menos ele, se outros, como Braga Netto e Augusto Heleno conseguirem escapar ilesos. Sabe-se da simpatia generalizada da caserna por tudo o que o ex-mandatário fez por ela. Aposentadorias turbinadas, cargos por toda a parte, salários milionários e poder. Muito poder. Quem vai querer abrir mão de tanta mordomia? Múcio defende com unhas e dentes que as Forças Armadas n

Atestado de golpismo

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  Agora sim, começou a esquentar. Após revelações sobre os dólares angariados com a venda de relógios, de menor importância, vem à tona o que realmente importa: o inelegível teria se reunido com a cúpula das Forças Armadas e ministros militares, logo após as eleições, para discutir a minuta que permitiria uma intervenção militar. No caso, a pista seria o documento que estava no celular do ex-faz tudo, Mauro Cid: uma minuta de decreto GLO, diversa da encontrada na casa de Anderson Torres, como se sabe, desqualificada pelo ex-ministro. Segundo o UOL, foi entregue ao ex-mandatário pelo assessor, Filipe Martins. O fato é que, colocada em prática, a minuta seria capaz de impedir a troca de governo, com a prisão de Lula, e concretizaria o malfadado golpe. E quem levou a intenção do ex-presidente à cúpula militar?Cid, como revela sua própria delação premiada. Ele testemunhou a gestação e debate sobre a minuta de golpe entre os líderes da caserna ao assistir a polêmica reunião. O que

Dois pesos e duas medidas

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  Está longe de ser isolado o caso do ex-sargento Manoel Silva Rodrigues (foto), que desembarcou na Espanha, em 2019, na comitiva presidencial do capitão com 39 kg de cocaína. Ele admitiu aos espanhóis ter se aproveitado da condição de militar para cometer o crime. Não seria o único... Conforme o Portal Metrópoles, o crime de posse ou tráfico de drogas foi das infrações mais frequentes na Justiça Militar . No 11º Conselho de Justiça Militar (CJM), que cuida de delitos cometidos por militares do DF, houve cerca de 20 julgamentos de posse ou tráfico de drogas entre 2019 e 2023. Em sua grande maioria com condenações irrisórias. Foram julgamentos camaradas com os infratores, com decisões entre a pena mínima, de um ano, à absolvição. A pena máxima é de cinco anos de prisão. As histórias chegam a beirar a comédia. Um ex-soldado da Aeronáutica, flagrado com maconha na gôndola da saída para almoço, disse ignorar que a farda agravaria sua situação. Afirmou não ser usuário e que aquela s

Jefferson esquenta chapa do capitão

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  A chapa do inelegível nunca esteve tão quente. O mais novo e explosivo fator de combustão vem do ex-aliado Roberto Jefferson. Após o Fantástico expor as granadas mortais do parlamentar, ele passou a intimar o capitão a tirá-lo da cadeia, consciente de que tende a morrer atrás das grades. “Se eu abrir a boca não restará um Bolsonaro solto”, ameaça a bomba ambulante, cujo grande estrago começou no primeiro governo de Lula, com o Mensalão. Como se sabe, Jefferson promoveu um desastre na campanha do aliado, ao receber a PF em sua casa com tiros de fuzil e granadas às vésperas da eleição. Foi preciso acionar até o ministro da Justiça, Anderson Torres, para apagar o incêndio.  O efeito detrator nos eleitores do mi(n)to foi imediato. E agora Jefferson não vai hesitar se não for atendido. Após a delação premiada do ex-faz tudo, Mauro Cid, parecia que já haveria argumentos suficientes para garantir a prisão do ex-presidente. Parecia apenas uma questão de tempo. Agora, sabe-se que a PF

O golpismo de Anderson Torres

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  Após o protagonismo da delação premiada do ex-faz tudo Mauro Cid, eis que a PF começa a soltar conteúdos do celular do ex-ministro Anderson Torres. Carregados de golpismo. Como Torres não entregou seu celular à PF, sob a alegação de que o teria esquecido nos EUA, o material foi recolhido da nuvem, e incluía, por exemplo, a imagem chamada “A rampa”, de 3/12/2022, com uma forca para Lula e aliados. “Os corruptos comunistas que fraudaram as eleições subirão nesta rampa em Brasília construída pelo povo brasileiro”, dizia a legenda. A mesma que vandalizaram pouco depois. Segundo o Portal Metrópoles, havia ainda material de convocação para “concentração nos quartéis” com objetivo de “exigir intervenção federal”, expressões semelhantes às usadas por familiares de Cid. Também havia um folder pedindo intervenção federal dois dias após o segundo turno: “Convocação nacional. O nosso Brasil precisa de nós! 02/11/2022. Concentração nos quartéis por todo o Brasil! Exigência para o cumprime

Filho do inelegível seria gay

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  Enquanto o cerco se fecha contra o inelegível, seu inferno astral arde. Para quem já defendeu que pais agredissem filhos fisicamente se suspeitassem que eles fosses  gays , e também já disse que ‘nenhum pai tem orgulho de ter um filho  gay ’, durma-se com um barulho desses. Ao depor na polícia civil do DF na última quinta-feira, o produtor de eventos Diego Pupe (na foto com Renan), 21 anos, disse que “manteve um relacionamento amoroso e romântico" com Jair Renan, 25, filho 04 do capitão. “Eu tinha um relacionamento íntimo com ele, romântico”, repetiu Pupe ao Portal Metrópoles, após depor na Operação Nexum ,  iniciada em 24 de agosto para  reprimir crimes contra a fé pública e associação criminosa . O produtor de eventos conheceu Jair Renan numa festa que organizou no DF. Daí em diante, começou a trabalhar como assessor do 04, embora afirme que nunca recebeu nada por isso. Seria tudo no amor... Homossexual assumido, Diego costuma compartilhar com seus mais de 211 mil segu

Ameaças de retrocesso

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  Sem o menor pudor, nem da direita ou da esquerda, a Câmara aprovou esta semana a tal minirreforma eleitoral. Soco no estômago dos eleitores brasileiros, confeccionada sob a batuta do ainda poderoso Arthur Lira. Importantes mecanismos criados para moralizar a casa seriam extirpados, como a redução do prazo de inelegibilidade de deputados cassados, o que se refletiria no caso do capitão. Em casos de compra de votos, ao invés do candidato ser cassado, ele paga apenas uma multa. E mais: os partidos ficam dispensados de apresentar o “nada consta” sobre os antecedentes criminais do candidato. Se já está ruim, imagina como ficaria? A tal proposta também desobriga os candidatos a justificarem seus gastos de campanha antes da eleição, em assustador vale tudo. E sobre as mulheres, já mal representadas na casa, são abertas brechas para as legendas burlarem a cota mínima de 30% nas candidaturas femininas em disputas legislativas.   Ou seja, as regras seriam ditadas pelo patriarcado machi