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Mostrando postagens de outubro, 2024

O desespero do capitão

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  A PF confirmou em relatório final enviado ao STF o que se viu a olhos nus às vésperas do 8 de janeiro: foram constatadas falhas "evidentes" da Secretaria de Segurança do DF, como a "ausência inesperada" do ex-secretário Anderson Torres , que estava de férias antecipadas nos EUA no dia dos atos. O inquérito em questão apura a responsabilidade de autoridades da capital nos atos golpistas, e inclui o governador Ibaneis Rocha. Também foi destacada pela PF a "falta de ações coordenadas" e a "difusão restrita de informações cruciais" como "fatores decisivos" para o que foi definido como "ineficiência da resposta das forças de segurança". "Conclui-se que as falhas da Secretaria de Segurança são evidentes, especialmente pela ausência inesperada de seu principal líder, Anderson Gustavo Torres, em um momento de extrema relevância (...) que contribuíram diretamente para a ineficiência da resposta das forças de segurança"

Capitão pode ter sido lançado às feras

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  Sabemos que quando Arthur Lira quer barrar algum projeto, cria uma comissão especial. Foi o que aconteceu na última segunda-feira (como na PEC do Estuprador), quando os bolsonaristas acreditavam que o projeto de lei da anistia aos presos do 8 de janeiro seria logo votado pelo Legislativo. Parlamentares do PL já haviam condicionado o apoio a Hugo Motta (Republicanos-PB) - nome escolhido por Lira para sucedê-lo na presidência da Câmara – , à aprovação da anistia. Pois o presidente retirou-o da CCJ e criou a comissão na véspera de lançar, ontem, o nome de Motta para sua sucessão. Além de tentar garantir o apoio do PT a Motta, pode ter sido uma estocada no Inelegível - com quem ele havia se encontrado antes de anunciar a decisão – , que se enfraquece a cada dia.  Como se viu nas últimas eleições, em que o PL venceu apenas numa capital, Cuiabá. Até a vitória de Ricardo Nunes em São Paulo é atribuída a Tarcísio de Freitas, que peitou a orientação do ex-chefe, na época indeciso diante d

Morte da Teologia da Libertação

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  O padre peruano Gustavo Gutiérrez (foto), considerado o pai da Teologia da Libertação, morreu na semana passada em Lima, aos 96 anos, segundo a Província Dominicana, ordem religiosa à qual pertencia desde 2001. Nascido em Lima em 8 de junho de 1928, Gutiérrez foi uma das figuras mais influentes da América Latina em Teologia e atuação social. Como se sabe, a Teologia da Libertação foi um movimento cristão voltado aos pobres, de forte repercussão política em toda a região. O intelectual, que tornou-se dominicano aos 76 anos, usou essa expressão pela primeira vez em 1968, em reunião da Conferência Episcopal Latino-Americana em Medellín (Colômbia), para aplicar os princípios reformadores do Concílio Vaticano II. Em 1971, publicou o livro “Teologia da Libertação”. “É uma identificação com os homens, as raças e classes sociais que sofrem a miséria e a exploração, identificação com seus interesses e suas lutas. E uma inserção no processo político revolucionário, para anunciar o amor g

Classe média adere à extrema direita

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    O ‘pobre de direita’ já não é novidade. Só que o professor Valerio Arcary, do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), traz uma surpreendente informação na Revista Fórum : a classe média também bandeou para a extrema direita. Mesmo que a vitória de Ricardo Nunes em São Paulo não possa ser atribuída à extrema direita, ela sustenta a ascensão no país da direita junto ao fisiológico Centrão.  Para chegar a sua conclusão, Arcary baseia-se na análise de números e em contexto social. A começar pelo PIB médio anual, que só cresceu 2,4% entre 1995 e 2004. Segundo o Ministério do Trabalho, hoje s ão mais de 37,3 milhões de carteiras assinadas e mais de 13 milhões de funcionários públicos. Cerca de 40 milhões estão na informalidade, sendo 10 milhões de ultra precarizados com patrões e sem carteira assinada e 25 milhões de autônomos. São 39,2 milhões de aposentados e pensionistas,   26,28 milhões deles só com um salário mínimo. E 20,7 milhões de beneficiados pelo bolsa família. “O país é

A crise de autoridade de Claudio Castro

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  Em maio passado, o TRE-RJ absolveu o governador Cláudio Castro por crimes eleitorais de 2022, que envolveram contratações ilegais na Ceperj para ele conseguir se reeleger.  Agora seguido pelo ministro bolsonarista Raul Araújo, do STJ, que arquivou o inquérito em que a PF investigava Castro por corrupção quando era vereador e vice-governador. A cada dia que passa se confirma o erro das decisões judiciais. Essa semana foi pródiga em evidenciar o quanto o Rio está entregue às baratas. Pior, aos bandidos. Quarta-feira, torcedores do uruguaio Peñarol – protagonistas de danos anteriores – tacaram terror no Recreio dos Bandeirantes. Reação de Castro: “O Rio não é lugar de baderna”. Imagina se fosse? No dia seguinte, um tiroteio interditou a Avenida Brasil de manhã, na hora em que as pessoas se deslocam para seus trabalhos, deixando um saldo de três mortes. E muito pânico.  Reação de Castro (doze horas depois): “É uma atuação de nível de terrorismo”. Ah bom. E daí? “A gente não tinha dados d

Inelegível será carta fora do baralho

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  Já mencionei aqui que Valdemar da Costa Neto elencou Tarcísio de Freitas como o candidato nº 1 da extrema direita em 2026. Pois é, o Inelegível - perto de ser condenado à prisão pelos inquéritos enviados pela PF à PGR - magoou. Mesmo fora das eleições por duas decisões do TSE em função da reunião de embaixadores, onde atacou as urnas eletrônicas e mostrou-se como a melhor opção à sucessão, o capitão ainda se considera o principal candidato da direita às eleições. “Eu sei que não sou nada no partido, agradeço muito o Valdemar por ser presidente de honra, mas o candidato para 2026 é Jair Messias B.”, sustentou o Inelegível em entrevista concedida após o comentário de Costa Neto. (Ontem o presidente do PL já tinha voltado atrás do que dissera e reiterou que o ex-presidente é o único na direita capaz de vencer Lula em 2026).   A segurança do mi(n)to baseia-se em dois argumentos. O primeiro é que Kassio Nunes Marques assume a presidência do TSE em 2026 e André Mendonça será seu vice

Aula de mau caratismo

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  Saí de “O aprendiz’ – filme sobre o início da trajetória profissional de Donald Trump - com o estômago revirado. Como os americanos podem votar em um homem tão pernicioso, sem escrúpulos e caráter, que comandou a invasão ao Capitólio sem que nada lhe acontecesse? Se o jovem empresário vivido por Sebastian Stan ainda tinha alguma ingenuidade quando conheceu o advogado mafioso Roy Cohn (soberbo, por Jeremy Strong) nos anos 1970, levou o aprendizado às últimas consequências. As três máximas de Cohn - que dominava a arte de corromper políticos e adversários – “atacar sempre”, “nunca admitir culpa” e “se dizer vitorioso em qualquer situação”, o impregnou de tal forma que ele as cita a seu biógrafo, como se fosse ele próprio o autor. Trump tentou censurar o filme, que começou a carreira no Festival de Cannes e chegou aos EUA em 11 de outubro, após a dificuldade da produção encontrar uma distribuidora disposta a lançar o longa a um mês das eleições. Chegou aqui no dia 17, com uma bilh

Escolhas da elite para 2026

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  Pelo andar da carruagem, as tentativas do Congresso de anistiar o Inelegível não devem dar em nada, porque seu futuro é sombrio. Até o início de novembro devem chegar à PGR os dois inquéritos da PF sobre a tentativa de falsificar o carnê de vacinas e sobre o roubo de joias. Em seguida Paulo Gonet deve enviar a documentação ao STF, que terá um prazo para julgá-la. Isso sem falar no inquérito sobre a tentativa de golpe no 8 de janeiro, com provas incontestáveis, como a adesão do ex-ministro da Marinha, Almir Garnier, e dos generais Augusto Heleno e Braga Neto, que também devem ser presos. Como se sabe, o golpe só não se consumou porque os ministros do Exército (Gomes Freire) e da Aeronáutica (Baptista Júnior) não aderiram, sob a alegação de que os EUA não dariam suporte. (Imaginem o que teria acontecido se o presidente na época fosse Donald Trump?) Segundo o editor Renato Rovai, da Revista Fórum , o Inelegível telefonou às 6h50 de segunda-feira desesperado ao repórter que escre

O golpe baixo de Elon Musk

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  Os gringos já têm o seu Lamarçal. Como se sabe, o bilionário Elon Musk – dono de fortuna estimada em US$ 246,8 bilhões, ou R$ 1,4 trilhão – pretende sortear 1 milhão de dólares/dia, entre eleitores que assinarem sua petição pela liberdade de expressão e pelo direito de portar armas. Entre os principais clamores da extrema-direita: se armar e poder mentir à vontade. Já o ex- coach brasileiro inventou a campanha política mais barata do mundo, ao premiar o corte que mais viralizasse entre seus milhares de seguidores. EMusk promete US$ 1 milhão ao eleitor que assinar sua petição, desde que do Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin, estados decisivos para a eleição. O anúncio gerou a reação de especialistas, embora até agora ninguém crave que seja algo ilegal, apesar do sorteio com doação seja nitidamente uma tentativa de Musk influir na acirrada disputa presidencial entre Trump e Kamala Harris.   “Certamente há um argumento de que isso se e

Como reverter o liberou geral

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Quando se vê o país ardendo em chamas é difícil apontar os culpados, embora se saiba que o Inelegível fez o que pode para flexibilizar regras que ajudariam a impedir esse cenário. Algo parecido acontece em relação às armas. Já fazem dois anos do fim da gestão do ex-presidente, porém, continuamos colhendo os frutos de seu projeto de armar a população civil. Conforme o Estadão , dispararam os roubos e furtos de armas de atiradores e colecionadores (CACs). Se em 2018 a média mensal deste tipo de delito ficava em 62 ocorrências, este ano mais que dobrou: chegou a 181. E esta alta está relacionada à flexibilização de regras de registro de CACs, criadas entre 2019 e 2022. Claro que a preocupação de autoridades e especialistas é que as armas cheguem às mãos dos bandidos. Desde seu primeiro ano o governo Lula tem atuado para reverter as iniciativas de seus antecessor, ainda sem tempo para melhores resultados. As medidas planejadas incluem transferir a competência para registro e fiscal

A ganância evangélica

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  Às vezes chego a duvidar que o Brasil seja mesmo um país laico. Semana passada, episódios ocorridos entre líderes evangélicos fariam corar qualquer ateu. A começar pela criação, por Lula, do Dia Nacional da Música Gospel. Sabemos que o presidente colhe os frutos da falta de afagos a esse público, de considerável representatividade no eleitorado. Vá lá, encontrou esse caminho. Que deu o que falar... Quarta-feira, no lançamento da data, o deputado federal Otoni de Paula (MDB) rasgou-se em elogios a Lula, sem deixar de criticar seu antecessor, de cujo governo foi vice-líder. Admitiu ter errado quando associou a esquerda à pedofilia, enquanto chamou o capitão de "arrogante" com as igrejas. “Eu apenas quis mostrar que a igreja não pertence nem ao bolsonarismo nem ao petismo”, despistou. Claro que a participação gerou ciumeira. Sóstenes Cavalcante - aquele que criou o projeto de criminalizar meninas que fizessem aborto após serem estupradas -, desdenhou: “No lugar dele eu

PGR sinaliza futuro do Inelegível

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  “Os elementos de convicção até então colhidos indicam que a atuação da organização criminosa investigada foi essencial para a eclosão dos atos depredatórios ocorridos em 8.1.2023”. A frase de Paulo Gonet, o PGR, após adiar, e muito, uma decisão sobre o futuro do ex-presidente, é um sopro de esperança. Como se sabe, os inquéritos até agora concluídos pela PF são os do roubo de joias e de falsificação dos comprovantes de vacina. A tentativa de golpe, porém, cuja investigação só será concluída em dezembro pela PF, é a que tem o maior potencial de levar o inelegível à cadeia. Gonet já indicou que pretende concluir a denúncia  contra o capitão  sobre as joias e vacina após o segundo turno no próximo domingo. A frase acima, revelada à Revista Forum , escancara, entretanto, que a organização criminosa integrada pelo ex-presidente tentou dar um golpe no 8 de janeiro para permanecer no poder. No mesmo documento, o PGR autoriza o STF a cobrar do capitão e da cúpula golpista o prejuízo

O mocinho que virou bandido

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  Quanto mais se mexe com a Operação Lava Jato, mais ela fede. Agora, mensagens da Operação  Spoofing,  que deu na Vaza Jato, mostram nova fonte de ilegalidade: a plataforma clandestina  Sisdelatio , criada em 2016 por Deltan Dallagnol. “A necessidade de pesquisar nomes e palavras nos depoimentos e anexos das delações fez com que, na volta do recesso de Natal de 2015, eu pedisse à equipe da Procuradoria do Paraná a criação de um novo sistema de busca, o Sisdelatio”, diz ele em seu livro “A Luta Contra a Corrupção”. A ideia de Dallagnol, cujo mandato de deputado federal foi cassado em junho de 2023 pela Lei da Ficha Limpa, era compartilhar entre procuradores do país arquivos de delações, inclusive com provas de corroboração, tanto nos acordos fechados quanto nos em andamento e não formalizados. Seria mais uma ferramenta para permitir que os procuradores criassem formas de surpreender os investigados e assim forçar a condenação dos réus.   O que, além de antiético, é tota

O pesadelo do Inelegível

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  Fico imaginando o susto para o Inelegível que deve ter sido acompanhar a ascensão de Lamarçal que, num passe de mágica, conseguiu virar figura pública com seus golpes baixos desferidos no primeiro turno das eleições paulistas.  A estratégia do capitão misturou a menção a Brilhante Ustra no voto pelo impeachment de Dilma à sua performance com arminhas nas mãos. que culminou no negacionismo às vacinas e à preservação ambiental. Tudo turbinado pelas redes sociais. Com base nos ensinamentos de Steve Bannon, guru de Trump, o ex-presidente foi aos poucos montando um personagem que conseguiu, enfim, alçá-lo aqui ao olimpo de líder da extrema direita, categoria que passou  anos  submersa, envergonhada, e sai do esgoto com apetite voraz. De repente aparece alguém que consegue dar golpes ainda mais baixos que o dele, que se firma numa fórmula de premiar viralizações dos cortes (pequenas edições) feitos por seus milhares de seguidores. E que explora um terreno ainda intocado pelo capitão

Vazio que rende votos

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  Além de vereadores recordistas de votos nas últimas eleições, o que têm em comum Carlos, filho você sabe de quem, Lucas Pavanato (na foto com Carluxo), Pablo Almeida e Alexandre Salazar? Filiados ao PL do Inelegível, o trio teve atuação semelhante para alcançar seus bem sucedidos resultados. Os três transitam com grande desenvoltura pelas redes sociais com discursos de ódio da extrema direita. E assim tornaram-se campeões de voto em cidades tão distantes quanto Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Manaus. O estilo beligerante de Carluxo é nosso velho conhecido e tem lhe rendido a aclamação das urnas. Já o tiktoker Lucas Pavanato, 26, investiu na transfobia e no anticomunismo para chegar lá, postando polêmicas e factoides viralizantes. Assim como Nikolas Ferreira, vestiu peruca de mulher para defender que trans não podem frequentar banheiros femininos, além de defender a investigação de terroristas que invadam propriedades. Quando isso aconteceu? Propostas? Para quê, se inconsistên