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Mostrando postagens de agosto, 2023

Finalmente Salles vira réu

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  Poucas coisas chocaram mais naquela fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020, do que o então ministro Ricardo Salles dizendo que eles tinham que aproveitar a pandemia para passar a boiada e acabar com a legislação que protegia o Meio Ambiente. Aquele que ele deveria defender. Daí em diante foi uma sequência de socos no estômago, refletida na destruição ambiental em progressão geométrica dos últimos quatro anos. E Salles, o cínico mauricinho cometia as barbaridades que tanto agradavam ao inominável. Sua nomeação, por sinal, só ocorreu pelo perfil talhado a dedo, porque inicialmente o capitão nem pretendia ter um ministério do Meio Ambiente. Até que segunda-feira, finalmente, o atual deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) – que tem barbarizado na CPI do MST - virou réu na ação que apura um esquema de exportação ilegal de madeira, junto a servidores do Ibama. Salles foi denunciado pelo MPF por facilitar contrabando, dificultar ação fiscalizadora do Poder Público em q

Barbárie no Parque Guinle

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  Quando batizaram os cisnes do Parque Guinle de Romeo e Julieta, jamais se poderia imaginar que a história do casal se transformaria numa tragédia shakespereana .   Até porque a inspiração não veio do bardo de Avon, e sim do biscoito recheado de geleia de goiaba. Há oito anos a aeromoça aposentada, Claudia Lustosa, fez a doação das aves negras ao Parque, que mais tarde passaria a administrar. Elas juntaram-se aos gansos, marrecos e patos já presentes no lago que integra o paisagismo da antiga residência do empresário Eduardo Guinle, hoje um palácio onde o governador mora e recebe seus visitantes mais ilustres. A bicharada que passeia livre por ali originou uma associação específica, dentro do grupo de moradores que passou a administrar a área verde, pulsante coração das Laranjeiras. Primeiro foi Julieta, assassinada a pauladas pelo dono de um cachorro que a agredira, por ela ter reagido à agressão.  E ontem o garboso Romeo se foi, morto por um morador de rua, pego em flagran

O dia do Patridiota

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  “Aprovaram o "Dia do Patridiota". Todo dia 8 de janeiro, as pessoas vão se agarrar na frente de um caminhão, desfilar pela cidade e, de noite, vão na frente da Igreja das Dores chamar ETs do celular. E depois vão invadir o Palácio Piratini e se registrar na senha do Wi-Fi para saberem quem invadiu”. O comentário sarcástico é do escritor e jornalista Eduardo Bueno, o Peninha (foto), que assina o canal @buenasideias no Instagram, referindo-se à mais recente iniciativa da Câmara Municipal de Porto Alegre que criou o “Dia do Patriota”. Era só o que faltava na história do ridículo nacional, para não dizer, abuso com a boa vontade generalizada. Como se sabe, a efeméride pretende comemorar o 8 de janeiro de 2023, dia dos ataques golpistas de vândalos bolsonaristas à Praça dos Três Poderes, em Brasília. Ou seja, não apenas tivemos de conviver com aquela barbaridade, como essas bestas ainda criam uma comemoração oficial à data de triste memória. A absurda proposta foi prom

Revelações de um falastrão

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  O hacker de Araraquara é um falastrão. E não foi só à PF ou à CPMI que ele desandou a falar. Longe da ribalta, Walter Degatti deu com a língua nos dentes e relatou em conversas íntimas planos para mudar os rumos eleitorais de 2022. Ainda desconhecidas da PF e da CPMI, elas aconteciam paralelamente aos fatos, desde o segundo semestre de 2022, segundo o Portal Metrópoles. Na véspera do encontro com o inominável, entre agosto e setembro de 2022, Delgatti foi gravado admitindo que conhecia o teor da reunião que teria a seguir, após falar com Valdemar Costa Neto, presidente do PL: “Eles vão configurar o código-fonte para dar o resultado que eles querem”, disse, e explicou que o objetivo era provocar o TSE a autorizar a fiscalização das urnas por militares, para contestar uma possível vitória de Lula. Era aquela mamata de apertar o 22 e sair o 13 na urna, que seria apresentada no 7 de setembro de 2022. Só que melou. Em 22 de setembro, 10 dias antes do primeiro turno, o hacker det

"Militares não mandam, são mandados"

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  Um dos comandantes da PM presos em Brasília citou o artigo 142 como alternativa à posse de Lula. Esse continua a ser um equívoco dos que não acompanharam as mudanças constitucionais, como explica o historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva (foto) no Canal Meio. Simplesmente porque a eles isso não interessa. Durante o Império havia um quarto poder, o moderador, exercido pelo Imperador que podia, entre outras coisas, dissolver e convocar o Parlamento e as eleições. Os militares julgam-se herdeiros desse poder moderador. “Quem tem de manter a ordem interna são as polícias: a Federal e as polícias estaduais, civis e militares. Esse é o grande debate do artigo 142  da Constituição, que foi muito mal redigido”, observa Teixeira, especializado em militares. O texto, segundo o historiador, foi exigência dos verde oliva na transição da Constituinte de 1988. “Havia pelo menos 40 assessores militares no nível de coronel impondo sua visão.” E o que tem sido ignorado por eles são dua

A fonte do gabinete do ódio

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  “Mandei, qual é o problema?”, reagiu o inominável à Folha, sobre sua disseminação de fake news através do empresário Meyer Nigri, feito moleque irresponsável, com a velha conhecida arrogância dos últimos quatro anos. Foram ao menos 18 mensagens com ataques ao Judiciário, às urnas eletrônicas e vacinas contra a Covid 19. Numa delas, cita “sangue” e “guerra civil” em caso de derrota nas eleições, todas encaminhadas por Nigri a vários grupos de WhatsApp, entre fevereiro e agosto de 2022. Em uma delas, ele disse que “Barroso (Luís Roberto, o ministro na época presidente do TSE) faz peregrinação no exterior sobre o atual processo eleitoral brasileiro, como sendo algo seguro e confiável”, enquanto sustentou que sempre foi favorável ao voto impresso. Este sim, com largo histórico de falsificações e descontrole. “O Datafolha infla os números de Lula para dar respaldo ao TSE por ocasião do anúncio do resultado eleitoral. REPASSE AO MÁXIMO, dizia outra mentira, a qual o fundador da empr

Capitão ajuda Dilma Rousseff

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  Em última análise, quem perdoou as pedaladas fiscais de Dilma Rousseff foi o inominável. É isso mesmo que você leu. Simplesmente porque foi o ex-presidente quem afrouxou a lei de improbidade no TRF-1 para se beneficiar do processo que o ameaçava, da Val do Açaí. Ou seja, promoveu um grande esvaziamento da legislação em vigor sobre improbidade administrativa, o que permitiu o arquivamento da ação contra a ex-presidente. “O grande esvaziamento dessa legislação justificou a medida”, argumentou o relator do caso, juiz Saulo José Casali. Em outubro de 2021, o capitão sancionava, sem vetos, o projeto que flexibilizou a lei da improbidade. E livrou a própria cara.  “A Dilma foi aliviada pelo TRF-1 do caso das pedaladas fiscais, seria um caso de improbidade e ela acabou blindada”, admite o jornalista Felipe Moura no site O Antagonista . “ E quem sancionou o afrouxamento da lei de improbidade? Jair Bolsonaro, depois de uma aprovação do Congresso Nacional. Ele achou ótimo o afrouxament

Punição exemplar à caserna

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  Em encontro fora da agenda no último sábado, Lula ouviu dos comandantes militares que estão sendo identificados nomes que tenham cometido irregularidades. Leia-se golpismo. O presidente, que não quer se indispor com a caserna, sabe que caminha em areia movediça, no morde e assopra sobre quem se acostumou às benesses do governo anterior. Para não dizer com as sucessivas chamadas para virar a mesa. Acabamos de ver o ponto marcado pelos verde oliva, que conseguiram sustar o depoimento do general Paulo Sérgio Nogueira, após reunião do alto comando do Exército com o presidente da CPMI dos Atos Golpistas, Arthur Maia. A convocação dos generais Augusto Heleno e Gustavo Henrique de Menezes, ex-comandante Militar do Planalto, também está por um fio, conforme a jornalista Bela Megale.   Nessa gangorra, o Estadão publicou recentemente a coluna “Militares veem Justiça esticando a corda e gerando instabilidade e insegurança nas Forças Armadas”, posterior à prisão dos comandantes da PM do Distrito

Banda subverte os 'bons costumes'

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  Além de todos os danos que causou ao país, o bolsonarismo dividiu famílias, afastou amigos. Eu mesma perdi uma daquelas amigas que julgava eterna e outra nem tanto. Também não posso falar em política em família. Meu irmão é bolsonarista e minha irmã, casada com um desses exemplares. Como somos três, fiquei em minoria na própria casa. Um caso que chega a ser cômico é o dos irmãos Silvinei e Rodney Vasques (à direita na foto). O primeiro está preso por comandar operações da PRF que prejudicaram o acesso dos eleitores nordestinos de Lula às urnas no último pleito. O segundo é guitarrista e vocalista da banda Far.Pass, criada em 2007 em São José (SC), onde eles nasceram. Embora não critique ou sinta pena do atual destino do brother , o grupo tem viés político e não se furta em barbarizar o inominável.    Com a ironia que anda em falta nesses últimos anos, a canção “Boi, bala e bíblia” tem no refrão: "Deus acima de todos, e o pobre no caixão". São claros os alvos: o agro

Democracias em crise

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  Uma leitora que muito prezo comentou da ‘dodeira' aqui do que acontece nos EUA, onde quanto mais processos Donald Trump sofre, mais ele conquista eleitores republicanos e cresce na disputa com os democratas. Aqui, havia uma dose de conformismo quando assistimos ao 8 de janeiro, ainda com a memória viva da Invasão do Capitólio no 6 de janeiro, dois anos antes. Era como se já soubéssemos o que iria acontecer inevitavelmente, dada a influência de Trump sobre o inominável. Não deu outra. Agora, em relação a eles, podemos respirar aliviados porque o capitão tem pela frente oito anos de inelegibilidade. Se é que conseguirá escapar da cadeia. Enquanto sua fonte de inspiração – com quem manteve encontro telefônico secreto em 14 de setembro de 2022, segundo o jornalista Guilherme Amado – continua a crescer. Na quarta vez em que foi tornado réu, Trump tentou reverter a vitória de Biden, por uma pequena margem, quando conquistou 16 delegados no Colégio Eleitoral da Georgia, na primeir

Pior presidente do Brasil

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  Que a  famiglia  passou quatro anos abusando de  fake news  não é novidade para ninguém. Só que após o estrondoso escândalo de contrabando de joias da União, não há como tentar ofuscar o tamanho da desmoralização do mi(n)to. Ainda assim Eduardo, o 03, tentou. Só que que caiu no ridículo, ao lançar há duas semanas o calendário para o ano de 2024 – tentativas de resgatar votos para o PL para as prefeituras brasileiras no próximo pleito municipal –, cujo tema é a “trajetória vitoriosa” do papai. Mais uma tentativa de ofuscar os fatos, justo no momento em que a PF (a qual o inominável tentou cooptar durante sua (indi)gestão) investiga esse suposto esquema de desvio de joias, que envolveu do general quatro estrelas muambeiro ao ex-faz tudo despachante de vigarista. E antes das novas denúncias de Mauro Cid e do hacker de Araraquara, Walter Delgatti. O vídeo do tal calendário foi publicado no perfil de Eduardo em seu Instagram, com todas as etapas do que o pretencioso filho considera

Passo a passo sem volta

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  “O Bolsonaro, ele está preparado com o Exército...As Forças Armadas para fazer a mesma coisa que aconteceu em 64. O povo vai pras rua (sic), ninguém vai aceitar o Lula ganhar a presidência. O povo vai pedir intervenção, e aí, meu amigo, eles vão nos livrar do comunismo novamente”. A frase, sem pé nem cabeça, saiu do coronel Kleber Rosa Gonçalves, comandante geral da PM no DF, proferida em 28 de outubro de 2022. Já o coronel Marcelo Casimiro, então chefe do 1º Comando de Policiamento Regional, apontou três possibilidades para a sucessão presidencial, em 1º de novembro de 2022: “artigo 142 (Exército agindo como poder moderador, o que é inconstitucional), intervenção federal e intervenção militar." Com base em provas concretas, os dois e mais cinco militares da cúpula da PM-DF foram presos na última sexta-feira. Agora a PF, não mais aparelhada, age.  E faz o que tem de ser feito. “Se eu tiver amanhã de comandante da manifestação, como estarei, eu não vou permitir a atuação

Tentativas de virar o jogo

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  Após a euforia da tese do terceiro advogado do ex-faz tudo e despachante de vigarista, Mauro Cid, de que seu cliente agiu sob “obediência hierárquica”, calma lá. A tese passou a não abranger o conjunto da obra... Primeiro, Cezar Bittencourt (foto) disse no Estúdio I que o dinheiro da venda do Rolex foi para Bolsonaro ou para a ex-primeira-dama. Só que para quem está de fora, o último escândalo que incriminou o pai do militar, o general muambeiro Lorena Cid, é apenas a ponta do iceberg . E o estímulo aos atos golpistas? E sua participação na campanha para desacreditar as urnas eletrônicas e os ministros do STF? E o esforço para recuperar as joias das Arábias num avião da FAB? E os pagamentos a Michelle? E a falsificação de vacinas que o levou à prisão cautelar? Esquece. Bittencourt, que inflou o peito com a nova estratégia que teria tudo para amenizar a barra do cliente, admitiu não conhecer a famiglia ou seus defensores. Sendo assim, não sabe do que são   capazes. Dá para ima

Incêndio no parquinho dos Bolsonaro

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  Do entorno de paus mandados, até agora só o hacker Walter Delgatti fez acusações concretas ao inominável: fora o convite a ele próprio para invadir as urnas eletrônicas, disse ainda que estrangeiros teriam grampeado o ministro Alexandre de Moraes, e que ele, Delgatti, devia assumir a culpa. E prometeu indulto – como o de Daniel Silveira – se ele fosse preso ou perseguido por esse motivo. O ex-presidente assumiu em parte as acusações, como o encontro que manteve com o hacker e sua ida ao ministério da Defesa. Sobre as acusações que possam incriminá-lo saiu-se com “fantasiosas”. Ou seja, se Delgatti não tiver como provar o que denunciou, ficará por isso mesmo. Só que dessa vez, segundo analistas, o bicho vai pegar. Inclusive o hacker faz outro depoimento hoje à CPMI.  J á a situação do ex-faz tudo e despachante de vigarista, Mauro Cid, vai complicar para o ex-chefe. Três advogados de defesa depois, o atual, Cezar Bitencourt, defende que seu cliente agiu sob “obediência hierá

Desfecho da guerra às drogas?

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  Após ser interrompido em 2015 por um pedido de vista do falecido ministro Teori Zavascki, o STF retoma hoje o julgamento do recurso que pode permitir a descriminalização do uso da maconha. Livraria 70 mil dos 215 mil presos por tráfico de drogas do país. A lei não proíbe o uso recreativo, apenas não distingue a quantidade que caracteriza usuário de traficante, o que enche os presídios brasileiros de pretos e pobres. O STF analisa recurso extraordinário com repercussão geral - cuja decisão valerá para todos -, movido pela Defensoria de São Paulo em fevereiro de 2011 a favor de um réu condenado por 3 gramas de maconha na prisão. Por lei, a pena seria apenas prestação de serviços à comunidade ou comparecimento em curso educativo.   Como lembra o jornalista Pedro Dória, por cinco mil anos a maconha fez parte da cultura da China, Índia, Babilônia e Egito, onde era usada sem restrições. Até que, em 1937 (ano da instalação do Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas), Harry Anslinger