Golpe na tradição espanhola

Herdamos a tradição portuguesa de evitar o derramamento de sangue nos eventos extremos, como golpes de estado, por exemplo. O ditador Antonio Salazar (1889-1970) foi um que chegou ao poder através de um pacto sem sangue. O que não quer dizer que não sejamos violentos. A violência existiu - oculta - na colonização dos povos indígenas, nas senzalas dos escravos, nos porões das ditaduras militares. O marechal Deodoro da Fonseca – o primeiro presidente do país após o golpe que derrubou a monarquia - sequer teve coragem de dar pessoalmente a ordem de prisão ao primeiro ministro, Visconde de Ouro Preto, em 1889. Até no golpe militar de 1964 o aloprado general Olímpio Mourão Filho comandou os tanques de Minas Gerais ao Rio sem uma gota de sangue, enquanto João Goulart, o presidente deposto, escafedeu-se para Montevidéu (embora haja dúvidas se ele foi assassinado pela Operação Condor, que envolve nossos vizinhos de origem espanhola). Não houve bombardeio a palácios presidenciais ...