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Mostrando postagens de outubro, 2021

Presidente cercado de mágoas

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  Roberto Jefferson, como se sabe, é o mais novo nome da lista de desafetos de Bolsonaro. Abandonado pelo antigo aliado, o ex-presidente do PTB joga cobras e lagartos sobre o presidente, e ameaça levar denúncias ao STF. “Ele foi cercado por figuras do Centrão, que o fizeram capitular frente os rosnados das bestas famintas do dinheiro púbico”, “Quem anda com lobo, lobo virou, lobo é”, são alguns dos impropérios do agora indignado Jefferson. Na semana passada, outro fantasma voltou a ser revirado por outro ex-aliado, Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro, quando o presidente interrompeu a entrevista a seu filho, na rádio chapa branca Jovem Pan. Marinho voltou a sacar a ameaça do celular de outro ex-aliado também jogado às traças pelo presidente, Gustavo Bebianno, braço direito na campanha eleitoral que morreu precocemente de infarto, aos 56 anos, em março de 2020. Após a morte de Bebianno, pairava no ar a ameaça das revelações contidas em seu celular, até segunda or

A fórmula do ódio & algoritmos

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  Não conseguia entender a associação feita por Bolsonaro entre a vacina contra a Covid e a Aids. O colunista Merval Pereira, porém, matou a charada com as teses do politólogo italiano Giuliano da Empoli (foto). O professor de Siences Po, em Paris, líder do think thank  Volta, de Milão, e autor de "Os engenheiros do Caos" (Editora Vestígio), analisou no Le Monde o novo fenômeno da extrema direita francesa, Éric Zemmour. Enquanto viemos com a farinha, eles já vêm com o pão. O objetivo dos novos líderes populistas é excitar as paixões de pequenos grupos, o que vai de encontro às denúncias de uma ex-funcionária do Facebook,  sobre a provocação dos usuários da plataforma com reações emocionais e polêmicas. Para da Empoli, o ódio e os algoritmos são uma mistura explosiva na política atual. Não se trata de buscar um denominador comum no eleitorado. A convergência não virá do centro, e sim da inflamação dos extremos. Ele sabe que em certos momentos históricos, como o que viv

Mestre em terceirizar culpa

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  Bolsonaro é mestre em terceirizar sua culpa. A última foi atribuir à CPI da Covid, que chamou de “palhaçada”, a imagem negativa do país no exterior, a fuga de investidores e a escalada do dólar. “Para fora do Brasil, a imagem é péssima. (...) Acham que eu matei gente de Covid. Gente que quer investir no Brasil não investe. Isso mexe na bolsa, no preço do dólar.” Só que a cada crise criada pelo presidente o mercado reage com a queda na Bolsa e alta do dólar, como foi no 7 de Setembro, por exemplo. Após o recente nocaute no teto de gastos, que arrastou quatro auxiliares chave do ministério da Economia, o dólar teve a maior alta desde abril e a Bolsa a maior queda do ano. E, como se sabe, a política ambiental de Bolsonaro nos alçou ao título internacional de “párias”, o que só tende a piorar com a Conferência de Glasgow. No auge da pandemia, o presidente atribuiu a crise econômica aos governadores e prefeitos pelas medidas de isolamento que tomadas. E, de quebra, o STF, que au

Cenários para 2022

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  O horizonte de 2022 ainda é turvo. Para o analista político Creomar de Souza, porém, já é possível fazer previsões. O que mais o tem surpreendido é o salto de Gilberto Kassab de prefeito de São Paulo a eminência parda do jogo político. "Ele trabalha com a ideia de ressuscitar o PSD com a referência de Juscelino Kubistchek", analisa. "Kassab captou a ansiedade de setores do mercado por um nome fora da dualidade Lula/Bolsonaro e aposta em Rodrigo Pacheco", aponta  Souza, que acredita ainda no candidato em chapas, com Lula, o PSDB ou o próprio Bolsonaro. Este último, a blogueira que vos fala acha menos provável, pelo fato do presidente já ter manifestado sua irritação com a metamorfose do ex-aliado em possível concorrente, assim como ocorreu em relação a Sérgio Moro. Já Lula vende a ideia de que a desigualdade diminuiu em seu governo. O que é de fato verdadeiro, dentro da conjuntura internacional que lhe foi altamente favorável. “Ele precisa resgatar milita

Mais mentiras intrigam vacinas

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  As técnicas de divulgação de fake news  de Bolsonaro já são velhas conhecidas dos brasileiros. O golden shower, por exemplo, foi das tentativas pioneiras em desviar a atenção de assuntos que não interessavam ao presidente. Mesmo acostumados ao método, como entender a  live de Bolsonaro anunciando que a vacinação completa contra a Covid pode causar Aids? Que foi mais uma jogada política não há dúvidas. Cansado da abstinência de proferir impropérios desde a carta à Nação de Michel Temer, há mais de um mês, o capitão teria saciado a sede de aparecer com o mais novo absurdo? Mais uma vez ele obrigou a mídia a buscar explicações plausíveis que contrariassem a mentira. O Correio Brasiliense entrevistou   o virologista Robert Gallo, responsável pela conclusão de que o HIV era o causador da Aids.   “É óbvio que nem a vacina contra a Covid-19 nem qualquer outra vacina causa Aids”, garantiu Gallo. O estrago, porém, estava feito. Claro que será mais um desestímulo aos seguidores para

Como um dono do dinheiro vê 2022

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  Eis que o invisível mercado financeiro mostra sua cara. Ou pelo menos um dos donos do dinheiro. Em áudio vazado, o banqueiro André Esteves, que já foi Lula de carteirinha, falou das tendências para as eleições de 2022:   “Se o presidente Bolsonaro ficar calado e trouxer novamente tranquilidade institucional para o país, ele é o favorito.”   Polarizado, porém, como os brasileiros, continuou:   “Se o ex-presidente Lula deixar ‘declarações bombásticas de esquerda’ restritas à cultura e ao meio ambiente e tiver nomes de centro na área econômica, pode se tornar o favorito.”   E ainda deu uma chance ao centro:   "Se os extremos ficarem nos extremos, esse centro vai andar”, e cita João Dória e Eduardo Leite como favoritos. Os comentários permearam o evento "Future Lider" do Banco BTG, do qual Esteves é dono, na quinta-feira 21.  O banqueiro atrasou-se para falar com Arthur Lira, no mesmo dia da debandada de secretários do ministério da Economia e do anúncio por Gu

Desembarque do mercado: para valer?

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  Mais uma vez estamos diante de uma situação com potencial de debandada. Quando saiu Mandetta, em meio ao auge da pandemia, a terra tremeu, com a sequência de óbitos em progressão geométrica pela Covid-19. Depois foi Sérgio Moro, o paladino da luta contra a corrupção, um tanto ao quanto duvidoso ao aceitar compor no governo que ajudou a eleger, por decretar a prisão de Lula. Na medida em que a Economia começou a despencar, e após a revelação da offshore de Paulo Guedes em paraíso fiscal, pensou-se que tinha chegado a vez do Posto Ipiranga cair. Curiosa, contudo, é a tolerância do mercado financeiro. Assistiu calado ao descontrole do governo com a pandemia, à destruição de nossos biomas, da Cultura e da Educação, à volta da inflação, à fome e desemprego crescentes.  Isso por acreditar que, apesar do desastre na Economia, era melhor com Guedes do que sem ele. Só que antes do ministro furar o teto de gastos. Para o professor da FGV, Mauro Rochlin, vai ser difícil o mercado “vo

Revolta do passaporte da vacina

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Arthur Lira ousou instituir o passaporte da vacina para as sessões presenciais da Câmara (e mantém a obrigação do uso de máscaras). Adivinhem que não se conformou? Claro que os bolsonaristas, com sua lógica de levar vantagem em tudo. Para começar, foi um esboço de tapa na cara de Bolsonaro, crítico de governadores e prefeitos que fizeram o mesmo. E o próprio presidente estará impedido de entrar na Câmara, se necessário for, como ocorreu no jogo do Santos. Argumento: a exigência fere o direito de ir e vir. Só não leva em conta o mesmo direito dos que já se vacinaram e necessitam dessa proteção básica do vírus alheio. “Não me vacinei e exijo respeito em relação à minha decisão, nesse momento, de não me vacinar”, diz ao Globo o deputado Junio Amaral (PSL-MG). Ok. O senhor tem todo o direito de tomar essa decisão, o que não tem é o direito de colocar a saúde de seus colegas em risco. Pior ainda foi o deputado Coronel Armando (PSL-SC), que se vacinou, porém, nega-se a apresentar o c

Fome fura o teto

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Imagino o diálogo entre o Posto Ipiranga, agora mais para Posto de Primeiros Socorros do presidente, após este ter de engolir goela abaixo o que seria o maior pecado para um ultraliberal: assumir que vai romper com o teto de gastos. “Chefe, temos um orçamento de R$ 1.655 trilhões. Podemos recorrer às emendas secretas do centrão. Só precisamos de R$ 30 bilhões para o Auxílio Brasil, não seria preciso fazer essa manobra arriscada de romper o teto”. “Acontece, seu ignorante, que estou nas mãos do centrão. Se tirar esse dinheiro eles abrem o impeachment contra mim, ainda mais agora, depois do bombardeio da CPI da Covid”. O diálogo imaginário não deve estar muito distante do que aconteceu na realidade. O ministro da Economia teve de engolir a subida dos R$ 300 para R$ 400 do tão necessário auxílio social, e só soube da mudança depois do leite derramado pelo colega da Cidadania, João Roma. O resultado está aí: mais pedidos de demissão de auxiliares – até hoje 15 já pegaram o boné -, queda n

Ri melhor quem ri por último

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  Quando Flávio imitou a gargalhada do pai diante do relatório da CPI da Covid, havia ali um componente nervoso do medo, embutido no deboche. Tanto Bolsonaro conhece seu risco, que correu em aumentar em R$ 100 o (necessário) Auxílio Brasil, sua boia de salvação para as eleições de 2022. Mais do que nunca, precisará da imunidade para não ir parar atrás das grades. O senador Randolfe Rodrigues, vice da CPI, estima que os crimes imputados ao presidente somem mais de 100 anos de prisão. Se há alguma tranquilidade por Bolsonaro, é saber que o relatório vai parar nos aliados Augusto Aras e Arthur Lira. Rodrigues sustenta, contudo, que não restarão argumentos ao PGR para alegar falta de embasamento ao relatório.  Se há algo que tem mobilizado minha indignação é acompanhar o cotidiano de absurdos cometidos por Bolsonaro durante a mais mortífera crise sanitária já vivida pelo país, fartamente reproduzida neste blog. A sequência de óbitos que saltavam aos milhares dia a dia, porém, con

Horizonte da terceira via

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  Segundo o Antagonista, a nova missão de Carlos Bolsonaro é detonar a terceira via nas redes sociais. Para quem está por baixo da carne seca em relação a Lula, tudo o que o presidente não quer é mais um concorrente ao seu projeto de reeleição. É o cientista político Carlos Melo, do Insper, quem atualiza, no Canal Meio, a quantas anda este cenário. João Dória acompanha o despontar de seu concorrente nas prévias do PSDB, o gaúcho Eduardo Leite. “Ele tem crescido porque não teria a rejeição de João Dória”, diagnostica. “O problema de Dória é que ele se elegeu prefeito batendo fortemente no PT e na esquerda. E repete como governador. Há um campo progressista que torce o nariz para Doria, que também se incompatibiliza com a direita”, completa. Melo admite achar que não haveria espaço à terceira via – que ele prefere não chamar assim por ela não ocupar um terceiro lugar – pela tendência de Lula a buscar o centro. “Lula, porém, não tem feito o movimento de um governo mais amplo. Is

O vale tudo do clã

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  Se há um atributo de Bolsonaro em relação a seus zeros é a discrição. Fora as vistosas motociatas, ultimamente o máximo que ele ostentou foi posar do lado de fora de um restaurante em Nova York comendo pizza.  Dos filhos já não se pode dizer o mesmo... O ex-candidato à embaixada dos EUA, Eduardo, viajou a trabalho a Dubai com a mulher, Heloisa, e a filha Geórgia. Se a pequena, de apenas um ano, não se lembrar do longo e cansativo deslocamento de avião, ela terá para sempre a memória da família travestida de árabes na foto turística da Central Market Souk, divulgada nas redes por Heloisa. Custa em torno de R$ 1 mil. Soco no estômago dos brasileiros. Sobretudo dos famintos. O 03 integra a comitiva brasileira que participa da Expo Dubai 2021, com o vice Hamilton Mourão e outras 69 pessoas, brincadeira que pode custar aos cofres públicos R$ 3,6 milhões. Eduardo diz que representa a Frente Parlamentar Brasileira Emirados Árabes e que viajou por sua conta. Justificou a presença d

Apesar de você, nos vacinamos

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  Apesar de todo o esforço contrário de Bolsonaro, chegamos ao último domingo com 49% da população brasileira totalmente vacinada, ou 104.429.429 imunizados. O feito, como se sabe, deve-se ao Programa Nacional de Imunização do SUS, mesmo com os esforços do governo para dinamitar sua comprovada eficiência, especialmente durante a gestão do ministério da Saúde pelo general Pazuello. “O Brasil possui uma longa história de disponibilidade de vacinas no sistema público de saúde. O PNI existe desde a década de 1970. Está na cultura do brasileiro imunizar-se", diz o infectologista André Bom no Correio Braziliense.  A situação brasileira é bem diferente da americana e da francesa, onde o negacionismo ainda pesa, apesar de ambos os presidentes estimularem a vacinação. Pesquisa realizada em julho nos EUA mostrou que 33% dos americanos não querem se vacinar, 57% deles, republicanos. Na França, mais de 200 mil pessoas participaram de ato em agosto contra a lei que cria o passe sanitár

Caminhoneiros, o avesso do agro

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  Greves de caminhoneiros são de triste memória pelo potencial de estrago que têm capacidade de provocar. No 7 de setembro, foi a categoria que aderiu mais incondicionalmente aos chamados de Bolsonaro para o golpe e comemoraram o que acharam ter sido a decretação do estado de sítio. Como se fosse vitória da causa pela liberdade... Agora eles prometem voltar à carga, na paralisação convocada para o 1º de novembro. Dessa vez, os motivos são todas as promessas não cumpridas pelo governo, como a redução do preço do diesel, o preço mínimo do frete e aposentadoria por 25 anos de contribuição, entre outras reivindicações. Provavelmente eles também não sabem que o maior fator no aumento do preço dos combustíveis não é o ICMS demonizado pelo presidente da Câmara, em mais um movimento para puxar o saco do chefe. E sim o dólar nas alturas, não só para atender aos interesses de outros aliados, do agronegócio, como pelas crises criadas pelo presidente que desvalorizam nossa moeda. Nesse cas

Sai ódio, entra agenda positiva

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  Como já foi dito aqui, uma das urgências do próximo governo deveria ser eliminar as prerrogativas do presidente de nomear o PGR e ministros do STF. Enquanto há um mês tem abaixado o tom, Bolsonaro se debate pela aprovação pelo Senado de André Mendonça à próxima vaga do Supremo. Como se sabe, longe do saber jurídico, o que importa ao presidente é fazer média com seu eleitorado, com a escolha de um magistrado “terrivelmente evangélico.” E, nesse inferno astral de baixa popularidade, Bolsonaro já barganha outras indicações às próximas duas vagas que surgirão em 2023, com a aposentadoria dos ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Na mesma linha. Isso, diga-se de passagem, se for reeleito. Dessa vez, os agraciados serão os ruralistas, os mesmos que ajudaram a bancar os atos antidemocráticos do 7 de setembro. Conforme o Poder360, Bolsonaro disse à bancada do agronegócio que indicaria dois nomes “alinhados” com o governo e as pautas do setor. Mais uma vez, o saber jurídico irá

E se Bolsonaro renunciar?

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Quem primeiro cantou essa bola foi César Maia, em entrevista ao Globo. Ontem o jornalista Pedro Dória fez coro no Canal Meio: e se Bolsonaro resolver renunciar? Para quem tem demonstrado tanta fome de poder a hipótese pode ser considerada remota. Porém, não impossível. Embora não seja dos mais bem dotados em matéria de QI, de bobo Bolsonaro não tem nada. Melhor do que nós, simples mortais, ele tem observado o cerco que se fecha ao redor de si e dos filhos, com grande chances de cadeia para todos. Assim sendo, a perda do foro especial seria questão de vida ou morte para ele e para o clã, que a cada dia usufrui mais de suas rachadinhas em mansões mirabolantes e imóveis que jamais poderiam adquirir com seus próprios salários. César Maia sinalizou com um pacto. De um lado, Bolsonaro abriria mão de concorrer às eleições de 2022. De outro, teria assegurada a sua liberdade e a dos seus. Dória foi mais longe. Mesmo sabendo que por enquanto tudo não passa de fofoca, que já circula em