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Efeitos colaterais do banho de sangue

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  Três questões integram a recente – e hipócrita – criação do Consórcio da Paz, formado por governadores de oposição da extrema direita. Primeiro, eles abraçaram a causa da segurança pública e escantearam Bolsonaro das decisões. Tanto que Flávio, o filho 01, não foi sequer convidado ou consultado para essa invenção da gangue da extrema direita. Eduardo nem poderia, a não ser se participasse virtualmente. Sabe que tem risco de ser preso se voltar ao Brasil. A essas alturas, esses governadores devem estar se ufanando por encontrar na segurança pública a causa capaz de reverter a popularidade de Lula, dada a tradicional reversão do tema pela esquerda, embora o governo tenha apresentado a PEC da Segurança com potencial para minorar o problema. Tarcísio – que participou da reunião de quinta-feira no Palácio Guanabara remotamente, em precaução para não aparecer na foto com os demais – assumiu o lobby pró-Trump, ao defender a mudança da legislação para equiparar o narcotráfico do c...

Extermínio pela popularidade

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Já entramos em ritmo das eleições de 2026. E a matança de Claudio Castro foi o gatilho que faltava à extrema direita para unificar seu discurso, mesmo fragmentada, em torno da segurança. Tanto que todos os governadores desse segmento vieram ao Rio se solidarizar com nosso governador e ainda criaram o vergonhoso Consórcio da Paz.   Castro passou a ser o exterminador de bandidos. (Alguém que se cacifou no passado como caçador de marajás...).  Para o PL, a Operação Contenção devolve a Castro a capacidade de se candidatar ao Senado. Sangue dá votos! Detalhe: Edgar Alves de Andrade, o Doca, líder do Comando Vermelho (CV), escapou (deve ter pago propina a alguém). Nenhum dos 109 mortos já identificados constam da denúncia do MP. E Castro sustenta que a operação foi um sucesso... Embora não vivamos sob uma insegurança como a de Gaza, matamos muito mais, em tempo menor. Para a  antropóloga Jaqueline Muniz, especialista em segurança pública, operações violentas só servem para ...

O consórcio da hipocrisia

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  Quando eu disse aqui que a extrema direita tinha encontrado no morticínio do Rio de Janeiro a sua tábua de salvação, nem podia imaginar o quanto estava certa. Foi estarrecedora a coletiva ontem do “Consórcio da Paz” (foto), realizada entre os sete governadores de direita da federação. Cláudio Castro, governador do Rio, foi quase que alçado a herói nacional no encontro. A Operação Contenção, que já matou 121 pessoas é um atestado de incompetência, porque os óbitos não acontecem em operações bem sucedidas. (Segundo a Revista Fórum , a operação foi encomendada pela Polícia Civil porque o Comando Vermelho (CV) estaria invadindo áreas de milicianos na Penha e no Alemão). Jorginho Mello, governador de Santa Catarina, foi eleito marketeiro do grupo de oportunistas, ao vender a ideia da “Paz” através da guerra. Em sua malfadada operação, Castro 'descobriu' que a cidade do Rio reúne a maior fatia do Comando Vermelho (CV). PCC virou café pequeno... E, assim como Flávio Bolsonaro ...

Mortes invisíveis

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  O troglodita Cláudio Castro considerou um “sucesso” a operação que matou 121 pessoas nos complexos do Alemão e da Penha na terça-feira. A mais letal já realizada no país, acima de Carandiru. Para ele só morreram quatro, os policiais abatidos, porque o resto são pobres. Não existem. Estarrecedor. Ontem assistimos às devastadoras imagens dos 40 corpos levados à Praça São Lucas, no Complexo da Penha (foto). É óbvio que havia inocentes entre os executados.  E já não restam dúvidas de que a extrema direita vai se apoiar nessa tragédia anunciada como boia de salvação, na tentativa de reverter a popularidade ascendente de Lula, agora também embalada pelas pazes feitas com Donald Trump. Que, por sinal, já matou 43 ao destruir supostos barcos de traficantes venezuelanos. Crime internacional. A moda pegou por aqui: Castro também se lixa para os mais de 100 eliminados pela truculência do Estado. Os abutres da direita desembarcam hoje no Rio para se solidarizar com Castro. São e...

Castro atribui caos a Lula

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Ontem tinha me dado ao luxo de me alienar. Juntei três amigas da vida toda para curtir a quarta que vive há uns 40 anos fora do país. Moro num pedaço meio isolado da Zona Sul e, de fato, não ouvimos os ruídos que assolaram a cidade. Só que era impossível ignorá-los. Familiares começaram a ligar para saber se as amigas estavam seguras. Estavam, enquanto morriam ao menos 64 nos complexos do Alemão e da Penha (foto), na mais letal operação policial já realizada no Estado do Rio de Janeiro. Não pode ser normal. Era mais uma campanha eleitoral do que operação de segurança, de óbvias consequências. Em tom de vítima, o governador Claudio Castro reclamou da falta de apoio do governo federal: “ O Rio está sozinho nessa guerra”, lamentou-se. E é com essa a imagem que a oposição pretende superar a aproximação entre Lula e Donald Trump. Eles andam mesmo sem ter para onde correr. Ainda não há indícios do que as juras de amor entre os dois vão significar – ontem ao procurar Marco Rubio...

O choro dos perdedores

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  Nada como um dia após o outro. Enquanto Lula comemora sua aproximação de Donald Trump – “toda vez que tiver alguma dificuldade conversarei pessoalmente com ele. Ele tem meu telefone, eu tenho o telefone dele –, os bolsonaristas se desesperam cada vez mais. A regra vai soterrar quaisquer intervenções de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, que envenenaram o presidente americano com fake news para que ele evitasse a prisão de Bolsonaro. O canal direto entre os dois líderes vai encerrar de vez a influência exercida pelos dois traíras.   Agora Trump já sabe que os EUA não têm déficit com o Brasil, pelo contrário, são superavitários. “A taxação, segundo a carta dele, foi equivocada numa mentira”, disse o Lula aos jornalistas na Malásia, onde ele ainda permanece. E ainda teve a cereja do bolo: a ligação de Trump, de dentro do Air Force One, dando os parabéns a Lula pelos seus 80 anos. Quando estávamos sob o auge da influência bolsonarista sobre o republicano, era impossíve...

Dada a largada à paz tarifária

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“ Vamos chegar a um acordo" — garantiu o presidente dos EUA , após 50 minutos de reunião com Lula ontem na Malásia. Já o petista antecipou que "haveria boas notícias" e que ambos vão orientar suas equipes para se reunir “imediatamente” para prosseguir nas negociações. Noticia alvissareira, atestada pela postura relaxada de Lula durante a reunião de ontem. Sobre Bolsonaro, Trump admitiu que sempre gostou do ex-presidente, reagiu,  porém, como “não é da sua conta” ao repórter que perguntou se o inelegível entraria na discussão dos dois líderes. Beleza. Agora, se  você é daqueles que acredita que Trump não consegue ir até o fim do seu mandato, aperte os cintos: segundo seu estrategista, Steve Bannon, há um plano para que o presidente consiga concorrer a uma terceira gestão, embora seja uma violação da 22ª Emenda da Constituição dos EUA. “Trump será presidente em 28, e as pessoas precisam se acostumar com isso”, afirmou Bannon em entrevista. . “Há muitas alternativas d...