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Mostrando postagens de julho, 2020

A história se repete

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Há cem anos, ao meio dia de 21 de novembro de 1918, soaram as sirenes em São Francisco, nos EUA. Era o anúncio do fim do confinamento e o convite à volta à normalidade. Fora  um árduo ano de sacrifícios, sob as duras medidas adotadas para conter a gripe espanhola, que matou 50 milhões de pessoas no mundo. A  Primeira Guerra acabara dez dias antes e a população saiu às ruas, cheia de motivos para comemorar. Ninguém aguentava mais o isolamento. Todos voltaram eufóricos aos restaurantes, aos teatros e jogaram suas máscaras no lixo. Festejavam a vitória à mais mortal pandemia que  até então  já atingira o planeta. São Francisco fora das primeiras cidades americanas a se submeter ao distanciamento e ao uso obrigatório de máscaras. Só que poucas semanas após aquele relaxamento os casos e as mortes voltaram a subir. E quando as autoridades tentaram reativar as medidas obrigatórias de prevenção, que ninguém aguentava mais, começaram os protestos. A “Liga-Anti-Máscaras” - cuja existência já m

Democracia Já!

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As ruas se uniram em torno das Diretas Já Estamos quase na metade da claudicante, ineficaz e trágica gestão Bolsonaro, que despreza a vida humana, a natureza, a educação e a cultura, por hora calado em sua pregação pelo golpe de estado. Esse fatídico e mortal 2020 já passa da metade e a cada dia se aproximam as eleições presidenciais. Diante da falta de grandeza da oposição em formar uma frente ampla, capaz de deter a besta em 2022, fica aqui minha modesta sugestão por um movimento capaz de unir alhos e bugalhos até lá: Democracia Já ! Essa semana, o papo do jornalista Pedro Dória com o sociólogo Celso Rocha de Barros, no Meio, girou em torno da busca por uma alternativa capaz de vencer Bolsonaro nas próximas eleições presidenciais. Me chamou atenção quando Barros mencionou a dificuldade enfrentada pelo ex-governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira, para criar a campanha Diretas Já, entre 1983 e 1984. Jovem repórter do Jornal do Brasil, como a grande maioria das pessoas que eu conh

Que venha o final feliz!

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Goiabinha chocando atrás das grades A novela do pandemônio no reino animal continua. Contei aqui sobre o drama shakesperiano vivido pelos cisnes do Parque Guinle, que acaba de ganhar um novo capítulo. No início da pandemia, durante minhas passagens diárias pelo parque anexado ao palacete que levou à falência o empresário Eduardo Guinle (1846-1919), felizmente aberto ao público a partir de 1940, observei, aflita, o desaparecimento dos três ovos chocados por Goiabinha – atual mulher de seu pai, Romeu, desde que Julieta, sua mãe, foi assassinada por um cachorro – drama incestuoso de final quase feliz. Quase porque, ao contrário de Hamlet, a novela de Shakespeare, não existe incesto no reino dos cisnes. Embora sejam monogâmicos, eles não sofrem esse tipo de restrição, a mesma proibição que originou a cultura e a vida social tal qual conhecemos. E, drama para valer, porque descobri que os ovos teriam sido roubados por criadores para revender os futuros cisneszinhos, transferidos a

Carta ao povo de Deus

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E para quem ainda possa ter alguma dúvida sobre com que Bolsonaro fez um pacto, pinço aqui alguns dos principais trechos da “Carta ao povo de Deus”, assinada por 152 bispos da CNBB”: "Somos bispos da Igreja Católica, de várias regiões do Brasil, em profunda comunhão com o Papa Francisco e seu magistério e em comunhão plena com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que no exercício de sua missão evangelizadora, sempre se coloca na defesa dos pequeninos, da justiça e da paz. Escrevemos esta Carta ao Povo de Deus, interpelados pela gravidade do momento em que vivemos (...) Não temos interesses político-partidários, econômicos, ideológicos ou de qualquer outra natureza. Nosso único interesse é o Reino de Deus (...) O Brasil atravessa um dos períodos mais difíceis de sua história, comparado a uma “tempestade perfeita” que, dolorosamente, precisa ser atravessada. A causa dessa tempestade é a combinação de uma crise de saúde sem precedentes, com um avassalador colapso d

A ciência volta a vencer o obscurantismo

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Não é de hoje que o negacionismo, as pandemias e ameaças de militares bagunçam nosso coreto. Era o ano de 1904, quando o tenente-coronel Lauro Sodré,  maçom e senador pelo Rio de Janeiro,  fanático seguidor do marechal Floriano, planejava um golpe de estado. Ele pretendia deflagrar o movimento em 15 de novembro, aproveitando a mobilização das tropas para o desfile na capital. Sodré achava que a República do Café com Leite, que alternava o poder entre São Paulo e Minas Gerais, prostituíra os ideais originais da proclamação. Seus planos, porém, foram atropelados pela epidemia de varíola que devastava o Rio de Janeiro, e sobretudo pela regulamentação da vacinação obrigatória, um exemplo do que era considerado por ele “insensibilidade tecnocrática” que criava uma “ditadura sanitária”. Na canoa desta indignação, o tenente-coronel se tornou presidente de uma Liga Contra a Vacinação Obrigatória, fundada em em 5 de novembro daquele mesmo ano. Ela se mobilizava com

Procura-se um milagre

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  Fiquei estarrecida diante da pesquisa da Veja – insuspeita de agradar ao   bolsonarismo pelo fato de seus leitores majoritários, a classe alta, já ter abandonado esse barco – em parceria com o Instituto Paraná. Crava Bolsonaro na cabeça em 2022. Como assim, ele não será afastado antes disso pela sua sequência de atrocidades e, pior, ainda pode concorrer e ganhar as próximas eleições presidenciais? No primeiro turno, o capitão só seria ameaçado pelo ex-presidente Lula, nome ficha suja que nem se sabe se poderá chegar lá (se é que a sujeira do clã não vai emergir antes disso). Já no segundo turno, contudo, Bolsonaro venceria todos os adversários, a saber, Sérgio Moro/Luiz Henrique Mandetta, João Dória e Luciano Hulk. Resta saber por que Flávio Dino, outro nome emergente, não foi sequer incluído. Nada disso seria seria difícil de entender. Enquanto Dino se bate pela formação de uma frente progressista, o balaio de gatos da esquerda ainda está longe de chegar a um conse

Decifrando a política

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Carlos Lacerda, paladino anticorrupção Ademar de Barros, o rouba mas faz No início, o governo Bolsonaro unia militares, lavajatistas, olavistas, evangélicos e liberais de mercado. Os olavistas eram os animadores de torcida e, com sua expertize em redes sociais, empurraram o governo para a extrema direita. Já o lavajatismo servia para limpar a imagem de um governo radical perante a classe média urbana conservadora. Um encaixe imperfeito. Como bolsonaristas e lavajatistas tinham antipatia pelo PT, se aliaram. O lavajatismo, porém, criava um problema para o presidente: é odiado pelo Centrão, por seus métodos para eliminar o fisiologismo. Sem base no Congresso e sem conseguir negociar com o Centrão, Bolsonaro passou o primeiro ano e meio mergulhado na instabilidade, até avistar a possibilidade de impeachment . Tentou então dar um golpe de estado, só que os militares não toparam. Tanto o lavajatismo quanto o Centrão representam um revival da política brasileira. O governado

Genocídio em foco

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A jurista Deisy Ventura, com doutorado pela USP Depois que o promotor-chefe do Tribunal de Haia, Luís Moreno Ocampo, afirmou no El País que não via como Bolsonaro pudesse ser condenado por sua atuação genocida na pandemia do coronavírus pela cortes internacional, a jurista brasileira Deisy Ventura, com doutorado em Saúde Global e Sustentabilidade pela USP, traz esperanças a quem não aguenta mais acompanhar essa criminosa sequência de mortes desnecessárias no país. Ela afirmou também ao El País que há todos os elementos à tipificação de crimes contra a humanidade pelo governo brasileiro na Covid-19: “intenção, plano e ataque sistemático”. E quem sacudiu o coreto do governo, que até então parecia descansar em berço esplêndido, como se nada demais estivesse acontecendo, foi o ministro Gilmar Mendes, ao associar a atuação da equipe de Bolsonaro ao genocídio. Depois que o STF entrou em cena a ficha parece ter começado a cair, sobretudo para o vice-presidente e o ministro da Defesa, q

Pessoas erradas no lugar errado

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Não foi só o negacionismo de Bolsonaro, ou o afastamento de dois ministros da Saúde no auge da pandemia do coronavírus que ajudam a explicar os mais de 81 mil mortos e estatísticas acima de dois milhões de contaminados no Brasil. Dos R$ 39,9 bilhões disponibilizados ao ministério da Saúde para combater a Covid-19, foram gastos apenas R$ 11,7 bilhões, ou 30,1% dos recursos. Quando se fala na falta de equipamentos essenciais pelo país afora e até de remédios, como anestésicos – sem os quais é impossível entubar um paciente -, como explicar que havia recursos para isso, só que eles não foram usados? Independente de seu (des) conhecimento sobre medicina, se há uma qualidade que poderia se esperar do ministro interino, Eduardo Pazuello, seria a sua capacidade de estrategista. Parece que até nisso ele falhou. Sem falar na ausência de planejamento ou na coordenação das ações das secretarias estaduais e municipais para combater a doença. O Tribunal de Contas da União (TCU) deu até dua

Salve-se quem puder!

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A pompa e circunstância do Tribunal de Haia Quem torce para que os vários motivos dados por Bolsonaro o levem ao impeachment – como tacar fogo na Amazônia, tramar para controlar a Polícia Federal e para a eleição de sua chapa em 2018 –, já pode subtrair aquela que parece ser de todas a mais contundente: a desnecessária morte de mais de 80 mil brasileiros – mais que um Maracanã lotado - pela pandemia do coronavírus, por conta do negacionismo do presidente. Pelo menos diante do Tribunal Penal de Haia (TPI), essa não vai rolar. É o que afirma o advogado argentino Luís Moreno Ocampo, primeiro promotor-chefe deste tribunal da Holanda, a corte internacional apta a julgar os chamados crimes contra a humanidade. Em entrevista ao jornal El Pais, ele afirma que seria preciso demonstrar, contudo, que Bolsonaro planejou usar o coronavírus como ferramenta para exterminar toda ou parte da população, para que fosse investigado e julgado pela corte internacional. A total falta de gestão do pr

A utopia tem nome: Maricá

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Mumbuca parece cumbuca, menos moeda digital. Pois foi graças ao programa que criou a mumbuca em Maricá, em 2013, que não se esbarra por lá em populações de rua ou miséria entre seus 161 mil habitantes. Ao contrário do que se vê no resto do estado. No início, foram transferidas 85 mumbucas para 14.000 famílias através do programa Renda Básica da Cidadania (RBC), algo semelhante à proposta do senador Eduardo Suplicy (PT) . No fim de 2019, o RBC passou a pagar 130 mumbucas – a unidade da moeda corresponde a R$ 1 e não pode ser convertida - a cada indivíduo de uma família, beneficiando 42 mil maricaenses. O RBC é destinado aos que vivem com renda familiar mensal de até três salários mínimos (R$ 3.135) e custa R$ 62 milhões ao município por ano. Assim como o Bolsa Família, abrange os mais pobres e a parcela da classe média mais vulnerável a choques econômicos ou a situações como a que vivemos agora, de pandemia. O comércio e os mercados em geral estampam em suas fachadas que aceitam

Nasce nova frente de esquerda

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Flávio Dino, o grande articulador A boa notícia de hoje vem do Maranhão, estado que tem ocupado a rabeira do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no país, atrás apenas de Alagoas. Isso graças à longeva influência do clã Sarney, que começou a ser quebrado em 2010, quando Flávio Dino (PCdoB) venceu de Lobão Filho (PMDB), candidato da familia. E voltou a ganhar de Roseana Sarney, em 2018. É Dino quem lidera o mais consistente movimento criado até agora contra Bolsonaro, com fôlego para enfrentar o presidente em 2022, com a criação de um novo partido capaz de aglutinar a esquerda. Nesses tempos em que a palavra comunista virou sinônimo de ladrão, por conta das fake news difundidas pelos olavistas e bolsanaristas, o governador planeja a junção entre o PSB e o PcdoB (é bom, portanto, que comunista saia da sigla). Embora não admita que seria ele o cadidato do partido, por enquanto chamado de “MDB da esquerda”, Dino tem convsersado virtualmente com Marcelo Freixo (Psol), Rodrigo Maia (

Tem brazucas em teste inovador

Enquanto o Brasil vive um de seus piores momentos diplomáticos, como o maior vilão do combate à Covid-19, graças ao negacionismo de Bolsonaro – governo que também nos levou ao pódio da destruição ambiental no planeta –, dois brasileiros integram uma importante inovação científica mundial. São eles Rodrigo Curvello e Diana Alves, que fazem doutorado na Universidade Monash, na Austrália, onde pesquisadores criaram um exame de sangue capaz de detectar, em apenas 20 minutos, se a pessoa está infectada ou se já sofreu infecção pelo coronavírus. A maior diferença em relação a outros testes rápidos é a simplicidade e baixo custo da experiência, que pratica um método parecido ao de laboratórios que identificam o tipo sanguíneo das pessoas. Porém, com uma pequena mudança: ele usa uma nova molécula, copiada do próprio coronavírus, que só reage diante da presença dos anticorpos contra a doença. Outra diderença é que os demais testes dão o chamado falso negativo. “Nós testamos em baixa escala e t

Talento imobiliário dos Bolsonaro

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Ana Cristina Valle, a ex-mulher A intimidade da famiglia Bolsonaro com falcatruas e negócios escusos envolvendo imóveis é impressionante, assim como a capacidade do presidente de quebrar promessas de campanha, a começar pelo afastamento do maior símbolo do combate à corrupção em seu governo, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. Os fatos continuam a atropelar a promessa. Estão aí os absurdos que envolvem Fabrício de Queiroz, patrocinador mor das rachadinhas do gabinete de Flávio Bolsonaro, o 01, que pagou R$ 24 mil à primeira-dama, entre outros investimentos que beneficiaram o clã, ficou escondido na casa de um dos advogados da família e foi solto por um juiz amigo do presidente. Sua mulher, que apareceu para 'cuidar' do marido, terá oportunidade suficiente para combinar com ele todas as versões capazes de inocentar o casal. E agora, ficamos sabendo pela Revista Época que Ana Cristina Valle, ex-mulher do capitão de 1997 a 2008, suspeita de ter sido funcionária fantasma do g

Capitão desiste da hidroxocloroquina

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Marca produzida por um amigo, da qual Bolsonaro fez propaganda   Após a queda de dois ministros da Saúde por terem se recusado a prescrever a hidroxicloroquina pelo SUS –  sem que até hoje tenham sido substituídos, no auge da maior pandemia dos últimos séculos – Bolsonaro veio a público para desdizer o que havia dito: “Não recomendo nada, recomendo que você procure os seu médico”. Teria o presidente se rendido à ciência que tem combatido desde o início da crise sanitária? Não por acaso, a declaração foi dada após o procurador do Ministério Público, Lucas Rocha Furtado, ter solicitado ao Tribunal de Contas da União   que obrigue o presidente a “deixar de propagandear o uso da cloroquina e da hidroxocloroquina no trato da Covid-19.” Ainda em plena fase paz e amor, parece não ter restado outra alternativa a Bolsonaro senão abandonar o tom autoritário calcado no doa a quem doer. Por incrível que pareça, no mesmo vídeo, ele se questiona se o fato de estar se sentindo melhor tem a ver

Pedidos de impeachment em alta

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Os 16 pedidos de impeachment já protocolados na Câmara ao presidente Bolsonaro ganharam ontem uma adesão de peso: Chico Buarque, a CUT, UNE e um bando de petistas do ramo de espetáculos acusam o capitão por sua atuação “criminosa” na pandemia do coronavírus. Repito, abaixo, os destaques do texto, quando o número de infectados no país chega a mais de 1,9 milhão, com 75 mil óbitos. Ontem o presidente veio público para elogiar o general Pazuello, há dois meses exercendo a interinidade no cargo de ministro da Saúde em meio à mais grave crise sanitária vivida pelo Brasil e pelo mundo nos últimos séculos.  “O presidente minimizou o problema desde que o Sars-Cov-2 (novo coronavírus), causador da doença conhecida como Covid-19, chegou ao país, ora mencionando tratar-se de uma “gripezinha”, ora buscando realizar campanhas contra o distanciamento social preconizado pela Organização Mundial de Saúde como modo mais eficaz de conter o avanço da doença. Ou seja, diante da mais grave crise da histó

Ações dizem mais que mil palavras

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O holandês Jan Erik Saugestad, líder dos investidores internacionais “Defendemos que critérios de redução das emissões e do estoque de gases de efeito estufa na atmosfera, e de resiliência dos impactos da mudança do clima, sejam integrados à gestão da política econômica.” O trecho não é de autoria de algum ambientalista xiita e comunista. Ele integra a carta escrita por ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central, entre eles Bresser Pereira, Mailson da Nóbrega, Rubens Ricúpero, Henrique Meireles e Joaquim Levy, entre outros. Armínio Fraga, ex-comandante do Banco Central na gestão FHC, lembrou ainda no documento que as mudanças climáticas podem ser devastadoras para o agronegócio, uma das bases eleitorais de Bolsonaro, que já começa a espernear. Enquanto o desmatamento cresceu 34% nos primeiros cinco meses de 2020, o ministério da Economia tentou desconversar, aldegando que o recorde de junho foi “conjuntural” e ainda precisaria ser confirmado. Quem sabe foi o que mo

Tapando o sol com a peneira

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Lubia Vinhas, a segunda vítima do Inpe   A Floresta Amazônica arde em chamas, com aumento de 34% do desmatamento nos primeiros cinco meses do ano, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Após o chumbo grosso dos fundos europeus que gerenciam mais de US$ 2 trilhões para investimentos e de empresários bolsonaristas convertidos,  qual a imediata reação do governo  que prega o aumento da mineração e da agricultura para a região? Mais uma demissão no Inpe, que teve a ousadia de divulgar os dados dessa tragédia ambiental. É o mesmo que tapar o sol com a peneira. Em agosto de 2019 o físico Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi a primeira vítima do embate travado entre a ciência e o governo, sucedido por outras perdas para a primeira, como a saída do ministro Mandetta, em plena pandemia do coronavírus, por ousar combater a crise sanitária orientado pelos protocolos da Organização Mundial da Saúde.   O físico Ricard

O milagre da cloroquina

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Quando Bolsonaro pegou a Covid-19, coincidentemente em uma de suas fases paz e amor, era imprevisível o que iria acontecer. Se a doença se agravaria, se ele enfim se recolheria e aposentaria sua verve perversa ou voltaria a elevar o tom e a beligerância contra os inimigos. O que se viu, até agora, foi não nem uma coisa nem outra. De imediato, o presidente aproveitou-se da falta de gravidade da doença em seu organismo e do privilégio de não ter sido acometido pelos sintomas que acabaram levando a internações hospitalares e ao óbito de mais de 72 mil brasileiros, causado pelo coronavírus. Manteve firme e forte sua campanha para detonar o isolamento: “O vírus é como chuva, um dia vai atingir você”, alardeou nas   redes sociais com sua habitual inconsequência. Como se não bastasse, Bolsonaro passou a encarnar o papel de garoto propaganda do medicamento que já derrubou dois ministros da Saúde no país, considerado não apenas inócuo pela ciência no combate à Covid-19, como perigoso por se

Balaio miliciano

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Adriano Nóbrega na Bahia, antes do assassinato Em meio a esse carnaval miliciano de esconde esconde, prende e solta, com toques surrealistas do juiz que deu o inédito habeas corpus a uma fugitiva que acaba de cumprir sua promessa de voltar para casa para dar papinhas ao maridão, a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio encontraram uma nova conexão entre Adriano Nóbrega, chefão do Escritório do Crime assassinado em fevereiro por operação policial, com Ronnie Lessa, acusado e preso, em março de 2019, por participação no assassinato de Marielle. E, coincidência ou não, vizinho do presidente no condomínio Vivendas da Barra. Ronnie Lessa, ao ser preso Segundo o furo do UOL, Nóbrega usava a Garage Store, concessionária na Barra da Tijuca de compra e venda de carros de luxo, blindados, inclusive. E quem andou fazendo pesquisas na Internet sobre essa mesma concessionária foi Lessa, cujo homem de confiança, o empresário Márcio Mantovano, outro que está atrás das grades por desaparecer co