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Mostrando postagens de abril, 2022

Acorda Brasil!

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  Nem tudo está perdido. Enquanto Lula perde o favoritismo entre os evangélicos, o pastor Henrique Vieira (foto), líder da Igreja Batista do Caminho, iniciou um movimento para mobilizar cristãos contra a   reeleição do presidente. Já estão marcados, inclusive, encontros em São Paulo e Osasco, em 5 e 6 de maio, reunindo movimentos sociais e lideranças religiosas. E, após a mancada de se posicionar a favor do aborto, Lula chamou o capitão de “mentiroso”, de não acreditar em Deus e de usá-lo como peça eleitoral. Já não era sem tempo. Se há pastores que conseguem associar Cristo a armamento, Valdir Ferreira, da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de SP, associa as armas a pornografia. “Jesus foi pacificador e pacifista”, pontificou no Globo. Mesmo que não traga votos, o reconhecimento pela ONU de que Sérgio Moro foi parcial e Lula teve seus direitos violados é um novo elemento a favor do petista no embate eleitoral. Já outro aparente gol dos bolsonaristas, que foi uma súbita m

Tragédias do campo às cidades

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  A história macabra parece roteiro de filme de terror. Uma menina ianomâmi de 12 anos, da  comunidade Aracaçá  (foto), foi estuprada até a morte por garimpeiros.   Como se não bastasse, outra criança do mesmo grupo, cerca de 3 anos, desapareceu do colo da tia que tentava salvar a vitima de estupro, após cair nas águas do Rio Uraricoera. A tragédia aconteceu segunda-feira, e só dois dias depois a PF de Roraima iniciou as buscas. O que não surpreende, para um governo que faz tudo para estimular não só a atividade dos garimpeiros, como a dos grileiros e desmatadores.  Será que um dia veremos os culpados castigados? Aparentemente não, enquanto o capitão permanecer no poder. Chega a ser doloroso assistir a sensível narração do ex-presidente Obama na série da Netflix sobre os parques nacionais do planeta, enquanto o nosso faz tudo o que pode para destruir nosso rico patrimônio natural em nome do quê?  Não por acaso, em 2021 o Brasil liderou a perda de florestas tropicais no mundo. Sozinho

Botando as manguinhas de fora

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Assim como fizeram com nosso 7 de setembro em 2021, agora os bolsonaristas querem se apropriar do 1º de maio, data maior do trabalhismo e da esquerda, turbinados pelos efeitos da ‘graça’ de Bolsonaro a Daniel Silveira - agora membro da CCJ. Já estão marcados barulhos em São Paulo, Rio e Ceará. No ano passado, o que nos salvou do golpe foi u ma ligação do ministro Luís Fux aos comandantes militares na madrugada entre os dias 6 e 7 de setembro. Além do mapear e bloquear os financiamentos às caravanas de bolsonaristas e da ação do vice-governador do DF, Paco Britto, de cobrar ações da ambígua PM da capital. Não fosse isso, já viveríamos uma ditadura mais explicita que a atual, em que o mandatário continua a provocar o STF, desacreditar das urnas eletrônicas e só não prepara um bote ao Legislativo (por enquanto) porque ele está ao seu lado. O mais engraçado é que o objetivo dos atos - Carlos Bolsonaro e sua tropa já provaram sua capacidade de mobilização - é “agradecer pela liberd

Liberou geral

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  Após degustar o poder de declarar a 'graça' – desgraça que não acontece no país desde os anos 1940 –, Bolsonaro instituiu no país o princípio do liberou geral. É nessa base que ele pretende reagir se o STF derrubar a tese do marco temporal sobre as terras indígenas. A medida propõe que os povos indígenas só terão direito a terras já ocupadas desde 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição. Colírio ao agronegócio ogro e aos grileiros. “Se conseguir vitória nisso, me resta [sic] duas coisas: entregar as chaves para o Supremo ou falar que não vou cumprir. Eu não tenho alternativa”, declarou o presidente na abertura do Agrishow, em Ribeirão Preto. Isso após mais uma motociata movida a dinheiro público. Sabe-se que o presidente já tinha o indulto na manga para o caso de condenação de seus filhos. O brutamontes Daniel Silveira – para quem Bolsonaro se lixa - foi apenas o piloto de provas para fomentar mais uma crise com o STF. A ministra Rosa Weber, rel

Além de repugnante, vagabundo

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  Que desde o início Bolsonaro terceirizou sua gestão não é novidade para ninguém. Começou pelos olavistas - que agora se voltam contra ele por se sentirem preteridos -, seguiu com os militares até cair nos braços do Centrão. O que o cientista político pernambucano Dalson Figueiredo constatou, no entanto, é de cair o queixo – embora também possa não ser uma novidade para muitos. Ele descobriu, ao acessar dados da Agenda Oficial da Presidência, o quanto o 38º presidente do Brasil não é chegado ao batente, mesmo delegando sua tarefa a terceiros, como faz desde o início de sua (indi) gestão. A média de trabalho diária de Bolsonaro foi de 4,8 horas por dia, conforme sua agenda do dia 1º de janeiro de 2019   a 6 de fevereiro de 2021. A quantidade média de horas trabalhadas ainda sofreu declínio durante estes três anos: passou de 5,6 horas em 2019 para 3,6 horas em 2022. Detalhe: enquanto as centrais sindicais estudam a redução da semana para quatro dias, o presidente parece aderir

Até onde vão as semelhanças?

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  Em dois meses assistimos a segunda derrota da direita. Após a vitória de Boric, no Chile, desta vez a vitória de Emmanuel Macron sobre Marin Le Pen é ainda mais expressiva, porque a França é essencial para conter a escalada de Putin na UE. Será que a tendência que assistimos nos últimos anos começa a se reverter, agora que vemos Bolsonaro recuperar espaço entre seus eleitores, à base de muito orçamento secreto, benesses sociais e até de seu mais novo chute na reserva institucional ao indultar Daniel Silveira? Mais uma vez, está claro o embate entre os generais que querem garantir seu poder e a moderação do Centrão, inicialmente contra a iniciativa presidencial. Cômica, nesse contexto, é a mudança de posição dos irmãos Weintraub e de Ernesto Araújo, que passaram a atacar o ex-chefe depois que começaram a se sentir preteridos. Parece que Bolsonaro enterrou de vez o olavismo junto com a morte de seu ideólogo. Que se explodam todos. Como continuamos a nos surpreender com as oscil

Agromilícias espalham o terror

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  Pelo menos um destino para a multiplicação das armas já foi identificado pela Comissão Pastoral da Terra: as agromilícias. Nascidas sob as bênçãos do governo Bolsonaro, elas reúnem pistoleiros contratados por grandes proprietários de terra e grileiros que atuam sob encomenda para exterminar indígenas, sem-terra, quilombolas, ribeirinhos e assentados. Segundo o site Climainfo, de 2019 a 2021 ocorreram 4.078 conflitos no campo, volume superior aos registros desde a redemocratização do país.     As agromilícias têm agido sem ser incomodadas pelo poder público do interior do país, apesar de seu potencial para disseminar terror e medo por onde passa. A realidade se reflete nos números: só em 2021 foram 1.769 registros de conflitos que envolveram questões de terra, água e de trabalho. Em 2020 o saldo foi ainda pior: 2.054 casos, 15% a mais que no ano seguinte. Os conflitos abrangeram uma área de 710 mil km², que correspondem ao triplo do território do Estado de São Paulo. Foram 939

Salve-se quem puder

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  Como é possível um subpersonagem como Daniel Silveira ser alçado à fama por sua truculência? E como pode um país parar para discutir o futuro jurídico desse tipo de boçal? Após consumir nosso tempo e impostos com o julgamento do marombado no STF, cuja condenação foi usada por Bolsonaro – não que ele se importe com o aliado – para declarar guerra à Corte, não se fala em outra coisa. Por sinal, já era uma jogada ensaiada para defender seus filhos de possíveis julgamentos.  E, de quebra, mais holofotes para a campanha eleitoral. Ministros já sustentam que o decreto de Bolsonaro que liberou o aliado da decisão do STF é inconstitucional. Vários especialistas consideram que a decisão final caberá ao Supremo. As controvérsias permanecem, porém.  Enquanto muitos já debochavam do brucutu com a placa em seu nome – semelhante à de Marielle que ele destruiu com Wilson Witzel –, dessa vez rasgada por Marielle (foto), o presidente lhe concede a “graça”. Os aliados vieram ao delírio. Só

A disputa dos vices

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  O páreo é para lá de duro. Ter o general Braga Netto como vice significa botar o rabo entre as pernas para qualquer possibilidade de impeachment . Seja pelo estilo troglodita do militar, ou porque quem cogitaria tê-lo como presidente em caso de afastamento de Bolsonaro? Seria a linha dura no poder de vez. Imagine se o presidente se decidir pela ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos? Damares Alves, a mulher que viu Jesus na goiabeira? Que, além de deixar claro que sua causa não são as mulheres, e sim o chefe, quando expôs a menina de 10 anos seguidamente estuprada pelo tio, que conseguiu seu salvo conduto para abortar, e nunca levantou um dedo pelos Direitos Humanos? Até porque, como uma aliada de alguém que defende a tortura tem moral para dar pitacos sobre Direitos Humanos? E mostrou que não entende nada de família quando trouxe da Amazônia uma índia para chamar de sua ou teve um caso com um pastor casado. Como se sabe, Damares deixou o ministério para dis

Tiroteio na Cultura

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  Enquanto nossa Cultura morre de inanição, asfixiada pela falta de recursos, ouve-se do responsável em aprovar propostas para a lei Rouanet, André Porciúncula: “Pela primeira vez vamos colocar dinheiro da Rouanet em eventos de arma de fogo, vai ser super bacana isso”, prometeu durante a Convenção Nacional Pró-Armas, em 28 de março. Porciúncula e Mario Frias (foto acima) – aquele que gastou R$ 78 mil em dezembro para encontrar o professor de jiu-jitsu, Renzon Gracie, em NY - já se deixaram o comando da Cultura brasileira para concorrer a cargos eletivos pelo PL.     Pouco antes de sair, porém, Porciúncula disse que o governo teria R$ 1,2 bilhão para investir em conteúdos pró-armas “para garantir a liberdade humana”.  Liberdade de matar o próximo defendida até pelo ministro terrivelmente evangélico, André Mendonça: “Logicamente há espaço para posse e porte de armas”, ele chegou a afirmar. O pior é que Porciúncula acrescentou a seus argumentos a defesa para combater “crimes” do E

Incômoda verdade

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Nossa história é uma sequência de golpes militares, iniciados em 1889 pelo que transformou a monarquia em República. O de 1964 incluiu um golpe dentro do golpe pela linha dura em 1968, com a instauração do AI-5. Está óbvio o estado militar que viramos na gestão de Bolsonaro, com mais de seis mil fardados em cargos públicos e generais em funções de poder. E como sempre tem sido, são grupos que se dividem entre os excessos e a contenção. Assim como o general Mourão, cujo ídolo é Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores de nossa história, há um grupo que se lixa para as revelações de Míriam Leitão sobre os áudios de ministros do Superior Tribunal Militar, admitindo que a tortura rolou solta nos anos de chumbo. Se engana quem pensa que possa haver algum desejo de reparação, sobretudo por Bolsonaro, que sempre defendeu a tortura. Uma das pistas que temos vem do coronel reformado Marcelo Pimentel, conhecedor dos que se formaram na AMAN nos anos 1970 e agora estão no poder. A a

Saúde por decreto

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O estado de emergência sanitária foi encerrado por decreto. Realmente, as contaminações e mortes estão em queda, embora persistam. Como se viu, esse sempre foi um governo que se julgou acima da Organização Mundial de Saúde. E continua assim. A OMS já admite o fim do uso de máscaras em locais abertos, porém, mantém a restrição aos fechados. Aqui, desde que as regras foram flexibilizadas, parece mesmo que o pesadelo acabou. Só que não acabou. O serviçal ministro da Saúde correu a atender a ordem do chefe, que sempre se debateu contra quaisquer restrições, clamando por uma liberdade que lhe é conveniente em certas circunstâncias. Certamente deixará de ser se conseguir se reeleger e implantar de vez a sua autocracia. Só que, nesse caso, é mais um pretexto para apagar o quanto antes aquela que foi uma das piores gestões da pandemia do planeta. Foi preciso uma CPI para abrir os olhos da população para os crimes cometidos, que permanecem   sem culpados. Mesmo que não dê para responsab

Livre para mentir

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  Por quê não posso mentir à vontade? Qual o problema?” A pergunta é o pano de fundo ao questionamento de Bolsonaro ao TSE no último sábado sobre o WhatsApp. Como se sabe, o aplicativo foi uma de suas principais ferramentas na vitória de 2018, turbinada por um um exército de robôs e divulgação de mentiras em massa. E agora, justo nessa eleição tão concorrida, o aplicativo resolveu criar problemas. Para quê mexer em time que está ganhando?, devem estar se perguntando os mínions... Com segundas e explícitas intenções, Bolsonaro declarou já ter conversado com Fábio Farias, o sósia de Mário Farias que preencheu a vaga na secretaria de Comunicações que nos condenou ao ostracismo cultural. " Ele vai conversar com o representante do WhatsApp aqui no Brasil para explicar o acordo. Se ele (WhatsApp) pode fazer um acordo com o TSE, pode fazer comigo também, por que não?” , indagou o presidente. O acordo havia sido fechado em fevereiro pelo aplicativo com o TSE para combater a desinformação

Afinidades entre sinistros

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  As semelhanças entre Gabriel Monteiro e Bolsonaro são impressionantes. Assim como o ex-capitão, expulso do Exército por planejar um ato terrorista, o ex-PM foi expulso da corporação por crime de deserção. Não para por ai. Desde que surgiram as primeiras denúncias de assédio moral e sexual, Monteiro conquistou novos 245 mil seguidores nas redes sociais, conforme a jornalista Malu Gaspar. Quando o ministro Alexandre de Moraes baniu o Telegram, por sua vez, Bolsonaro ganhou novos 155.286 inscritos com seus apelos ao mal. Afastado da PM em agosto de 2020, Monteiro chegou a ser reintegrado à instituição. Porém, preferiu tomar o rumo da vereança, pelo PL, o mesmo partido de Bolsonaro. E, assim como a fonte de inspiração, adora posar com armas pesadas. Após claudicar pela Câmara dos Vereadores, seu processo de banimento passou a andar, após a indicação de Chico Alencar como relator. É dele a informação de que a Câmara aprovou, por 39X3, mudança na lei orgânica que proíbe vereadores

Mamata agora é calmante

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  Nesse governo os fatos são questões de menor importância, o que vale, são as narrativas. Qual a diferença entre o mensalão, as emendas e o orçamento secreto? (charge de Aroeira) No primeiro, o dinheiro vai direto ao bolso do parlamentar. Nos demais, acaba chegando lá e ainda permite a possibilidade de reeleição dos beneficiados. Claro que Bolsonaro não vê nada de errado na prática, afinal, ela é uma das ferramentas para pavimentar a sua própria reeleição. O presidente agora nomeia as emendas e o orçamento secreto como formas de “acalmar” o Parlamento. E, claro, sabe o quanto elas são essenciais para manter deputados e senadores no bolso. Mentiu quando disse que o orçamento nada tem de secreto, porque os pagamentos estão identificados no Diário Oficial. Ok. Só que não há como saber quem foi o autor da fatura. Afinal, o que interessaria à população, de onde saem os recursos, saber quem pagou a quem? E também pode pegar mal entre os que foram relegados pelo esquema.  A insistência