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Mostrando postagens de fevereiro, 2022

Fedor pestilento

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  Fora as patacoadas de sempre, os ataques às urnas eletrônicas, aos ministros do STF – a vacinação infantil saiu do radar depois que auxiliares provaram sua relação com a queda de popularidade -, Bolsonaro agora brinca de esconder. Sim, ao contrário do que seria razoável, ele insistiu em viajar à Rússia em meio à mais grave crise global desde a Segunda Guerra. Declarou solidariedade a Vladimir Putin e estimulou memes de que sua viagem teria evitado a Terceira Guerra Mundial. Verdadeira palhaçada. E agora se cala. Para não dizer que não falou nada, desautorizou o vice, Hamilton Mourão, que enfatizou sua discordância quanto à violação da Ucrânia. E reproduzia o pensamento do generalato. Depois, do alto de sua experiência com a diplomacia internacional, o capitão falou de futebol ao cercadinho na quinta-feira. O que se passa pela sua cabeça todos sabemos. Assim como bajulou Trump - que também apoia o líder russo -, se vê na obrigação de bajular Putin. E se afina, quem diria, ao p

Temperatura das fake news

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Em matéria de disparos em massa de fake news , o cenário eleitoral de outubro está menos ameaçador do que em 2018. Essa é uma das conclusões da conversa de David Nemer e Pedro Dória (foto) no Canal Meio. Professor da Universidade de Virgínia e pesquisador de Harvard, ambas nos EUA, Nemer é especialista em desinformação digital. E sua melhor notícia é a de que se o TSE bloquear o Telegram, as fake news bolsonaristas também serão bloqueadas por aqui. Temia-se que acontecesse o mesmo que ocorreu na Rússia, terra natal de Pavel Durov, o CEO do Telegram. Lá, a plataforma foi bloqueada de 2018 a 2020 e a troca de mensagens se manteve frenética. Aqui, um bloqueio não atingiria 100% dos usuários, "porque muitos já têm alternativas para escapar, mas a infraestrutura pode ser eliminada em seu cerne”, acredita o professor. A lógica é a do siga o dinheiro. Hoje o Telegram é usado por 53% dos donos de celulares, e o bloqueio atingiria a maioria deles, que formam a base da plataforma. P

Impeachment já!

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  Eis que o advogado paulistano Paulo Sérgio Coelho (foto), lança uma luz no fim do túnel. Em 7 de setembro de 2021, ele entrou com mandado de segurança no STF contra Bolsonaro, por crimes de responsabilidade por suas ameaças às eleições. A diferença, nesse caso, é que ele arguiu o presidente da Câmara, Arthur Lira, de impedimento para apreciar a denúncia, por ser testemunha de um dos fatos narrados. A Lei do Impeachment veta a testemunhas interferências no processo. E o fato de Cármen Lúcia ainda não ter rejeitado o mandato de segurança é visto com otimismo por Coelho. Também não se sabe se a ministra terá estômago para lançar uma bomba dessas no último ano de mandato de Bolsonaro. “Mesmo que compreendidas como blefe ou bravatas de Bolsonaro, as manifestações justificam a instauração de um processo de impedimento”, argumenta o advogado na Folha. E com o impedimento de Arthur Lira para despachar o processo, ele deveria ser examinado pelo vice-presidente da Câmara, deputado Marc

Tentativas de negar o óbvio

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  A Receita Federal gastou R$ 450 mil com o Serpro para atender ao pedido de investigação solicitado pela defesa do senador Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas. A Folha acaba de obter documentos confirmando que cinco servidores foram usados por quatro meses para provar que dados fiscais do 01 foram acessados e repassados ilegalmente ao Coaf. Sem resultados. Ao ser flagrado no esquema usado pelo então deputado na Alerj – em que assessores repassam seus salários ao político da vez -, antes mesmo de Bolsonaro tomar posse, começou a corrida aos aparelhamentos para evitar o ‘pior’. Essa teria sido uma das principais causas da intervenção do presidente na PF denunciada por Sérgio Moro e, apesar de investigada, até hoje não confirmada. E essa história com a Receita seria mais uma das tentativas de reunir provas para tentar melar as investigações que levam a Flávio, através do esquema operado por Fabrício de Queiroz. O requerimento do 01 foi apresentado por seus advogados ao ent

Estratégia da guerra suja

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  A foto publicada pelo Intercept escancara os motivos que levaram Bolsonaro e seu séquito de golpistas à Rússia.  O filho Carlos, lotado na Câmara dos Vereadores do Rio, estava sentado ao lado do pai do outro lado do planeta, como se fosse um credenciado diplomata negociador de adubo. Nem os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos – o que eles foram fazer lá? – tiveram tal deferência. Como se vê, estão em segundo plano.     O quê Carlos foi fazer na Rússia? De quais encontros ele participou? Sua viagem foi paga com nossos impostos? Ele fez algum tête-à-tête com os mandatários do país? Claro que são perguntas sem respostas. Normais em uma democracia, porém, subversivas nesse estranho regime de vale tudo em que vivemos.     Como se sabe, a eleição de Trump e a escolha do Brexit são alguns dos serviços prestados pela tropa invisível de Vladimir Putin, armada com o que há de mais moderno em tecnologia para derrubar adversários.   Faz todo o sentido, portanto, su

Compromisso com a democracia

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Há dois dias fiz um post sobre minha decisão de cravar Lula no 1º turno, mesmo não sendo petista ou lulista. Além das reações de aprovação dos leitores, trago aqui o manifesto do grupo apartidário Prerrogativas. Com igual objetivo. Formado por juristas, advogados, artistas e professores, o Prerrogativas foi fundado em 2015 e começou a ganhar notoriedade a partir de 2020. Participaram da live de lançamento do manifesto, no último sábado, o senador Randolfe Rodrigues, mentor da iniciativa, o ex-senador Cristovam Buarque e a empresária Rosângela Lyra, CEO da Dior ex-Lavajatista, entre outros. O grupo vê as eleições como um plebiscito, que aprove ou rejeite o governo federal. A ideia é turbinar a candidatura do ex-presidente, para garantir sua vitória no 1º turno. Para Cristovam Buarque - e olha que ele foi demitido do ministério da Educação por Lula pelo telefone -, a eleição do líder petista em 1º turno evitaria a recusa de outros candidatos a votar, ou ao menos apoiar o ex-pres

Poder de fogo do Telegram

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  Mesmo que o TSE decida banir o Telegram é bom que saiba: nem na Rússia funcionou. O serviço foi bloqueado em 2018 no país, quando o milionário Pavel Durov, o Mark Zuckerberg russo, foi advertido pelo governo de seu país. “Conclamo todos que defendem a Internet livre a lançar uma gaivota pela janela, um avião de papel, exatamente às 19h. Esta semana ficará registrada na história”, reagiu Durov na rede social VKontakte, fundada por ele e seu irmão, Nikolai. A gaivota é símbolo do Telegram, criado em 2013. E lançá-las da janela é referência ao popular vilão de histórias em quadrinhos, assassino de políticos corruptos e empresários mafiosos, o justiceiro Doutor Praga. Encarnado por Durov.   À luz do dia, ele é o fundador de uma rede social. À noite, o sinistro justiceiro, com a mesma máscara de bico dos médicos medievais. A convocação feita acima pelo CEO motivou fortes reações nas ruas de Moscou.   Até que o banimento foi suspenso, em 18 de junho de 2020. A justificativa era con

Não dá mais!

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  Votei duas vezes em Lula, uma em Dilma, não me considero, porém, não sou lulista. Apesar de sua sabedoria política, acho que seria a hora de alguém mais antenado às questões ambientais e aos novos tempos digitais. Que não está à vista. Contudo, como a prioridade é barrar a reeleição a qualquer custo, me sinto cada vez mais inclinada a votar em Lula no primeiro turno. Desejando que ele leve de uma vez e não dê nenhuma chance às loucuras bolsonaristas. Os predicados abundam: criação de 20 milhões de empregos com carteira assinada, 36 milhões saíram da miséria, 87% de aprovação, 6ª economia mundial. Nem dá para comparar...Não entro no mérito da corrupção, também abundantes em ambos os lados.  É verdade que muitas águas ainda podem rolar até outubro, mesmo sem perspectivas visíveis de alternativas para a terceira via, conforme as pesquisas eleitorais. Enquanto isso, me pego torcendo para cada notícia favorável ao líder petista, como o abandono do barco bolsonarista por pastores eva

Eu sou você amanhã

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  Após as juras de amor a Vladimir Putin, Bolsonaro desembarcou ontem em viagem relâmpago à Hungria. O primeiro-ministro Viktor Orbán é tudo o que o presidente deseja ser amanhã. Como se sabe, lá a imprensa foi amordaçada e a Justiça aparelhada na 'democracia iliberal', que também controla as universidades. Orbán segue exatamente o modelo do livro “Como morrem as democracias”, de Steven Levitsky. Em seu primeiro mandato, iniciado em 2010, ele tomou de assalto as instituições democráticas com o suporte do partido Fidesz, de extrema-direita. Seu poder se consolidou nesses 12 anos e hoje ele é também xenófobo e anti LGBTQI+.    Mulheres com mais de quatro filhos não pagam imposto de renda, em simultâneo apoio ao crescimento populacional e à estagnação feminina. Foi chamado de “irmão” pelo presidente. Neste aceno eleitoral à base conservadora, Bolsonaro tenta também tapar o sol com a peneira. Quem não se lembra do vexame na reunião do G-20, onde a única alternativa do c

Viagem à Fakelandia

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  Bolsonaro não viajou à Rússia, e sim, à Fakelandia. Enquanto muitos mantinham ácidas críticas ao deslocamento do capitão à mais ameaçadora capital do planeta, com os riscos de invasão à Ucrânia, o presidente aceitou o convite de Putin. Não por acaso, devidamente acompanhado do pitbul Carlos, grande conhecedor de campanhas pelas redes sociais. Ao que tudo indica, o principal objetivo da viagem foi buscar artilharia para a guerra suja que já começa a ser travada. Para isso, ninguém melhor que a Rússia. Como se sabe, trata-se da potência que melhor domina as ferramentas de disseminação de fake news . Acredita-se que deve-se a ela a eleição de Trump, nos EUA, e o Brexit, no Reino Unido.  Quem vai comandar a batalha é o Telegram. E não é a toa que o TSE estuda meios de suspender a plataforma por aqui, como já ocorreu em outros 11 países, entre eles a própria Rússia. Conforme o Poder360, os bolsonaristas aderiram ao Telegram em 9 de janeiro de 2021, logo após a expulsão de Trump

Jair, o falso messias

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Apesar das reações à viagem de Bolsonaro à Rússia numa hora dessas, houve até críticos que concordaram com ela.  Um deles foi Celso Amorim, ex-ministro de Lula e Dilma. “Seria um sinal de submissão a uma agenda de Washington que não tem cabimento”, argumentou. Até o avesso jornalista Guga Chacra apoiou: “Não deve ser classificado como um absurdo, a viagem foi marcada há meses atrás e o cancelamento poderia trazer resultados negativos à nossa política externa”. Afinal, desde a criação dos BRICS, as relações do Brasil com a Rússia têm mantido um alto padrão. Agora, o que ninguém imaginava, ou melhor, sua turba de apoiadores nas redes já começa a espalhar, é que o capitão viajou para livrar o mundo de uma nova guerra mundial.  Tem toda cara de coisa do Carluxo, que aproveitou para passear - e provavelmente fazer contatos estratégicos com a dark web - por Moscou junto à comitiva. E, se Bolsonaro der a sorte de Putin desistir mesmo de invadir a Ucrânia, a mudança será atribuída a

Nazista de corpo e alma

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  Nem liberal ou conservador. Bolsonaro está mais para nazista, doutrina política tão em alta nas últimas semanas. A conclusão é do filósofo judeu Denis Rosenfield, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rosenfield baseia-se no livro "O Conceito Político", de  Carl Schmitt, teórico do nazismo. A descrição do nazista, como destaca o filósofo judeu, encaixa-se como luva em Bolsonaro, que vive do enfrentamento de inimigos e até de amigos. “Há sempre a necessidade de um inimigo, qualquer que seja, real ou fictício, que deve ser eliminado, nos casos extremos pela morte do oponente”, disse  Rosenfield ao Antagonista. “ Segundo essa concepção, o governante deveria estar continuamente designando um inimigo a ser abatido, podendo ser o sistema, os judeus, os negros, os homossexuais, a burguesia, os reacionários, e assim por diante (…)”, completa. Parece familiar? Quem não se lembra de Bolsonaro culpando governadores e prefeitos pelas mortes na pandemia do coronavírus?

O ovo da serpente

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  Enquanto Eduardo Bananinha e sua trupe buscam armadilhas para derrubar a tão ameaçadora candidatura de Lula à presidência, Bolsonaro já começou a praticar o que de melhor sabe fazer para chegar ao mesmo resultado: mentir. Para isso, usa a técnica tão bem explicada pelo escritor Carlos Orsi em sua coluna no Globo: “Produzir dúvida com o objetivo de semear, na mente do público, a falsa noção de que existe uma controvérsia legítima a debater.“ Controvérsia essa inexistente, nesse caso. Tal qual disco arranhado, o capitão volta a bater na tecla da falibilidade da urna eletrônica, talvez para ele uma das últimas fronteiras para ‘combater o inimigo’. O presidente e seus aliados golpistas, os generais que também buscam uma boia de salvação para permanecerem coadjuvantes do poder político, levantaram “dezenas de dúvidas” sobre o tão moderno sistema, que nem os EUA conhecem ou conseguem dominar. “Temos um sistema eleitoral que não é da confiança de todos nós ainda”, alegou. “Quem op

O velório da Cultura

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Enquanto pranteamos o velório de nossa Cultura, que volta a ser ceifada pela mais nova desidratação da Lei Rouanet promovida por Mário Frias, somos informados dos quase R$ 80 mil investidos com dinheiro público para seu encontro, em dezembro, com o lutador de jiu jitsu Renzo Gracie, em NY. Só de passagens aéreas foram R$ 13 mil para cada perna, em classe Executiva (antes mesmo de Bolsonaro decretar a benesse aos privilegiados de seu governo), em viagem com o selo “urgente”. Que urgência poderia ser essa? O abuso deve ser a causa do cancelamento de sua participação na comitiva de Bolsonaro na viagem à Rússia, amanhã.  Para quem não se lembra, foi aquele mesmo que já alardeou nas redes sociais o deboche: "Rouanet eu quero, Rouanet eu quero, na Rouanet eu quero mamar, me dá dinheiro, me dá dinheiro porque senão vou chorar.” Bolsonaro já havia reduzido de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão o valor máximo permitido por projeto para captação, em abril de 2019. Passou ainda de R$ 60 mi

Guerra com telhado de vidro

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  O tal golpe – que deve ser bem baixo a julgar pelo histórico do clã – que Eduardo Bananinha promete desferir contra Lula pode ter sido desvendado pelo jornalista Guilherme Amado.   A estratégia seria martelar nas redes sociais imagens da delação do ex-ministro Antonio Palocci que, não por acaso, pretendiam aliviá-lo da prisão. A ideia é incutir nos eleitores a mensagem de que a corrupção voltará com o PT.   Sem apresentar provas, Palocci sustentou que 90% das medidas provisórias dos governos Lula e Dilma embutiam o pagamento de propinas. Também afirmou que as doações de empreiteiras retribuíam contratos com a Petrobrás.   Serão incluídas ainda nessa artilharia informações sobre os processos contra o ex-ministro José Dirceu – que já deixou claro que não voltará ao governo se Lula for eleito – e o ex tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.     Vale lembrar que parte da delação de Palocci foi tornada pública às vésperas do pleito de 2018 por Sérgio Moro, premiado por Bolsonaro com

A ambiguidade do veneno

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Curioso o conceito que os bolsonaristas têm da palavra veneno. Sabe-se da forte atuação destes grupos para embarreirar a vacinação infantil, com poder de afetar o ritmo da imunização dessa indefesa camada da população. Usam e abusam de  fake news  para convencer os pais dos riscos de introduzir o que consideram um veneno no corpo de seus filhos. Veneno esse que é o mais novo triunfo da ciência no controle da pandemia da Covid-19. E, apesar do que diz a etimologia da própria palavra agrotóxico – tentaram até despistar, mudando o nome para pesticida -, os parlamentares bolsonaristas foram peça chave na aprovação na Câmara Federal da proposta que facilita o registro de novos, esses sim, venenos. Trata-se de um agrado à Frente Parlamentar da Agropecuária, a bancada ruralista. Os principais entraves foram removidos com o afastamento da Anvisa e do Ibama das decisões finais. Assim, não há mais ninguém para cuidar dos riscos à saúde e do meio ambiente. Pelo Projeto de Lei (PL), a deci