Postagens

Mostrando postagens de abril, 2021

Cloroquina aos pinguins!

Imagem
  Em meio à CPI da Covid-19, o Parlamento Europeu transformou o debate sobre a pandemia na América Latina numa saraivada de críticas ao presidente brasileiro. “ Por ação ou omissão, a necropolítica de Bolsonaro constitui um crime contra a Humanidade que deve ser investigado”, sustentou o eurodeputado espanhol Miguel Urbán, membro do Podemos. Menção, por sinal, também já feita pelo senador Renan Calheiros na abertura da CPI, em Brasília. “Não é um erro, e sim uma irresponsabilidade deliberada”, fez coro a legisladora portuguesa Isabel Santos, do grupo social-democrata. O conterrâneo Paulo Rangel, do Partido Popular Europeu, é outro que concorda. Para ele, o impacto da pandemia foi agravado "por erros políticos e por visões negacionistas, como é o caso do Brasil". Já o conservador espanhol Leopoldo López sustentou a necessidade de   "destacar a negação da gravidade por parte dos governantes de alguns dos países com maior população". O lamentável comportamento

Babá de presidente

Imagem
  Pensei em escrever hoje sobre a reação judicial ao depósito de R$ 89 mil pelo miliciano Fabrício de Queiroz na conta da primeira-dama. Não é sem tempo que o ministro Marco Aurélio Mello envia uma notícia-crime à PGR. Sabemos, porém, que a PGR está blindada para não levar à frente nada que interfira no rabo preso de Aras com Bolsonaro. A indignação – sim, ela não para de pipocar – falou mais alto, diante da confissão do ministro da Casa Civil, o general Luiz Eduardo Ramos – o mesmo que produziu a confissão de culpa dos 23 erros cometidos pelo governo no combate à Covid-19 – ter tomado escondido a segunda dose da vacina. De quem um general de quatro estrelas, 64 anos, precisaria esconder esse tipo de ato 'tão controverso' num momento como esse em que vivemos? Acertou quem disse: de Bolsonaro. Em plena CPI da pandemia, os auxiliares do presidente sabem que ele continua a implicar com quem se vacina, usa máscara ou faz distanciamento.  Ramos, que pretendia “não criar caso”, p

Confissão de culpa

Imagem
  Seria cômico se não fosse trágico. Em seu desespero por criar estratégias de defesa na CPI da Pandemia – a tentativa de afastar Renan Calheiros da relatoria já micou -, a Casa Civil forneceu um detalhado mapa da mina dos malfeitos do governo.  São 23 pontos, baseados no relatório de TCU e do MPF do Amazonas, encaminhados aos ministérios para que antecipem suas defesas. O documento vazou na impressa e, como diz Chico Alencar, é uma clara confissão de culpa. 1) O Governo foi negligente com o processo de aquisição e desacreditou a eficácia da CoronaVac; 2) Minimizou a gravidade da pandemia (negacionismo); 3) Não incentivou a adoção de medidas restritivas; 4) Promoveu tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas; 5) Retardou e negligenciou o enfrentamento à crise no Amazonas;  6) Não promoveu campanhas de prevenção à Covid; 7) Não coordenou o enfrentamento à pandemia em âmbito nacional; 8) Entregou a gestão do Ministério da Saúde, durante a crise, a gestores não especializ

Quem será o próximo presidente?

Imagem
  Para quem, como eu, não aguenta mais esse governo genocida, eis que o senador Tasso Jereissati, já chamado por alguns de ‘nosso Biden’, admitiu, pela primeira vez, participar das prévias para a escolha do candidato à presidência pelo PSDB. “ Se meu nome servir para unir, em algum momento, vamos trabalhar nessa direção ”, disse ele ao Antagonista. Com isso, Jereissati entraria na disputa com João Dória, que, apesar de cacique das vacinas, tem forte rejeição por seu perfil marqueteiro; e Eduardo Leite, que peca pela falta de experiência. Ambos votaram no atual presidente. Realmente o senador, conhecido em sua terra como Galeguin dos Zóio Azul, poderia ser uma fonte de oxigênio para a tão sonhada alternativa de Centro. Não posso deixar de citar, porém, a reportagem do colunista do UOL Chico Alves, em agosto de 2000, na época meu colega na IstoÉ, mostrando que, de santo, o senador não tem nada. Conhecido como o homem que derrotou os antigos coronéis cearenses, ele teria recebido dinh

Por que tantas mortes?

Imagem
  Se não acontecer nenhuma manobra desvairada do governo, a CPI da Pandemia abre seus trabalhos amanhã. Por que uma CPI em momento tão conturbado no país? Simplesmente porque é preciso explicar o que nos levou a esse morticínio, que já beira 390 mil óbitos, enquanto a Índia, por exemplo, com seu quadro se agravando, tem 'apenas' 192 mil. O número de mortos nesses primeiros quatro meses do ano (195.949) supera os de março a dezembro de 2220 (194.976). A mídia, que assumiu as regras da contagem depois de o ministério da Saúde falsificar os dados da pandemia, tem sido pródiga em noticiar a sequência de erros cometidos pelo Executivo no combate à Covid-19, que não me cabe aqui repetir. Se os brasileiros não conseguiram manifestar nas ruas sua indignação, por conta do necessário isolamento agora imposto, o STF exerceu esse papel e Rodrigo Pacheco acatou, antes mesmo da decisão do pleno. Conforme o senador Renan Calheiros, a primeira resposta a ser dada pela CPI é quantas vidas p

Elos entre Jair e Adriano

Imagem
  Após a queima de arquivo do ex-capitão do Bope e líder do Escritório do Crime, Adriano Nóbrega, Ronaldo Cesar, o Grande, identificado pelo MP-RJ como um dos elos entre os negócios legais e ilegais do miliciano, diz a uma mulher que ligaria para o “cara da casa de vidro”.  Preocupa-se com pendências financeiras e diz que alertou Adriano que “iria acontecer algo ruim”. Ele diz ainda que quer saber “como vai ser o mês que vem” e que a “parte do cara tem que ir”. Em 13 de fevereiro de 2020, quatro dias após a morte de Adriano, Grande fala com um homem não identificado que tem ao lado, entre parênteses, a descrição “PRESIDENTE” em letras maiúsculas, e relata problemas com a família de Adriano devido à divisão de bens.  O interlocutor se coloca à disposição, caso ele venha a ter algum problema futuro. Nesse mesmo dia, o nome “Jair”  aparece em conversas de outros comparsas de Adriano – o pecuarista Leandro Abreu Guimarães e sua mulher, Ana Gabriela Nunes. O casal, conforme a investigaç

De quem é a culpa?

Imagem
  Me lembro quando meu marido, que trabalha com equipamentos de cozinha, relatou o comportamento de Pazuello em reunião com empresários que ofereciam facilidades para aquisição de equipamentos de refrigeração e viabilizariam a compra da vacina da Pfizer.  O então ministro da Saúde nem quis escutar o que lhe diziam. Realmente não restam duvidas sobre a incompetência de Pazuello para agir em favor da vida, e não da morte, que seria sua especialidade profissional enquanto militar.  É de se estranhar, porém, a denúncia do O ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten à Veja, atribuindo a Pazuello 100% da responsabilidade pela tragédia no combate à Covid-19 e isentando o presidente de qualquer responsabilidade. Justo quando Bolsonaro começa a sentir no cangote o bafo quente da CPI da Pandemia. Wajngarten foi exonerado em março, após voltar da viagem a Israel que consumiu R$ 440 mil dos cofres públicos – fora os gastos com o avião da FAB –, em busca de um spray milagroso (co

Mentiras deslavadas

Imagem
  Há dois anos não temos carnaval, porém, a marchinha de Moacir Franco, “Me dá um dinheiro aí”, nunca foi tão atual. Enquanto os EUA se comprometeram a cortar suas emissões pela metade e a meta da União Europeia é reduzi-las em 55% em comparação aos níveis de 1990, o quê o Brasil de Bolsonaro levou à Cúpula do Clima?  A cobrança de dinheiro dos países ricos para reduzir o desatamento na Amazônia entre 30% a 40%, em um ano. Detalhe: doações de R$ 2,9 bilhões da Noruega e da Alemanha ao Fundo Amazônia repousam nos cofres públicos, cujo uso foi inviabilizado por nossa performance ambiental.  Fico imaginando a conversa entre o presidente e seu ministro incendiário – o vice Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal foi desdenhado – sobre como eles conseguiriam passar a boiada para tudo o que o país tem feito para acelerar as mudanças climáticas.  Só em dezembro de 2020 a Amazônia perdeu mais de 11 mil km² de suas florestas, três vezes mais do que a meta da Convenção do C

Vilões da cloroquina

Imagem
  Os generais Fernando Azevedo Silva, recém defenestrado da Defesa; Edson Pujol, ex-comandante do Exército, Artur da Costa Moura, ex-chefe do Departamento-Geral de Pessoal (DPG), Paulo Sérgio de Oliveira, novo comandante do Exército e o obediente Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde. Cada tem sua cota de responsabilidade. Todos estão envolvidos com a ordem de Bolsonaro para o Exército viabilizar recursos públicos para produzir cloroquina. O que terá passado pela cabeça do presidente quando fez a catastrófica determinação? Para quem já tentou empurrar pela goela do povo a pílula do câncer em seus tempos de deputado não chega a surpreender.  A bordo de seu negacionismo, inspirado em Olavo de Carvalho e Donald Trump, não se sabe qual foi o cálculo de Bolsonaro: se realmente achava que o remédio poderia ter eficácia, se via nele uma forma de empurrar os mais remediados para o cadafalso ou se tinha que dar um jeito de escoar a produção que turbinou. Conforme a Folha, Bolsonaro fez a d

Mal me quer

Imagem
  Quando o presidente do partido que elegeu Bolsonaro se nega a abrigá-lo é sinal de algo de errado. No mínimo, falta de confiança na reeleição. Foi o que aconteceu com Luciano Bivar, à frente do Partido Social Liberal (PSL).  Razões não faltam. Bivar alega que seu partido nunca foi de direita e pretende reaproximá-lo da agenda econômica liberal. O principal motivo da recusa, porém, foi sua total descrença na mudança de postura política pelo presidente. Reestruturado entre 2015 e 2018, quando passou a abrigar o movimento Livres liderado por Sérgio, filho de Bivar, a chegada de Bolsonaro em 2018 inflou o PSL a ponto de torná-lo o segundo maior partido brasileiro, atrás apenas do PT, com 462.861 filiados.  O que significa mais tempo de propaganda eleitoral na TV e cobiçado Fundo Partidário que deve chegar a R$ 500 milhões em 2022. A saída do Livres foi simultânea à entrada de Bolsonaro. O PSL passaria então a embarcar no conservadorismo e no liberalismo econômico. Enquanto isso, Bols

A fome bate à porta

Imagem
  Ontem, pela primeira vez, dois mendigos que encontrei durante minha caminhada matinal disseram em uníssono: “Tenho fome”. Foi em locais distintos. Em comum, os dois tinham a mesma aparência suja e miserável. O mantra do segundo permaneceu ecoando no meu ouvido: “Tenho fome, tenho sede”. Nada pude fazer, não tinha dinheiro, cartão ou qualquer alimento que pudesse aplacar aquele desespero. Inevitável lembrar o discurso de Lula em 2002, quando seu apelo para matar a fome ecoou pelo quatro cantos do planeta. Aquele desejo de resolver um problema que parece inexistente a quem desse mal não padece trouxe visíveis consequências e adesões. Betinho fez coro e agora quem arregaça as mangas por aqui é o empreendedor social Edu Lyra, com sua mega campanha de cesta básica digital. Até agora nada, porém, capaz de aplacar os efeitos calamitosos trazidos pela pandemia. A fome ecoa pelas ruas, contudo, ainda permanece distante dos gabinetes capazes de saná-la. Pesquisa realizada este mês pela Uni

Passo a passo do aparelhamento

Imagem
  Hoje termina a Audiência Pública sobre a letalidade policial no Rio, mais conhecida como ADPF das Favelas. Ela começou a vigorar após a desastrosa operação policial das Polícias Civil e Federal em São Gonçalo, que matou em casa o adolescente João Pedro, em maio de 2020. A operação coincide com a extinção do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP), braço do MP-RJ, criado em 2015, que formulava e executava políticas públicas, além de controlar as atividades policiais.  Se apenas uma parcela ínfima dos crimes cometidos por policiais era investigada e virava denúncia, sem o GAESP isso só vai piorar. “É um verdadeiro absurdo”, admite ao El País um promotor que prefere não se identificar.  Ele considera ser impossível um promotor de Promotorias de Investigação Penal (PIPs), que tem em média mil inquéritos por mês, dar conta de investigar as mortes provocadas por policiais. Mesmo que a função pudesse ser preenchida pela Coordenadoria-Geral de Segurança Pública, o pró

Que prevaleça a verdade

Imagem
Nunca imaginei que um dia torceria por Renan Calheiros. Neste momento, contudo, não resta dúvidas de que ele é o homem certo para o lugar certo.  Talvez dos poucos, como redator, capazes de trazer resultados à CPI da Pandemia, com sua experiência como ex-presidente do Senado e por sua intimidade com situações não tão lícitas assim. Importante destacar que Rodrigo Pacheco também começa a se desgrudar do chefe. Ele poderia ter aberto a CPI depois da decisão do pleno do STF, porém, preferiu marcar território em seguida à decisão do ministro Barroso, dois dias antes.  Já há quem diga que ele investe em seu próprio nome para 2022. Com seu jeito vaselina e conciliador, pode vir a ser a tal alternativa de Centro, quem sabe...      Voltando ao tema original, ainda não há pistas claras do que virá quando o Senado abrir enfim a CPI da Pandemia, pelo simples fato de que as circunstâncias são novas, diversas dos impeachments  de Dilma e de Collor. E também não há certeza de quem serão os coman

Por que tantas mortes?

Imagem
  Em meio ao relatório do TCU apontando as causas do desastre da gestão de Pazuello, em linha semelhante, o conceituado tributarista Fernando Scaff botou os pingos nos “is” em levantamento ao site Conjur. Principais tópicos: *Segundo o artigo 3º da lei 6.259, de 1975, o Ministério da Saúde, pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), tem a função se coordenar, apoiar   técnica, material e financeiramente, a execução do programa nacionalmente. *O Brasil participou de quatro estudos na fase 3 das pesquisas, com os laboratórios Oxford/AstraZeneca-Fiocruz, vacina aprovada pela Anvisa em 2 de junho de 2020; do Sinovac Research & Development, em parceria com o Instituto Butantã, aprovada em 3 de julho de 2020; do BioNTech e Wyeth/Pfizer, aprovada em 21 de julho de 2020; e da Johnson-Johnson, aprovada em 18 de agosto de 2020.  Essa participação daria ao país preferência e agilização na compra das vacinas por preços mais baratos. *Por meio de MPs, em agosto de 2020 foram gastos R$ 2

Necropolítica brasileira

Imagem
  Ontem comecei a escrever sobre a notícia-crime enviada ao STF pelo superintendente da PF da Amazônia, Alexandre Saraiva, aliado de Bolsonaro. O alerta ocorreu após a fiscalização apreender, em dezembro de 2020, 200 mil m³ de madeira ilegal - a maior apreensão já realizada no país -, avaliada em R$ 130 milhões. O que fez então o ministro Ricardo Salles? Reuniu-se com os ‘inimigos’ e prometeu liberar a 'muamba'. Quem levaria a melhor, o policial cumpridor do seu dever ou ou o ministro incendiário? Acertou quem marcou a segunda opção. O diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, simplesmente substituiu Saraiva no cargo. Não é difícil imaginar os caminhos escusos tomados até que a absurda decisão fosse tomada. Aliás, trata-se de um nítido caso de aparelhamento, embora ainda não se saiba os rumos que tomarão o alerta de Saraiva. Tinha começado a vislumbrar a hipótese de Salles - que já pisou nos calos de poderosos como o general  Luiz Eduardo Ramos - tomar o mesmo caminho de Weintra

De párias a chacota

Imagem
De párias a chacota. Foi nisso que nos transformamos, como se viu no vídeo viralizado ontem, onde o premiê francês, Jean Castex, arrancou gargalhadas dos parlamentares ao dizer que o Brasil batia recordes de prescrição da hidroxocloroquina contra a Covid-19. Ele também foi aplaudido por seus pares ao anunciar a proibição de voos entre a França e o Brasil. “O que não fizemos foi seguir as recomendações do governo brasileiro. O presidente da República em 2020 os aconselhou a prescrever hidroxicloroquina. Gostaria de lembrar que o Brasil é o país que mais prescreveu", discursou Castex.  Tudo bem, faltou ao premiê admitir que um dos maiores defensores do medicamento no combate à pandemia foi o francês Didier Raoult - que depois acabou por admitir a ineficácia para este fim. O médico foi usado como argumento tanto por Donald Trump - que mais tarde reconheceu a inutilidade da droga e ainda enviou as sobras americanas ao Brasil - quanto Bolsonaro. Este último, como se sabe, preferiu perm