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Mostrando postagens de julho, 2023

Rescaldo da tragédia indígena

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  O assunto populações indígenas praticamente sumiu do noticiário no governo Lula. Por motivos óbvios. A barbárie dos tempos bolsonaristas parece ter ficado para trás. As feridas, porém, ainda ardem e continuam a assustar. Conforme o relatório Violência Contra Povos Indígenas do Brasil, do Conselho Indigenista Missionário, 3.552 crianças Yanomamis entre 0 e 4 anos morreram entre 2019 e 2022. Foram pelo menos 1.504 óbitos por causas evitáveis. O Amazonas, Mato Grosso e Roraima registraram 59,3% do total de mortes infantis nos últimos quatro anos, sendo 17,5% em território Yanomami. E, neste mesmo período, foram assassinados 795 indígenas em seus respectivos territórios. Só em Roraima, foram 41 dos 180 assassinatos de 2022, seguido por Mato Grosso, com 38, e Amazonas, com 30. Infelizmente, o luto evitável passou a acompanhar a vida destas populações nos últimos quatro anos. Os casos de violência sem morte chegaram a 416 neste mesmo ano de 2022, número 15,2% superior a 2021. As ameaças pr

Cinco mortos no caso Marielle

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  O assassinato de Marielle e Anderson Gomes gerou ao menos outras cinco mortes violentas de envolvidos no crime, que teriam atrapalhado a descobrir quem teria sido o mandante. Um deles foi o PM aposentado Edmilson da Silva Oliveira, o Macalé (foto), executado com vários tiros em Bangu, em 6 de novembro de 2021, segundo o Portal Metrópoles. Ele teria intermediado a relação entre o mandante e os executores das mortes do crime brutal. Ou seja, poderia apontar quem foi o mandante. Mecânico, era conhecido por consertar armas e viaturas policiais em Jacarepaguá. “ Parte significativa das provas e evidências deixadas por seus autores pereceu com o tempo, impondo severas limitações a novas diligências que se mostraram oportunas com o avanço dos trabalhos”, alega trecho do relatório da PF sobre seu caso. Outro foi Lucas do Prado Nascimento da Silva, o Todynho, suspeito de ter clonado o carro usado para executar Marielle. Ele teria confeccionado os documentos falsos do veículo e foi a s

Rolos nos bolsos bolsonaristas

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  Dois braços direitos do capitão estão enrascados até o pescoço em questões financeiras. O Coaf – aquele mesmo que levantou operações nebulosas de Fabrício de Queiroz – denunciou movimentação “atípica” e “incompatível” nas contas do ex-faz tudo Mauro Cid, preso desde 3 de maio por fraudes no cartão de vacinas e por suas conversas golpistas. Cid, cujo salário é de R$ 26,239 mil mensais como militar da ativa, movimentou R$ 3,2 milhões de 26 de julho de 2022 a 25 de janeiro de 2023. Registrou nesses seis meses operações de R$ 1,4 milhão em débitos e R$ 1,8 milhão em créditos. Foi encontrada pelo Coaf movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou ocupação profissional e capacidade financeira do mesmo. Segundo advogado de Cid, Bernardo Fenelon, as movimentações financeiras do tenente-coronel, inclusive as transferências internacionais, “são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal". O Coaf destacou o envio de R$ 367.374 aos EUA em

Quando a ferida volta a arder

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  O ministro da Justiça, Flávio Dino, anuncia que em breve haverá novidades sobre o brutal assassinato de Marielle e Anderson Gomes, fiel ao compromisso assumido. Sabe-se que em sete meses as investigações da PF avançaram a ponto de constrangerem até o governador do Rio, Cláudio Castro.  A PM, por sua vez, joga a culpa no MP-RJ... O fato é que a polícia fluminense deixou vácuos como não investigar o assassinato de Edimilson Oliveira da Silva, o Macalé, em 2021. Ele teria intermediado a contratação de Lessa para matar a vereadora. Ou seja, sabia quem era o mandante. Me lembro que quando se cogitou em federalizar as investigações falei com Marinette Silva, mãe de Marielle. Ela era contra. Isso porque, apesar dos pesares, de alguma forma algo aconteceu com a prisão de Queiroz e de Ronnie Lessa. Achou que poderia retardar ainda mais as respostas. O que ela não poderia imaginar era o grau de corrupção existente na polícia fluminense, que praticamente sentou-se em cima do processo. S

Mais um assessor do capitão na fritura

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  Mais um nome está em circulação na CPMI dos Atos golpistas: o do coronel do Exército Marcelo Costa Câmara (no destaque da foto), alvo de busca e apreensão da PF em operação que mirava o inominável, em maio. A comissão recebeu os dados da quebra de sigilo telemático e do e-mail institucional de Câmara, que teria chefiado uma “Abin paralela” no governo anterior. Para isso, segundo o colunista Lauro Jardim, foram recuperadas pelo Palácio do Planalto o backup das caixas de e-mail de 1º de janeiro de 2022 a 7 de julho.  Só que os e-mails recebidos e enviados previamente apagados não entraram nesse pacote. E podem ser preciosos... Ainda assim, os novos dados, armazenados em pen drive, são considerados sigilosos pelos investigadores. O ex-assessor especial do gabinete pessoal de Bolsonaro, acusado de chefiar o tal serviço de inteligência paralelo, hoje tem a atribuição de controlar a agenda do ex-chefe. Além dos dados de Câmara, a CPMI recebeu também os resultados da quebra de

Coincidências que não querem calar

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  Curioso como a mídia, em geral, tende a atribuir a ordem do assassinato de Marielle a milícias violentas, como que se temesse uma possível retaliação da mesma ao ser desbaratada. Adelmo J Santiago Ramos, do grupo Somos 70 Por Cento, do Facebook, porém, levanta as estranhas coincidências que eu mesma tinha explorado com mais determinação e ontem acabei por me enquadrar na prudência generalizada... O fato número um é o assassino, Ronnie Lessa, ser vizinho do capitão no Condomínio Vivendas da Barra. Ramos não chegou a mencionar o fato relevante do filho 04, Jair Renan, ter namorado a filha do vizinho matador. No dia do crime, Élcio Queiroz entrou no condomínio dizendo que ia para a casa do inominável. Outro fato em comum: tanto Queiroz quanto Ronnie Lessa eram ligados ao Escritório do Crime, cujo chefe, Adriano da Nóbrega, foi eliminado numa queima de arquivo no interior da Bahia em fevereiro de 2020. A mãe, Raimunda Veras Magalhães, e a ex-mulher de Nóbrega, Danielle da Costa

Crime mais próximo do mandante

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  Passados cinco anos do bárbaro crime, agora sabemos que o autor dos tiros que mataram Marielle e Anderson foi o ex-policial militar Ronnie Lessa, vizinho do capitão no Condomínio Vivendas da Barra. Sua filha também namorou Jair Renan, filho 04 do ex-presidente. Os investigadores não veem correlação entre os dois fatos acima e a autoria do crime. Seria uma simples coincidência? A informação foi obtida pela delação premiada do ex-PM Élcio de Queiroz (à esquerda na foto, com Ronnie Lessa), detido no mesmo dia que Lessa. Queiroz apontou ainda outro envolvido, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, que teria escondido as armas e as jogado no mar. Suel, que já fora detido por prejudicar as investigações, voltou a ser preso ontem. Segundo Queiroz, Lessa lhe disse que planejava o crime desde 2017 e naquele ano chegou a ser feita uma tentativa fracassada. No dia 14 de março de 2018 quem dirigia o carro era Corrêa. Lessa estava no banco de trás e foi quem atirou. Edmilson, outro

A balança oscilante da Lava Jato

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  A balança dos processos que envolvem a Lava Jato continua a oscilar. Como se sabe, o corregedor nacional,  Luís Felipe Salomão, decidiu manter o afastamento do juiz Eduardo Appio (foto), ex-chefe da 13ª VF que cuida desses processos. Appio foi afastado em maio após ser acusado de ameaçar por telefone João Malucelli, filho do desembargador Marcelo Malucelli, do TRF4. João Malucelli é sócio do ex-juiz Sergio Moro em escritório de advocacia e namorado de sua filha. A autoria de tal ligação nunca foi comprovada e falsas provas desse tipo foram bastante usadas pelos procuradores da 13ª VF. Marcello Malucelli desfez uma decisão de Appio, que havia retirado a condenação à prisão de Tacla Duran por Sérgio Moro. Com isso Duran, ex-advogado da Odebrecht que já havia sido preso e agora vive na Espanha, depôs em junho sobre as ameaças de extorsão por Moro e Dallognol, recheado de provas. Tal processo investiga a propina paga a políticos pela empreiteira, evidências de corrupção levantadas pela L

Quando a Justiça tarda e falha

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  A cada dia novas informações maculam mais a Lava Jato. Poucas, talvez, tenham o alcance das falsas acusações feitas ao ex-reitor Luiz Carlos Cancellier (foto), da UFSC, que terminaram em morte. Era o dia 17 de setembro de 2017, quando a delegada Érika Marena, integrante da Lava Jato, comandava a Operação Ouvidos Moucos, que deteve, sem provas, Cancellier e outros seis professores da universidade. A UFSC e a residência do reitor, próxima, foram cercados por mais de 100 policiais. A delegada justificou o estardalhaço da operação pela certeza da causa. Cancellier foi levado de camburão à Penitenciária da Agronômica, onde ficou 36h em cela de segurança máxima. Dias depois de liberado pela juíza que substituiu a que havia decretado sua prisão, ele jogou-se do último piso de um shopping de Florianópolis. “Minha morte foi decretada quando fui banido da Universidade”, dizia seu bilhete suicida. Quase seis anos depois, no dia 11 de julho, o TCU concluiu que Concellier não cometera ne

Garimpo ilegal no 8 de janeiro

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  Pouco a pouco, financiadores e incitadores do 8 de janeiro começam a ser descobertos. A Abin já enviou à CPMI dos Atos Golpistas documentos que comprovam a participação de empresas e suspeitos ligados ao garimpo ilegal. Um deles é Enric Juvenal da Costa Lauriano (na foto com o capitão), cuja empresa já foi autuada por crimes ambientais no Pará. Uma escavadeira que pertencia a Lauriano foi apreendida pelo Ibama em 2022 na terra indígena Kayapó. Conforme a Folha, os agentes chegaram ao empresário pelos registros de caminhões e ônibus usados pelos vândalos. Lauriano, que estava entre os ‘patriotas’ acampados no QG do Exército de Brasília, teria não só emprestado veículos para levar os golpistas à capital, como feito campanha de financiamento por Pix para atos bolsonaristas em Marabá. A campanha teria sido feita pela chave da empresa de informática de Ricardo Pereira Cunha, dono da Mineração Carajás Ltda, um dos citados por George Washington de Oliveira Souza, terrorista que tent

Herança maldita

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  Em 2022 o Brasil registrou o maior número de estupros de nossa história, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança. Foram 74.930 casos, um aumento de 8,2% em relação a 2021. Pior: 61,4% das vítimas tinham no máximo 13 anos. As licenças para armas cresceram quase sete vezes durante o governo do capitão, segundo a mesma fonte, com base em informações fornecidas pelo Exército. Em 2018 havia 117,5 mil registrados como Caçador, Atirador Desportivo e Colecionador (CACs). Eram 56 brasileiros para cada 100 mil licenciados. Passaram a 783,4 mil ou, de cada 100 mil, 386 são autorizados e ter armas. E grande parcela das armas foram parar nas mãos do crime. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 6.430 pessoas morreram em 2022 vítimas de policiais. A estatística corresponde a 17 pessoas mortas pelos fardados por dia. Quem estaria por trás dessas tenebrosas estatísticas? Podem até dizer que vejo a culpa do capitão por toda a parte. Em relação ao crescimento de armas, não há o q

Ex-apoiadores viram casaca

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  Depois de tanta baixaria e teimosia, é no mínimo saboroso acompanhar empresários ex-apoiadores do capitão virarem a casaca. É o caso do também autointitulado pastor e organizador de motociatas, Jackson Villar (foto). “Como fui tão trouxa em apoiar uns cretinos desses?”, pergunta no UOL. Villar também participou da organização de bloqueios de estradas após a vitória de Lula. Agora ele já tem mais de 950 mil visualizações no Tik Tok em 24h, onde comenta a queda de preços no atual governo.   “Contra-filé a R$30. Está vendo aí? Eu peguei logo três peças. Tudo caro. O pão, que aqui eram R$12, caiu para R$5”. “Fico com nojo de mim mesmo de ter te apoiado (referindo-se ao capitão). Primeiro, aquela ‘Carla Zumbi’ pedindo Pix, depois o Dallagnol. Agora o Bolsonaro, um cara que tem vários imóveis e ganha R$100 mil por mês!”, completa. Também integra esse time de vira-casacas Alberto Saraiva, dono das redes de restaurantes Habib’s, Ragazzo e Tendal Grill, ex-aliado do inominável. Ele ag

Impunidade até quando?

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  Já disse aqui que os sucessivos descalabros do inominável motivaram o foco do meu blog a partir do início de 2019. Apesar de saber das limitações da postagem, virou missão: desmascarar as barbaridades cometidas dia sim e outro também por aquele (des) governo. Não sou petista e nem lulista, porém, era claro que Lula seria o único político capaz de enfrentar o símbolo do jogo sujo – das tentativas de golpe fascistas ao uso do dinheiro público pela reeleição. Como de fato foi. Quando Lula ganhou as eleições, além da alegria pela vitória da democracia, temi cair numa espécie de limbo. A indignação que me movia – sensação diária de cumprir meu papel como jornalista – esfriaria. Tampouco pretendia virar um veículo chapa branca de tecer elogios ao governo. Mal sabia eu... Já na primeira semana de janeiro o país foi arrebatado pelo dia 8, quando ameaças repetidas por quatro anos se concretizaram naquele vandalismo nunca visto por aqui. A violência cresceu a níveis impensáveis. A paz ai

O 8 de janeiro não acabou

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  Não seria exagero atribuir a vitória da democracia no Brasil ao ministro Alexandre de Moraes. Pois o ilustre cidadão foi a Siena, na Itália, palestrar no Fórum Internacional de Direito. Na volta ao Brasil, ele e seu filho foram hostilizados no Aeroporto de Roma por um trio de bolsonaristas (foto G1). Trio esse composto pelo empresário Roberto Mantovani Filho, cuja mulher, Andreia Munarão, gritou para o ministro: “Bandido, comunista, comprado”. Mantovani é diretor-geral da Helifab Bombas e Assessórios, em Santa Bárbara do Oeste (SP). “Só estava sabendo disso pela imprensa”, reagiu cinicamente à colunista Malu Gaspar, após tornar-se alvo de inquérito da PF. “Até quando essa gente extremista vai agredir agentes públicos, em locais públicos? Foi um comportamento criminoso de quem acha que pode fazer qualquer coisa por ter dinheiro no bolso”, fulminou o ministro Flávio Dino.  Os três terão de responder na Justiça por agressão, injúria e difamação. Alex Zanatta, genro de Mantovan