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Mostrando postagens de agosto, 2020

Desejos reprimidos

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  Depois que ca iu a ficha de Bolsonaro de que não vai dar para criar o partido de seus sonhos a tempo das eleições de 2022 – até agora ele só conseguiu 21.963 assinaturas das 492 mil necessárias -, ele oscila entre três possibilidades.  A mais remota seria o PTB de Roberto Jefferson que, além de ser liderado por um ex-condenado, não oferece um vantajoso tempo de televisão. Já o Republicanos teria o conforto de acomodá-lo no mesmo partido do filho Carlos. O PSL, por fim, reabriu os braços ao presidente após briga com o líder da sigla, Luciano Bivar, sob condicionantes semelhantes, por Bolsonaro, semelhantes às dos 70%. O presidente só se filia se oito parlamentares deixarem o partido, entre eles, os arqui-inimigos Joyce Hasselmann e Major Olímpio. Ambos ex-amigos. O que teria levado a dupla a aderir ao capitão e depois rejeitá-lo? Para quem assistia de cadeirinha ao crescimento de Bolsonaro na reta final da eleição, não é difícil imaginar.  Por que será que eles só acordaram para o q

Xadrez por trás dos interesses

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Enquanto as suspeitas sobre o governador Wilson Witzel crescem e ele despenca como um castelo de cartas, os podres que correm na Justiça sobre Flávio Bolsonaro há mais de dois anos são empurrados com a barriga.  Pior: do superfaturamento nos equipamentos de combate à Covid-19 à rachadinha - agora também notícia no The New York Times -, as histórias se entrelaçam. De santos nenhum dos dois têm nada. Por um lado é bom ver a justiça ser feita contra aquele que ameaçava atirar na cabecinha, ou que ergueu o punho para a quebra da placa em homenagem a Marielle.   A primeira peça começou a cair em maio, quando veio à tona o esquema de corrupção do governador com a prisão do ex-subsecretário da Saúde, Gabriell Neves. Depois foram o empresário Mário Peixoto e o ex-secretário de Saúde, Edmar Santos. Ambos selaram o destino de Witzel. Acontece que o buraco é mais embaixo. Na disputa entre os puxa-sacos de Bolsonaro para as duas vagas que se abrirão no Supremo até o fim de seu mandato, o PGR,

Rumo à reeleição

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  Deve ter sido bem estranho para   a equipe liberal do ministério da Economia acatar a decisão do Congresso de subir para R$ 600 o auxílio emergencial durante a pandemia. Inexperientes como são em bancar ações sociais, devem ter se surpreendido com a instantânea subida de popularidade do chefe, a quem a população atribuiu, erroneamente, a bondade. O uso indevido da bagatela de R$ 42 bilhões está aí para comprovar essa inexperiência. E agora que o Jair já viu que calar a boca – embora não tenha conseguido conter o real Jair diante da inconveniente pergunta do jornalista sobre os depósitos de R$ 89 mil na conta da primeira-dama – e bajular os pobres rende votos, ele não pensa em outra coisa. O auxílio, de R$ 300, foi prorrogado para até o fim do ano, antes que os votos já entabulados saiam pelo ralo. Rebatizou o internacionalmente reconhecido Bolsa Família de Bolsa Brasil, para chamar de seu, sem maiores e necessárias discussões, baseadas em dados. Inexperientes como são, enquanto s

Circo de horrores da Saúde

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  Na mesma semana em que Bolsonaro tem a cara de pau de afirmar que “não viu governo mais eficaz que o brasileiro na pandemia”, passamos a liderar a taxa de óbitos pela Covid-19, até então detida pelos EUA: chegamos a 53,1 mortos a cada 100 mil habitantes, contra os 52,9 dos americanos. Vem à tona também, pelo El País, que morreram 4.132 pessoas que não conseguiram chegar aos leitos das UTIs em seis estados da federação, Rio de Janeiro à frente, com 2.340 óbitos. Vivemos ainda uma situação inédita no planeta: já são 80 dias consecutivos desde que atingimos o platô de mil mortes diárias. “Observamos o resultado da falta de uma resposta coordenada do ministério da Saúde, com base na estrutura do SUS”, justificou ao Globo a professora de Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Maria Amélia Veras. Não por acaso, estamos há quase três meses com um interino à frente do ministério que, também não por acaso, se mantém firme no ‘descargo’ por jamais

Ditadura disfarçada

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No que depender do cientista político Christian Lynch há dois cenários à vista para o Brasil. No primeiro, Bolsonaro vai até 2022, incapaz, porém, de se reeleger, pela incompetência pessoal e dos que o cercam. No segundo, “mais provável”, o governo acabará por ter um projeto, vai inventar programas que convençam os eleitores.”Qualquer um aprende com o tempo. Houve um caos na administração porque nem o presidente, seus assessores ou os militares tinham experiência, mas com o tempo pega o jeito.  Eles criam formas de perseguir, de fazer relatórios, intimidar servidores, jornalistas, algo que provoque um recuo maior que esse que está aí.” A conclusão saiu da conversa entre três velhos amigos, Lynch, o colunista da Veja, Ricardo Rangel, e o editor do Meio, Pedro Dória. Regado a cerveja e wisky , o papo navegou pelo momento presente e pelas perspectivas futuras. Houve apenas um consenso: não vai ter golpe. A democracia, contudo, tem cada vez menos cara de democracia. São relatórios para i

Pela frente democrática

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  Rui Costa, governador da Bahia pelo PT Enquanto Lula se mantém firme na decisão de não aderir à frente democrática e Bolsonaro entra de cabeça nos redutos eleitorais do PT, Rui Costa, governador da Bahia, levanta a bandeira branca. Em entrevista ao Globo, ele defendeu a união dos partidos de centro, centro-direita e esquerda para evitar a reeleição em 2022. Além de ser do PT, Costa fala como presidente do Consórcio do Nordeste, que reúne nove estados da região para atrair investimentos para os integrantes do grupo. Embora não veja crescimento da popularidade de Bolsonaro em seu estado, Costa admite que a tendência tenha ocorrido na região, por conta do auxílio emergencial. “Mas acho que isso não se sustenta, pela absoluta ausência de projeto para o país”, disse ele. Sem dúvida, medidas como essa não integram a cartilha liberal do ministro da Economia, pelo menos enquanto ele se mantiver no cargo. Algo está bem claro para o governador: “O que está em jogo é o futuro da democracia.”

Malversação escancarada

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O aparelhamento da extrema direita está em curso, não é novidade para ninguém. O que causa espanto, entretanto, é nesse momento de tantos gastos com a Saúde, necessários para enfrentar a pandemia, o governo gaste R$ 145 milhões para comprar um satélite – sem informações de licitação - para monitorar o território nacional e sobretudo a Floresta Amazônica, tão devastada pela atual gestão do país. A quem eles estão querendo enganar?   A função já era exercida, com reconhecimento internacional, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão que – sob o jugo de Bolsonaro, que desqualificou os dados fornecidos pelo instituto - decapitou em dezembro de 2019 o físico Ricardo Galvão, um dos 10 mais importantes cientistas do mundo naquele ano, conforme a Revista Nature.  A precisão dos dados do Inpe não interessava à gestão de Ricardo Salles, o mesmo que enviou garimpeiros de helicóptero ao Pará, fingindo que os passageiros eram índios. Os funcionários do Inpe, portanto, têm

Bolsonaro sem Trump

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Nunca as eleições americanas foram tão ligadas às nossas. Se Trump não se reeleger, qual será a repercussão para Bolsonaro? Que Trump é fonte de inspiração ao presidente brasileiro não é novidade para ninguém, a começar pela ilusória amizade que alardeia. E sobretudo pelo uso dos mesmos métodos escuso da extrema direita para ascender ao poder. Para a derrocada do presidente americano, soa como luz ao final do túnel não apenas o radioso discurso de Biden. Em termos do sórdido comportamento do líder americano, porém, são um bálsamo as definições do irmão feitas pela juíza aposentada Maryanne Trump Barry: "mentiroso", um homem "cruel", sem princípios. Disso, ninguém duvidava. Outra coisa é a fato dessas classificações saírem da boca da própria irmã de Trump, sem que ela soubesse que a sobrinha, Mary L. Trump, havia feito secretamente mais de 15 horas de gravações  das conversas entre os tios, obtidas com exclusividade pelo Washington Post. As fortes críticas ao irmão d

Paes larga na dianteira

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  Enquanto a aliança de Crivella (Republicanos) com Bolsonaro (sem partido) possa trazer sombrias perspectivas de reeleição do pior alcaide que já vi em minha existência, a Veja traz uma notícia reconfortante: ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) é o favorito para as eleições municipais, conforme levantamento do Instituto Paraná Pesquisas. Nos dois cenários pesquisados, Paes tem mais de dez pontos percentuais de vantagem sobre Crivella. A margem de erro é de 3,5% pontos para mais ou para menos. No afago em direção ao presidente, o prefeito negocia a Major Fabiana, do PSL e aliada do clã, para tentar conquistar a fatia do eleitorado que cresce, turbinada pelo auxílio emergencial. A pesquisa  - um bálsamo para quem não quer ver Crivella pintado pela frente - foi a primeira realizada sem a presença do deputado Marcelo Freixo (PSOL), um dos favoritos na disputa. Ele desistiu da candidatura sob a frustração com a falta de unidade da esquerda, cenário que também ameaça as eleições de 2022. No

Na corda bamba das reviravoltas

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“Só que eu não estou aguentando, você está entendendo? Não estou aguentando. Está muito difícil, amiga (...) Só Deus sabe.(...) não tenho vontade de fazer nada, nada (...) Cheguei a um estágio emocional (...)”  Esse é um dos trechos das conversas, de dezembro de 2019, obtidas pela Veja, de Márcia, mulher de Fabrício Queiroz, com a advogada Ana Flávia Rigamoti, que trabalhou para Frederick Wassef, o advogado dos Bolsonaro, em cuja casa Queiroz foi encontrado após um ano desaparecido. Muito antes, portanto, da prisão do marido e da decretação de sua própria detenção pelo juiz Felix Fisher, transformadas em prisão domiciliar por Gilmar Mendes. O desespero de Márcia, já naquela época, que acabou voltando para casa depois do ministro Noronha, amigo dos Bolsonaro, livrar a cara do casal e decretar prisão domiciliar para ambos - até para Márcia, apesar de foragida -, dá bem a medida do que poderia significar para o clã uma possível volta dos dois à cadeia. Flávio Bolsonaro, o 01, tem aposta

Bannon nos quintos dos infernos

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  A  amizade de Bannon e Eduardo Bolsonaro Durou pouco a prisão de Steve Bannon, padroeiro do populismo autoritário da direita no mundo, solto ontem após pagar fiança de US$ 5 milhões. Assim como Bannon atuou como protagonista das fake news na campanha que alçou Trump à presidência dos EUA, também  teria orientado os Bolsonaro no manejo das ferramentas digitais de acesso ao poder. Em novembro de 2018, na comemoração de seu aniversário, em Washington, conheceu Eduardo Bolsonaro, a quem nomeou informalmente como   "pessoa ícone no combate ao marxismo cultural". Nessa noite, Bannon disse à repórter Júlia Zaremba que tivera contato informal com a família Bolsonaro durante a campanha de 2018, e que estava "muito bem impressionado com Eduardo e seus assessores", com quem compartilhava "a mesma perspectiva em relação à economia, estabilidade, lei e ordem". Que lei e ordem? Trump, a criatura, limitou-se a dizer que se sentia muito mal com a prisão do criador. Alé

Sérgio Vieira de Mello vive!

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  Poucas vezes fiquei tão tocada com a morte de uma pessoa pública, como aconteceu em 19 de agosto de 2003, quando o brilhante e promissor funcionário da ONU,   Sérgio Vieira de Mello, morreu em Bagdá, entre outras 21 vítimas de um atentado terrorista. É um alento saber que a fundação que leva seu nome, liderada por seu único sobrinho e afilhado, André Simões, está botando a mão na massa para minimizar os trágicos efeitos da pandemia na cidade natal de Mello, o Rio de Janeiro que ele tanto amava. A tragédia que matou o diplomata originou o Dia Mundial Humanitário, em homenagem àquelas mortes, que passou a ser celebrado em 19 de agosto. Dezessete anos depois, quando o planeta se asfixia diante da crise sanitária, a Fundação Sérgio Vieira de Mello já distribuiu mais de 25 mil refeições para moradores de rua no Rio, através da ONG que apoia, o “Projeto sem Fome”, criado por um grupo de voluntários. Com a pandemia o Centro, repleto de lojas e restaurantes, virou quase que um deserto, a

Corrida do bem

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A Anvisa acaba de autorizar testes na fase 3 para mais uma vacina contra a Covid-19. Os mais desavisados podem achar que essa seria uma vantagem para o país. De fato. Na medida em que de alguma forma terão de se comprometer com a futura distribuição no Brasil. Não é para ajudar, porém, que as farmacêuticas internacionais nos procuram. O que nos credencia são os nossos mais de 3 milhões de contaminados e óbitos que ultrapassam os 100 mil. Tragédia que já deixou de indignar a população. Dessa vez, o interesse foi da Janssen Pharmaceuticals, do grupo Johnson & Johnson, para testar a Ad26.COV2.S. Antes dela chegaram aqui outras três vacinas, a da Universidade de Oxford, no Reino Unido – que a Fiocruz estima começar a produzir em dezembro -; a chinesa Sinovac, já apelidada de ‘coronavac’, em parceria com Instituto Butantan, que deve começar a receber material para produção em outubro, e a da BioNTech/Pfizer. Todas na fase 3. Há previsão de vacinação gratuita pelo SUS para a melhor ent

Pelo cancelamento de Sara

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Já é impossível pensar que um homem adulto - preso nesta terça-feira - possa ter passado quatro anos estuprando a sobrinha desde os 6 anos de idade, e que só aos 10 o corpo dessa criança tenha dado o sinal de alerta com uma gravidez. E, para conseguir o seu merecido aborto legal, tenha sido obrigada a viajar de seu estado, o Espírito Santo. até o Recife, com a sinistra ministra Damares, que ao invés de acolher a menina, que vive com a avó ambulante, deu publicidade ao drama? Não, o drama - estupro que acomete quatro meninas de até 13 anos por hora no país - não terminou aí. A ativista bolsonarista e falsa loura Sara Giromini expôs nas redes sociais o local,  que deveria ser mantido em sigilo,  onde a menina seria operada, atraindo à porta do hospital uma turba evangélica ensandecida gritando "assassino" ao médico que cumpriu a tarefa, clamando pela desgraça da vida daquela pobre criaturinha para todo o sempre?  Sara Giromini, autuintulada Winter, sonsa, olhar que mescla a

De volta ao passado

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Plínio Salgado e seus seguidores, os camisa-verdes Qualquer semelhança não é mera coincidência. O lema “Deus, pátria, família”, da maior organização de extrema-direita já criada no país, a   Associação Integralista Brasileira (IAB),    é exatamente o mesmo do candidato às eleições presidenciais de 2018, portanto, mais de 70 anos depois de a AIB ser banida por Getúlio Vargas, em 1937. Acertou quem pensou no 'ideário' de Jair Bolsonaro, que volta a encarnar o espírito do movimento inspirado no fascismo de Benito Mussolini, fundado por Plínio Salgado (1895-1975). Com a diferença que Salgado havia caído no gosto dos intelectuais, por ações como a leitura de poemas de sua autoria na antológica Semana de Arte Moderna, de 1922 (dá para imaginar Bolsonaro escrevendo um poema? E livros?). Um de seus livros foi elogiado por Monteiro Lobato e o próprio movimento teve entre seus ideólogos e simpatizantes o jurista Miguel Reale e o escritor Gustavo Barroso, que presidiu a Academia Brasile

Brasil, sua cara ainda é o Rio

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Coroa com vigor de garoto Eis que sopra uma lufada de ar nessa asfixiante atmosfera política brasileira. Sexta-feira participei do primeiro comício virtual em torno da pré-candidatura de Chico Alencar a vereador, pelo PSOL. Sim, o deputado federal mais votado em 2014, ex-candidato a prefeito e a senador – quando perdeu, em 2018, talvez pela falta de domínio das ferramentas que elegeram Bolsonaro -, Chico volta à política com a honesta disposição que sempre o norteou – “ Lá vou eu de novo como um tolo /Procurar o desconsolo/Que cansei de conhecer", brincou por duas vezes , parafraseando, com largo sorriso, "Retrato em branco e preto", do xará e amigo, Chico Buarque . Cabelos brancos e disposição de garoto, embora concorrendo a um cargo cuja atuação se restrinja ao seu quintal, o Rio de Janeiro, Chico – ao contrário do “E daí”, “não sou coveiro” ou “vida que segue”, algumas das máximas do desdém de nosso líder máximo à pandemia que nos consome – pretende estimular o “bon

Final feliz no Parque Guinle!

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Quatro filhotes já nasceram, dois ainda não saíram dos ovos Quatro filhotes já nasceram, dois ainda estão nos ovos Em mei o  à pandemia mundial e ao pandemônio que vivemos no Brasil, com recordes de mortes pelo coronavírus e a cena política dominada por milicianos – o ordem de recondução de Queiroz e Márcia à prisão foi suspensa pelo ‘generoso’ Gilmar Mendes –, eis que surge uma notícia boa. Goiabinha conseguiu chocar seus ovos até o fim – há dois meses seus ovos foram roubados – e quatro filhotes já nasceram! Dois ainda estão nos ovos. Romeu, que quase comemora o nascimento no dia dos pais, cerca a cria, exalando orgulho. A história dos cisnes negros do Parque Guinle começou com o casal Romeu e Julieta, doado por um criador da serra fluminense em julho de 2018. O batismo, por sinal, não foi inspirado no mais famoso casal de Shakespeare, e sim no nome dado ao casamento goiabada com queijo. Depois de já ter sofrido o roubo de seus ovos chocados no ninho à beira do lago, Julieta foi as

O desejo supera a necessidade

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  Em janeiro foi noticiado que a Apple, Amazon, Alphabet (dona do Google), Microsoft e Facebook valiam, juntas, a bagatela de US$ 5 trilhões – três vezes mais que o PIB brasileiro. O que elas produzem para valer tanto dinheiro? Teriam sido os chips , bits e bytes , o domínio dos e-mails , do e-commerce e o e-government que alçaram seus proprietários à fortuna? Uma primeira explicação poderia ser a “economia da atenção”, pela qual o negociante atrai a atenção alheia e a vende com milhares de dados individualizados sobre cada um que, em meio à multidão, feito abelha no mel, tem seu olhar atraído para as telas eletrônicas. Ou seja, os conglomerados da era digital elevaram o velho negócio do database marketing à potência máxima, com informações precisas sobre as pessoas e desenvolvimento de técnicas neuronais capazes de magnetizar os sentidos do público. Tudo isso se chama extrativismo virtual. Não explica tudo, porém. A capa da The Economist , de maio de 2017, anunciava as pessoas

Oportunismo da tragédia

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O professor João Cezar, da Uerj Se você se escandalizou com a fatídica reunião ministerial de 22 de abril não se engane: foi muito pior do que parece. Ela sintetiza o que o professor de Literatura da Uerj, João Cezar de Castro Rocha, classifica como ‘ideário do bolsonarismo’ - sim, ele existe! -, ou seja, a arquitetura de destruição das instituições legadas pela constituição cidadã de 1988. Estudioso do tema, Rocha esquadrinhou o funcionamento dessa estrutura perversa, baseada no tripé ‘Visão de mundo bélica’, ‘Delírio do perigo vermelho’ e ‘Retórica do ódio’, a voz da extrema direita de Olavo de Carvalho. O sistemático ataque à Cultura, ao Meio Ambiente e à Educação, portanto, se explicam e estão inseridas nesse contexto, que começa pela adoção da Doutrina da Segurança Nacional, criada nos EUA durante a guerra fria, período em que o capitão se formava na Academia das Agulhas Negras. Ela criava um mundo bipolar, dividido entre capitalistas e comunistas, perigo vermelho que precisava

Estratégia infalível

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Não é a primeira vez que faço minhas as palavras do brilhante cientista político Christian Lynch. Ele começa sua análise da atual conjuntura com um aviso sinistro: acostumem-se, vai piorar, antes de melhorar. Bom, a essas alturas dos acontecimentos já é um alívio saber que pode melhorar...O que ele chama de ‘novo governo Fiqueiredo’, tocado por militares aposentados – sem dúvida mais inteligentes que o limitado presidente –, encontrou o equilíbrio em um ‘autoritarismo democrático’ à moda brasileira, ou seja, mole, cínico, malandro, escorregadio. A única coisa que Bolsonaro tinha ao assumir a presidência era a manipulação digital, que também consagrou o Brexit e Trump. Por aqui, burra e grossa, no geral. Em meio à dramática pandemia, o presidente criou técnicas próprias de cooptação, a exemplo de Pazuello, que neutraliza e apaga as áreas conflagradas, com sua presença/ausência. Deu problema? A solução é nomear quem não entende nada de sua pasta, e, como por milagre, os problemas desap

Acorda Brasil!

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  A cada nova ameaça, seja em torno da pandemia do coronavírus, ou até das ameaças à 'primeira família' desde a prisão de Queiroz, os 70% exultavam: agora vai, agora Bolsonaro vai cair! Só que, além de não cair, ele desponta como favorito nas eleições presidenciais de 2022. Enquanto os brasileiros tentam se conformar com a vergonhosa posição do país que virou chacota internacional, o capitão se mantém como integrante da chamada “Aliança do Avestruz", ao lado dos ditadores da Nicarágua, Bielorússia e Turquistão, que negam os riscos da pandemia e recomendam soluções que vão do consumo de vodka ao da controversa cloroquina. Conforme o El País, essa estratégia que poderia parecer suicida é minimamente calculada, tanto que segue seu curso, mesmo com a população estarrecida diante dos mais de 100 mil mortos. Hoje, a posição do Brasil no cenário mundial é semelhante à mantida por Bolsonaro por três décadas como deputado federal: isolado, conhecido por suas loucuras e sem qualqu

OMS puxa orelha de Bolsonaro

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O irlandês Mike Ryan, da OMS Após a trágica marca de 100 mil óbitos, a OMS deu um recado direto a Bolsonaro sobre a ineficácia da cloroquina, a necessidade de manutenção do distanciamento social - já que a Covid-19 continua a se espalhar pelo país - e da ajuda financeira. “Sociedades não podem agir com as mãos atadas nas costas. Elas precisam receber recursos e meios para agir", alertou Mike Ryan, diretor de operações da OMS ao colunista Jamil Chade, do UOL. As críticas foram respostas ao negacionismo do presidente, que voltou a fazer campanha para a cloroquina, questionou o distanciamento e ainda criticou as vacinas de origem chinesa. "É difícil para muitos no Brasil, especialmente os que vivem em locais lotados e na pobreza. Manter as atividades é muito difícil. O governo deve continuar a dar apoio à sociedade”, completou Ryan, que aproveitou para elogiar os profissionais de saúde, que fazem malabarismos para atender hospitais cuja ocupação chega a passar de 90%. "O B