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Mostrando postagens de janeiro, 2023

Eleições ditam largada do governo

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  “A depredação, a pilhagem e o dano ao patrimônio público concretizaram uma evidente tentativa de golpe de Estado patrocinado pela extrema-direita. Tudo foi planejado, articulado e estimulado, até ser executado. (...) SEM ANISTIA! NÃO AO GOLPISMO, SIM À DEMOCRACIA! O trecho acima foi pinçado do discurso de um candidato à presidência da Câmara. Infelizmente, não é de Arthur Lira, o franco favorito. E sim do único concorrente, o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) ao cargo decidido amanhã. Quem assistiu ao permanente conluio entre Lira e Bolsonaro e achava que a queda do segundo significaria também a queda do primeiro, ficará a ver navios. Até o PT se comprometeu com a reeleição do ardiloso ‘rei Arthur’. E o alagoano, que está longe de dormir em serviço, autorizou na sexta-feira 20 a duplicação dos valores do auxílio-moradia, aumentou o auxílio-combustível e liberou 263 cargos para siglas aliadas. Além de reembolsar até quatro passagens aéreas/mês para o DF, ida e volta. Li

Ele sabia de tudo

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  Na quinta-feira, quando a PF começar a interrogar Anderson Torres, algumas das questões que serão abordadas foram antecipadas por uma fonte anônima que falou ao Intercept . O papel de transformar pedidos antidemocráticos em atuação institucional, por exemplo, se daria a partir de homens de confiança do clã, por dentro da máquina, desde o Ministério da Defesa, passando pela AGU e o Ministério da Justiça.   Para a PF, o ex-ministro e fiel aliado de Bolsonaro é considerado peça-chave para esclarecer o planejamento — financeiro e intelectual — e a estrutura terrorista que tentou impor um golpe aos brasileiros no 8 de janeiro. Torres é considerado “ponto fulcral” do processo golpista. Tanto pela omissão apontada pela PF – suspeita que o levou à cadeia – quanto pela relação com a escalada de atos golpistas. Que vão desde a prisão de Roberto Jefferson aos bloqueios da Polícia Rodoviária Federal no dia da votação no segundo turno, passando pela minuta do golpe descoberta em sua casa at

Sina de mulheres e ex-mulheres

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  Mulheres e ex-mulheres tornam-se capítulos de destaque nesse momento. Quem não se lembra de Maria Christina Mendes Caldeira (foto) ameaçando Valdemar da Costa Neto, com um profundo conhecimento de causa de quem já dividiu com ele as escovas de dente? A julgar por seu silêncio posterior, ela deve ter entrado numa boa grana para ficar calada. Michelle, por sua vez, deixou escapar que andou procurando um advogado para se divorciar de Bolsonaro após sua derrota nas urnas. No fim, acabou embarcando para Orlando com o maridão. Teria sido, também, uma questão de cifras, ou seria ela a próxima ex do pedaço? E eis que as histórias de Costa Neto e Michelle se cruzam (a ex, por sinal, já tinha dedurado cruzamento anterior nada republicano entre os dois).  O presidente do PL resolveu investir em Micheque que, agora, também soubemos, desfrutou do cartão de crédito da amiga Rosimery Cardoso Cordeiro, que a apresentou ao então deputado do baixo clero depois alçado a presidente.   Foi cabo e

Um plano (quase) perfeito

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  “Falha operacional” e “ação programada de profissionais treinados”. Essa é a síntese do relatório apresentado ontem ao STF pelo interventor federal na segurança pública, Ricardo Capelli (foto), braço direito do ministro Flávio Dino. O que será que o secretário de segurança preso, Anderson Torres, dirá sobre isso no depoimento que prestará nesta segunda-feira? Por que o responsável pela integridade do Congresso fugiu para Orlando – onde está Bolsonaro – antes de iniciadas suas férias diante de tal ameaça?   Segundo o documento - com mais de 60 páginas e 17 anexos com imagens das câmeras de segurança do entorno da Esplanada e da Praça dos Três Poderes -, apesar dos potenciais riscos apontados pela Abin, não foi feito qualquer alerta da secretaria de Segurança do DF. Quem se arrisca a dizer por quê? Se não houve alerta, tampouco foi feito qualquer planejamento, apesar dos comunicados dos comandantes da PM do DF nos dias 6, 7 e 8 de janeiro. “Protocolos não foram respeitados.” Não

Se correr o bicho pega

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  Quando o capitão fugiu para os EUA, para não ter de dar posse ao sucessor, talvez sonhasse em voltar como presidente, se todos os planos dessem certo. Impossível negar que ele soubesse do 8 de janeiro, embora tudo tenha que ser provado. E tanto sabia da minuta encontrada no armário de Anderson Torres, que disse se tratar de um documento apócrifo, como de fato era, que nunca foi usado. Sabe-se lá por quê. Entre a invasão do Congresso e o documento, ele avisou a seguidores, nos EUA, que o melhor ainda estava por vir. Apesar de econômico em suas falas, ele deixou pistas aqui e ali sobre as suas reais intenções. Só que Bolsonaro cada vez se enrosca mais. Além de a PGR - antiga aliada incondicional - ter autorizado investigações sobre o ex-presidente no 8 de janeiro, ele também é alvo de suspeita de caixa 2 junto a seu ajudante de ordens, Mauro Cid, e de envolvimento com a minuta. Fora acusações por fake news , como a que associava a Covid à Aids, entre outras. Agora, depois que L

O genocídio dos Yanomamis

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  Não é que o governo anterior não tenha gasto com os povos indígenas. Conforme o colunista Álvaro Gribel, levantamento do Portal da Transparência indica que 88% do orçamento para eles foram executados. Só que, para inglês ver. O estímulo por Bolsonaro à invasão de garimpeiros trouxe doenças e violência à região. Além de adquirirem empresas de transporte aéreo, eles impediam o acesso de profissionais de saúde, antropólogos, sociólogos e agentes públicos à reserva. Crescem as provas contra o capitão, alertado desde 2019 pelo MP sobre o aumento de garimpeiros na região. E não é de hoje. Segundo o escritor Lira Neto, um ano após o governo Collor demarcar as terras Yanomami, o novato deputado apressava seu projeto para invalidar o decreto presidencial. Conforme o MPF, o governo anterior não executou o plano do Ibama para resolver o garimpo naquelas terras. O descaso cresceu a ponto dos especialistas falarem em genocídio, evidenciado pelas tenebrosas imagens divulgadas após a visita

Dada a largada à despolitização militar

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Justiça para Marielle

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  Quando Flávio Dino assumiu o Ministério da Justiça, disse que chegar aos mandantes do assassinato de Marielle e Anderson Gomes era para ele uma questão de honra. Ao contrário de 2020, quando a família era contra a federalização das investigações, agora ela será bem-vinda. E também é comemorada a nomeação do delegado Leandro Almada como superintendente regional da PF no Rio. As investigações conduzidas por Almada, em 2019, concluíram que houve obstrução de Justiça no assassinato da vereadora, em 14 de março de 2018.  Sua condução ao cargo já é um indício das reais intenções, dessa vez, de esclarecer o caso. Na época, o inquérito indicou que PMs e advogados fluminenses se uniram para prejudicar as investigações, até hoje inconclusas. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, por sinal, também alterou o comando da PF em outros 18 estados. Como se sabe, até hoje os únicos presos pelo crime são os supostos executores, Ronnie Lessa – que morava no Vivendas da Barra, mesmo condomínio d

Silêncio corporativo

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  Li o furo do Portal Metrópoles na noite da última sexta-feira. Já tinha um post pronto para o blog, porém, achei que era urgente trocá-lo. A notícia sobre a atuação do tenente-coronel Cid, da qual eu já havia falado, tomou proporções explosivas. Tanto as investigações sobre o uso do cartão corporativo quanto a proximidade do militar com radicais, a exemplo das mensagens encontradas pela PF com o blogueiro Allan dos Santos, já estavam em andamento. E já haviam sido citadas aqui. O episódio narrado pelo portal era o desfecho de movimentos que localizaram uma situação crucial: uma das fontes de financiamento dos atos antidemocráticos, pelo suposto uso de recursos de militares operado por Cid para derrubar Lula. Destinados dos acampamentos aos atentados e ao 8 de janeiro. Seria uma pista preciosa de algo ainda nebuloso. Estranhei quando assisti ao "Em Pauta" naquela noite e não vi nenhuma menção às denúncias. Estranhei mais ainda quando não vi nada sobre o escândalo

Efeitos colaterais do coringa

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Quando Lula pediu ao Comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, para revogar a indicação do coronel Cid em sua designação ao 1º Batalhão de Ações e Comandos, não foi atendido e trocou de comandante de Exército, motivos não faltaram ao presidente pela insubordinação. A começar pelo principal, mencionado ontem aqui sobre o furo de reportagem do Portal Metrópoles. O tal uso do cartão corporativo para pagar gastos pessoais do clã – como fazia Fabrício de Queiroz com Flávio – já era investigação antiga. Assim como a interlocução de Cid com bolsonaristas radicais, a exemplo do blogueiro Allan dos Santos.  Foi a troca de mensagens encontrada pela PF entre ambos que o obrigou a depor no inquérito de atos antidemocráticos aberto pelo STF. A reunião de Bolsonaro com os embaixadores para denegrir a urnas eletrônicas, em agosto de 2022, também foi ideia dele. Quatro meses depois a PF, concluía que o militar cometera crime ao divulgar fake news  sobre a Covid, com Bolsonaro. E

O elo entre Bolsonaro, militares e golpistas

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  Bomba! Conforme investigações autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, fazia o mesmo papel de operador de 'rachadinhas' desempenhado por Fabricio de Queiroz para Flávio, o 01. O modus operandi  já é batizado de ‘rachadinhas palacianas’. Pela denúncia do Portal Metrópoles, a descoberta liga o antigo gabinete do   capitão à mobilização de atos antidemocráticos, além das graves suspeitas de caixa 2 no Planalto, com dinheiro vivo que vinha de saques a partir de cartões corporativos da Presidência e de quartéis das Forças Armadas. Íntimo de Bolsonaro, Cid era companhia frequente e guardião do celular do chefe. Além de atender ligações, também pagava contas com dinheiro do caixa informal que gerenciava, sobretudo, da agência 3606 do Banco do Brasil que funciona dentro do Palácio do Planalto.   As faturas de um cartão emitido em nome de Rosimary Cardoso Cordeiro, amiga íntima de Michelle, custe

Dino: "Minuta é elo perdido do golpismo"

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  Embora tenham prevalecido comentários superficiais sobre a minuta encontrada no armário de Anderson Torres, aquele seria o “elo perdido do golpismo”, como define o ministro da Justiça, Flávio Dino, no Conversas com o Meio. “É bem escrito, há engenho naquilo, não foi um delírio momentâneo de alguém que estava ébrio, a não ser embriagado nos seus despotismos íntimos”, avaliou Dino, para quem o documento não teve uma autoria individual, que deve vir à tona nos próximos dias. Seria um plano junto à diplomação, “que deveria desencadear um golpe”, completou, “ exatamente no momento em que o novo governo não se instalou e a sociedade está ocupada com seus eventos familiares de comemoração do Natal.” O ministro lembra que a decisão de Lula - com quem falou por telefone ao serem ambos surpreendidos pela invasão do Congresso – pela Intervenção Federal, civil, foi uma opção à GLO, que “evidenciaria que só os militares podem restabelecer a ordem no Brasil.” Para Dino, a invasão foi uma e

Os 13 passos do golpe

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  Após quatro anos de ameaças golpistas por Bolsonaro, iniciativas bizarras coroaram o fim de seu mandado. Não por acaso, durante a invasão ao Congresso, golpistas entoaram máximas do chefe: “Deus, pátria, família, liberdade” (gritantes incoerências) e “Nossa bandeira jamais será vermelha” (a coalisão que elegeu Lula não é vermelha).  Abaixo, os doze passos da extrema-direita para tentar virar o jogo. Nenhuma delas exitosa. 1 – As sucessivas campanhas de Bolsonaro para desacreditar as urnas eletrônicas e o STF. 2- Decretos para armar a população (aliados). 3- "Vamos ter problema pior que os EUA", por Bolsonaro, no dia seguinte ao Capitólio. 4 - A PEC Kamikaze é aprovada pelo Congresso apesar de sua inconstitucionalidade (e os pobres só foram lembrados a dois meses da eleições, apesar dos 33 milhões de famélicos). 5 – Na eleição, a PRF intensifica operações no Nordeste para atrapalhar a votação dos potenciais eleitores de Lula. 6 – Bolsonaristas queimam três carr

Aliado ou algoz?

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  Milagres acontecem. Pelo menos no Brasil. Augusto Aras, o PGR que vestiu a camisa e fez vista grossa aos crimes cometidos pelo aliado, Bolsonaro, estaria virando a casaca. Antes tarde do que nunca...embora eu, pessoalmente, ainda custe muito a crer... Talvez a concordância de Aras com o inédito pedido de investigar o capiroto, assinado pelo sub-procurador, Carlos Frederico Santos - que comanda o núcleo recém criado pelo chefe, o Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos -, não passe de aval  ao pedido dos 79 defensores para Bolsonaro se tornar alvo de um inquérito. O núcleo, por sinal, só foi criado após a AGU pedir a prisão dos golpistas envolvidos nos ataques.  Além disso, Aras solicitou a abertura de vários inquéritos sobre golpistas participantes do vandalismo de 8 de janeiro.  O fato do procurador geral ter sido indicado por Bolsonaro fora da lista tríplice – o que não é proibido e Lula já ameaça fazer o mesmo – só contribui para endossar a tese. Nítida em

Ninguém quer perder a boquinha

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  Quando Bolsonaro planejou o atentado por melhores salários no Exército, foi definido pelo ex-presidente, general Ernesto Geisel, como um “mau militar”. O episódio, porém, o alçou à fama. Entre os que pensavam igual, viúvos da ditadura, que viram no capitão insubordinado o caminho para a volta ao poder. Por vias legais. Nada disso é novidade.   O que agora salta aos olhos é que os vândalos do 8 de janeiro estão sendo localizados, investigados, tornados réus e, só então, presos. Em endereços conhecidos. Têm direito a defesa. E não haverá interrogatórios por Brilhante Ustra. Ou seja, algo totalmente diferente do tratamento destinado a quem pensava de outra forma durante a ditadura militar. É o caso dos três terroristas acusados de planejar e tentar explodir uma bomba num caminhão de querosene em Brasília, na véspera de Natal, já tornados réus, após o Tribunal de Justiça aceitar a denúncia do MP. Como lembrou o colunista Miguel de Almeida, f elizes os familiares de todos os detid

Tutela militar mina a democracia

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  “Enquanto não enfrentarmos a questão militar, não vamos avançar.” A opinião é do politólogo (ele prefere ser definido assim a sociólogo), Sérgio Abranches (foto), autor do conceito “oresidencialismo de coalisão”, no Conversas com o Meio. E mais: “Acho que o governo Lula não tem poder sobre as Forças Armadas”, assim como “ o Ministro da Defesa não tem autoridade nenhuma”. Perigo à vista... Para ele, portanto, o cerne do 8 de janeiro partiu dos militares, que ainda lutam por um espaço que não lhes pertence.  Abranches aponta o antigo problema, “de tratar os militares com luvas de pelica.” Ligado ao artigo 142 da Constituição, que eles interpretam como se fossem um poder moderador. Quando não são. E à politização da cúpula militar. “As escolas militares educam os jovens com uma história falsa da revolução, de que havia ameaça comunista”, cita. Esse falso e velho pretexto já justificou, por exemplo, a instauração do Estado Novo por Getúlio Vargas (leia-se pelos militares que o ap