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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Domingão imperdível

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  Hoje é o último dia para apreciar as exposições “Enquanto” e “Livros e Arte”, na Casa Roberto Marinho. O espaço, no Cosme Velho, corresponde a uma viagem ao que há de melhor no   mundo em matéria de museus. Não só pelas mostras em si, como pela beleza da casa propriamente dita e de seu jardins. Nesse verão tórrido, também é um bálsamo assistir aos filmes sobre as mostras e a própria casa, em confortável poltrona com ar condicionado. De tudo o que vi, o destaque fica para os quadros de Roberto Magalhães, o monstro dos pinceis que completa 80 anos. Isolado em Mauá, ele expôs sua produção dos tempos de quarentena, como sempre, impactantes. Porém, o auge de seu vigor estão nas telas de “Livros de Arte”, onde o “Ministro do Inferno” nos remete, sem escalas, a Pazuello, embora sem desnecessárias citações explícitas. Sem dúvida nosso ministro da Saúde personifica aquele tenebroso personagem. “Enquanto”, por sinal, é a prova viva de que os artistas não dormem no ponto. Carlos Vergara, Lu

Vitória do toma lá dá cá

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  De onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Isso é o que se vê em relação às eleições no Congresso em 1º de fevereiro. Câmara e Senado devem eleger apoiadores de Bolsonaro, em troca de emendas parlamentares e cargos que incluem o ministério da Cidadania, do $ do Bolsa Família.  Deve ser o prêmio do Republicanos – partido de dois filhos do presidente – pelo apoio à ‘causa’. Tanto na Câmara quanto no Senado. Neste último, os petistas preferiram se aliar a Bolsonaro ao MDB, em incurável mágoa ao partido de Temer.  Mais valem os interesses pessoais que os populares, mesmo nesse momento em que cai a popularidade de Bolsonaro, volta a se falar em  impeachment  e a trágica condução da pandemia levaria qualquer líder internacional ao afastamento. É a velha política em ação. A mesma que Bolsonaro prometeu acabar. Cheguei a mandar mensagem a Chico Alencar, que agora nos representa na Câmara dos Vereadores do Rio, sugerindo que o PSOL desistisse da indicação de Erundina para concorrer na

Roteiro de morte e destruição

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  Ao menos 70% dos brasileiros não entenderam nada. Por que Bolsonaro negou, desde o início da pandemia, o vírus e as vacinas. A explicação está no receituário da Alt-Right ,  ideologia de extrema direita seguida pelo presidente e seus filhos; por Trump, Putin e seus gurus Olavo de Carvalho, Steve Bannon e Aleksandr Dugin . Quem dissecou as diferentes facetas da direita no planeta foi a pesquisadora e internauta Michele Prado, direitista assumida que não se furta a apontar os erros de movimentos até então em alta no mundo. Talvez agora amortecidos pela derrota de Trump nas eleições presidenciais americanas. Entre a direita convencional e a extrema direita ela destaca movimentos robustos como a Alt-Right , que alçou ao poder líderes a exemplo de Trump e Bolsonaro e turbinou o Brexit. A base, porém, é uma só: homens brancos e heterosexuais, seguidores das ramificações mais radicais - como as que promoveram o quebra-quebra no Capitólio -, às mais lights . Aqui, umas dessas correntes defen

Corrupção em gotas

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  Bolsonaristas adoram encher o peito e alardear que nunca houve corrupção no atual governo. Ok, se comparado aos monstruosos desfalques da gestão petista eles poderiam até ter essa ilusão, porém, sem base na realidade.  Começamos pelo escândalo das rachadinhas, o desvio de dinheiro público que envolve Jair, Flávio, Carlos – quando eles ainda eram deputados – e as ex-mulheres do presidente. O crime fica mais abrangente com os laços nada republicanos do presidente e seus filhos com milicianos como Fabrício de Queiroz e Adriano Nóbrega, condecorado por Flávio quando estava atrás das grades.  Já Queiroz, operador de longa data da famiglia , depositou no ano passado R$ 89 mil na conta da primeira-dama, logo apelidada de Micheque. Em 2019, a Controladoria-Geral da União apontou irregularidades na licitação de R$ 3 bilhões que financiariam a compra de equipamentos de informática para escolas brasileiras, no Programa Educação Conectada do MEC.  O então presidente do Fundo Nacional de Dese

Na trilha do impeachment

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  Primeiro foi o afastamento de Sérgio Moro da Justiça, evidenciando que o combate à corrupção pelo governo Bolsonaro era papo furado.  Onde surgiram os maiores clamores contra essa gestão – como no Meio Ambiente, com Ricardo Salles tacando fogo nas florestas; Relações Exteriores, com Ernesto Araújo elogiado pelo presidente pelo que ele não fez, e sobretudo na Saúde, onde a situação e os números falam por si – a condução da Economia por Paulo Guedes é outra falácia. O pedido  Wilson Ferreira Júnior   de demissão da Eletrobras é a mais nova e contundente demonstração de que o governo não tem nada com o liberalismo defendido por Guedes.  A economista Elena Landau, uma das responsáveis pelo Plano Real, está entre os defensores do impeachment de Bolsonaro. “Ele empurrou o Brasil para o caos, ao cometer uma série de crimes e tornar-se um perigo para a democracia”, sustenta no Correio Brasiliense. Para ela, o que se vê é um arremedo de liberalismo, cuja base é clara: “reforma do estado,

Fora Bolsonaro na TV canadense

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  No fim do ano, dei uma entrevista para o canal canadense de televisão Ici, da capital Montreal. Uma amiga querida me indicou ao simpático jornalista Henry Ngaka, titular do programa Ça va causer (Isso vai causar). A indicação veio por conta desse blog, então achei mais que justo compartilhar o link (abaixo) da minha participação a quem interessar possa. O assunto foi a política brasileira. Nunca imaginei, porém, que pouco mais de um mês depois a situação estivesse ainda pior, com pessoas morrendo por falta de oxigênio no pulmão do mundo, com a comédia de erros das vacinas e ainda sob o risco que corremos de ter um Arthur Lira, candidato de Bolsonaro, à presidência da Câmara. Pode ser o passo para nossa democracia ir pelo ralo. https://brendanc.wetransfer.com/downloads/b592dd896f497d78ca04cc68dfa32ac720210124192257/f7e63186800abead83dd930e9d9ab37420210124192257/2b0dce

Cidade de Todos

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  Meu maior acesso nesse pouco mais de um ano de blog, graças ao grupo SOS Patrimônio, se deu com o post “Liberou geral”. Ele levantava a lebre do absurdo projeto do ministério da Economia para controlar o uso do solo dos municípios. Procurei o professor, arquiteto e urbanista carioca Rodrigo Azevedo, titular do escritório AAA de Arquitetura, para falar a respeito. Fui brindada com um interessante projeto de sua autoria: a Lei Cidade de Todos. “Estamos falando de autonomia para os cidadãos, poder de decisão às organizações da sociedade civil, criatividade para empreendedores e incentivo à economia local. Chegou a hora da sociedade atuar!”, propõe Azevedo, que responde por projetos como o do Mercado Ver-o-Peso, em Belém; restauração da Igreja Nossa Senhora da Glória do Outeiro e do Palácio Laranjeiras, no Rio, entre outros. Ele foi também secretário de Projeto Urbano em Nova Iguaçu. O projeto permitiria à sociedade civil construir sua cidade em todos os aspectos relativos à sua próp

Carreatas: apenas o começo

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Pela primeira vez, desde o início da pandemia, os brasileiros manifestaram sua indignação diante desse governo inoperante, mau caráter, que tantas mortes poderia ter evitado.  Em 23 estados do país a população saiu às ruas em carreatas pelo seu mais básico direito: acesso às vacinas. Foram movimentos que ensaiam a tão necessária união, da direita à esquerda, e voltam a se apropriar de nossa bandeira verde e amarela, também pelo fora Bolsonaro!   Foi preciso a morte de dezenas de manauaras por falta de oxigênio no pulmão do mundo, absurdo também deflagrado pelos mal feitos do governador Wilson Lima (PSC), para a sociedade sai para as ruas e manifestar sua revolta.   O primeiro termômetro veio das redes sociais, território até então dominado pelos bolsonaristas. O ódio as fake news que inundavam as páginas virtuais começaram a ser substituídas por críticas ao presidente. Conforme o colunista Chico Alves, apenas 5,8% dos comentários sobre a vacina defendiam Bolsonaro, enquanto 90% mal

Macabra linha do tempo

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Sintetizo a “mais macabra linha de tempo” já produzida na história da saúde pública brasileira, assinada pelo Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário da Faculdade de Saúde Pública da USP e Conectas Direitos Humanos: “Nossa pesquisa revelou a existência de uma estratégia institucional de propagação do vírus, promovida pelo governo brasileiro sob a liderança da Presidência da República”.  De 1 a 7 de março, 19 óbitos . Bolsonaro: “Temos uma pequena crise, no meu entender, mais fantasia. É a questão do coronavírus, não é tudo o que a grande mídia propala.” De 5 a 10 de abril, 699 óbitos. Bolsonaro demite o ministro Mandetta, Congresso aprova auxílio emergencial de R$ 600, equivocadamente associado ao presidente. “E daí? Lamento, quer que eu faça o quê? Sou Messias mas não faço milagre.”   De 3 a 9 de maio, 3.877 óbitos . O presidente abre guerra contra os governadores, novo ministro Teich se demite. “Vocês têm que lutar contra o governador”, referindo-se a João Dória, de

Toque de mirdas

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  Os descaminhos traçados pelo governo Bolsonaro com sua incondicional adoração a Trump (e agora?) foram definitivos para chegarmos nessa absurda situação: Butantã e Fiocruz prontos para produzir as vacinas, só que os insumos não chegam ao país.  Começamos pelo desdém com os Brics, do qual fazem parte os principais produtores de insumos médicos, totalmente desconsiderados na atual gestão. Pior: o presidente, seus filhos e o chanceler não perderam uma oportunidade sequer para detonar a China, um dos cinco membros dos Brics. Além de ser nosso maior parceiro comercial, é de lá que vem o IFA, o principal insumo para a fabricação do imunizante, tanto para a CoronaVac quanto para a Vacina de Oxford. Teria chegado a hora dos chineses darem o troco? Ou foi algum vacilo quanto à papelada que deveria ser resolvida pela diplomacia? Nunca saberemos. O que se sabe é que nossa produção está travada em momento tão crucial. Rodrigo Maia foi descredenciado pelo governo para cuidar do assunto, e T

Quem vai deter o celerado?

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  Consecutivos desleixos do Exército e do Congresso levaram Bolsonaro à presidência do Brasil, como bem demonstra sua biografia no CPDOC da Fundação Getúlio Vargas, pinçada pelo colunista Merval Pereira. A tortuosa trajetória do capitão começa no 8º Grupo de Artilharia de Campanha, quando foi preso, em 1986, por seu artigo publicado na Veja “O salário está baixo”. No ano seguinte, a mesma revista revelava seu plano de explodir bombas em várias unidades e quartéis do Exército. Irritado, o ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, o convocou. Bolsonaro acabou na reserva, em 1988, e a história não deu em nada. Geisel o considerou “um mau soldado”, enquanto o coronel Pellegrino escreveu que Bolsonaro tentava liderar oficiais subalternos – como continua a fazer -, mas não conseguia por “falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos”. Foi acusado em julgamento do STM de “grave desvio de personalidade”. Em seu primeiro mandato como deputado federal def

Liberou geral

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  Não bastou desprezar a vida humana com esse patético comportamento diante da pandemia. Não bastou estimular a devastação de nossas florestas, alvos de 197.632 focos de incêndios em 2019 e de 222.798 em 2220.  Agora esse governo do mal também quer destruir nossas cidades. Resolução do ministério da Economia quer tirar o poder dos municípios para licenciar construções, reformas e demolições em imóveis residenciais e comerciais. Ou seja, liberou geral. Após protestarem, entidades de arquitetos e urbanistas estudam entrar no STF propondo a inconstitucionalidade da proposta, que entraria em vigor em março. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo, os institutos de Arquitetos do Brasil no Rio e Brasileiro de Direito Urbanístico consideram a resolução inconstitucional, porque fere a competência dos municípios de legislar sobre a ocupação do solo.   Para o professor Rodrigo Azevedo, titular da Azevedo Agência de Arquitetura, a medida de Guedes “demonstra claramente que ele entendeu a prof

O cerne do atraso

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  Ainda não se sabe se a conduta criminosa de Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus vai levá-lo ao impeachment. Por sinal, pesquisa feita domingo na Câmara mostrou que 108 deputados são favoráveis a seu afastamento e 48, contra. 365 não se posicionaram.  Em meio à tragédia de Manaus, aos quase 210 mil mortos e ao fim do auxílio emergencial, contudo, a popularidade do capitão entrou em queda livre. Pesquisa da XP/Ibespe aferiu que subiu de 35% para 40% os que consideram o governo ruim ou péssimo, enquanto os que o acham ótimo ou bom caíram de 38% para 32%.  Uma coisa é certa: se as Forças Armadas conseguiram resgatar a aprovação perdida depois da ditadura militar (1964-1985), seu apoio também despenca, sobretudo com o papelão do general Pazuello na crise sanitária. Ficou mais do que óbvio que ele entende de morte, e não de vida. Sem saber o que é o SUS, Pazuello aceitou o ministério da Saúde, porém, sem abrir mão de permanecer na ativa. Jogou na lama suas credenciais de craque

O esplendor do Pão de Açúcar

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A querida Sonia Araripe, da Plurale, me convidou para fazer um ensaio fotográfico para a revista/site que ela edita, com as fotos que posto no Instagram. Em meio à minha permanente luta para ajudar a desconstruir e derrubar esse governo genocida que aí está, depois de Bolsonaro ser driblado por Dória, seu arqui inimigo e marqueteiro mor, com a largada à vacinação no país, dou um refresco aos meus leitores...Acima, o último click feito nesse cenário dos deuses, que ficou de fora da publicação. Belezas para ninguém botar defeito... https://www.plurale.com.br/site/fotos-detalhes.php?cod=333&q=A+companhia+do+P%C3%A3o+de+A%C3%A7%C3%BAcar+na+caminhada+da+manh%C3%A3+-+FOTOS+DE+CELINA+C%C3%94RTES%2C+Jornalista&bsc=ativar 

26 itens para o impeachment

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Por enquanto Bolsonaro não fez nenhuma pedalada fiscal. E numero aqui, porém, 26 momentos que  configuram seu apreço pela morte e  representam o conjunto da obra, digna de um impeachment: 1.000 mortos - "gripezinha" 5.000 - "histeria" 10.000 - "não sou coveiro" 20.000 - "e daí?” 30.000 - "todo mundo morre um dia" 35.000 - "vamos parar de divulgar números" 40.000 - "invadam hospitais e filmem leitos vazios" 50.000 - “hidroxicloroquina salva” 100.000 - “vamos tocar a vida” 115.000 - “bundão tem mais chance de morrer” 122.000 - "Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina" 135.000 - "Conversinha mole de ficar em casa é para os fracos" 154.000 - "...a vacinação contra o novo coronavírus não será obrigatória" 156.000 - Vacina chinesa não transmite segurança "pela sua origem" 162.000 - 'País de maricas' 170.000 - 7 milhões de testes “esquecidos” 1

Poesia em tempos de pandemia

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  A editora Chiado, que em 2017 publicou meu terceiro livro, “Útil ao agradável, história de amor, humor e boa forma”, inventário de uma vida de exercícios físicos (sem deixar de lado os amorosos), me convidou para a “V Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea”. Participo com o inédito “Sem Norte”, que reproduzo abaixo: Dói no corpo. Dói na alma Não peguei Covid. Não perdi amados de Covid Ainda assim A dor do planeta invade. E arde.   Tantas vidas que se foram Tantas histórias perdidas, tantos afetos sepultados, E eu aqui, testemunha ocular A vagar Nesse lugar em que a dor extrapola Imiscuída à ganância, ignorância, sofrência Demência Com a volta de um passado que ainda ameaça Não passa Ressuscita fantasmas dos perdedores Horrores Que agora querem de volta o poder Nas asas de um capitão do mal Animal Que nos conduz a queimadas, a dores passadas Agora presentes Impõe remédios que não curam Despreza o que poderia nos salvar Nos acalmar