Domingão imperdível

 


Hoje é o último dia para apreciar as exposições “Enquanto” e “Livros e Arte”, na Casa Roberto Marinho. O espaço, no Cosme Velho, corresponde a uma viagem ao que há de melhor no mundo em matéria de museus. Não só pelas mostras em si, como pela beleza da casa propriamente dita e de seu jardins. Nesse verão tórrido, também é um bálsamo assistir aos filmes sobre as mostras e a própria casa, em confortável poltrona com ar condicionado.

De tudo o que vi, o destaque fica para os quadros de Roberto Magalhães, o monstro dos pinceis que completa 80 anos. Isolado em Mauá, ele expôs sua produção dos tempos de quarentena, como sempre, impactantes. Porém, o auge de seu vigor estão nas telas de “Livros de Arte”, onde o “Ministro do Inferno” nos remete, sem escalas, a Pazuello, embora sem desnecessárias citações explícitas. Sem dúvida nosso ministro da Saúde personifica aquele tenebroso personagem.

“Enquanto”, por sinal, é a prova viva de que os artistas não dormem no ponto. Carlos Vergara, Luiz Áquila e o próprio Magalhães expõem o que eles andaram fazendo em suas respectivas e produtivas quarentenas. Vergara recorreu aos trilhos dos bonde da sua Santa Teresa e aos envelopes, obras de arte de arte endereçadas aos amigos nessa temporada.

Luiz Aquila, por sua vez, nos brinda com “A Quarentela", sua expressão artística da perda de uma amada caneca que se esfacelou. Dali, ele retirou um caldo digno de ser exposto num Beaubourg da vida. Magalhães, como é de seu feitio, vem com instigantes, coloridas e geométricas soluções para esse seu momento na idealizada Visconde de Mauá, no Vale das Flores, onde ele vive seu idílico refúgio.

Já “Livros e Artes” foi um reencontro com o querido professor do CUP, o curador da mostra Leonel Kas, e seu inigualável talento para editar livros de arte. “O livro em papel não pode e nem tem de competir com outros formatos. Tem de ser bonito. Tem de ser um objeto de arte, já não digo como os da UQ!, mas ainda assim um objeto de arte”, ensina Kas, referindo-se à herdeira da Alumbramento, a UQ!

De tudo, o auge, são as telas de Magalhães que acompanham essa segunda etapa da mostra. De "Espantalho", o amontoado de traços rebeldes da série “Sem pé nem cabeça”, ao ministro já citado acima, passando pelo mergulho na incerteza do homem musculoso, o artista exibe sua habilidade em reproduzir qualquer imagem onírica que lhe passe pela cabeça, do traço mais realista ao mais hipotético. Sempre preciso. Sem nunca perder sua infinita capacidade de mostrar as mais indomáveis ideias. Imperdível.   


 
      

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