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Mostrando postagens de maio, 2021

A hora e a vez do Partido Militar

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  Não é a primeira vez que falo aqui no Partido Militar (PM). Em março, publiquei a conclusão do Intercept: quem dá as cartas são os generais do entorno do presidente, que perceberam em Bolsonaro o potencial eleitoral em falta aos fardados. Agora é o coronel reformado Marcelo Pimentel quem alardeia: quem manda é o núcleo de generais formados nos anos 1970 na Aman, integrante das Forças Armadas. “Eles têm ideário e fundação similar a um partido formal. Seus dirigentes e o capitão sempre foram colegas e amigos próximos, desde 1973, quando conviveram na Escola de Cadetes do Exército”, diz Pimentel à Carta Capital. Na apuração do Intercept, o grupo já estaria farto das sandices do capitão e está em plena campanha pela reeleição. Só não seria certo se a escolha continuaria a recair em Bolsonaro. Pimentel, contudo, vai em outra linha. De saída, dá uma boa notícia. O PM não estaria pensando em golpe. “Os generais certamente pensam: Para que ditadura, se temos o poder?” Os generais em ques

Fora Bolsonaro!!!

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  Lavou a alma ver milhares de manifestantes gritando ontem, pacificamente, Fora Bolsonaro!, no Centro do Rio e pelo Brasil afora. Devidamente protegidos por máscaras e álcool gel. Súbito mergulho no Brasil que conheço, de cabeças pensantes e corações atuantes, que investem no país justo, na verdade, que se importa com o social, com a Saúde, Educação, Cultura, minorias e com a fome a que fomos relegados por esse governo assassino.  Enquanto acertava os ponteiros em meio a esse tiroteio cego que vivemos, o colunista Ascânio Saleme deu uma amostra do que se passa pela cabeça desses 25% a 35% de celerados, ao entrevistar um médico bolsonarista, com mestrado e doutorado. Ele se sente muito bem informado a partir das redes sociais – jornais são” lixo” e TV só para ver futebol. Esse primor de cultura diz que viu a mala com R$ 2 milhões recebida por um ministro do SFT, “uns vagabundos”. Onde, quem é o ministro? “Ah, você está querendo demais”, reage o gênio da raça, que não tem como compr

Um Exército para chamar de meu

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  Aquele velho estilho olavista de ser, de fazer barulho para disfarçar a queda de popularidade e os infortúnios da CPI da Pandemia, entrou em cena desde domingo, quando Bolsonaro promoveu a fascista motociata e trouxe Pazuello ao picadeiro. Esse último detalhe, conforme defende Pedro Dória no Canal Meio, é um claro sintoma das intenções golpistas do chefe. O artigo 45 da lei 6.880 de 1980, que define o Estatuto dos Militares, proíbe a participação de integrantes da corporação em manifestações sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório ou político. Já o decreto 57 da era FHC diz que um militar da ativa não pode se manifestar publicamente sobre assuntos político-partidários sem autorização de superiores. Como se sabe, Pazuello não estava autorizado. As regras se explicam: as Forças Armadas detêm o maior poder letal, para defender o país de agressões externas. Militares não podem se meter em política porque têm as armas. A natureza da política é conversar, e a das armas, ca

SOS Meio Ambiente

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  Há quantos anos não se ouvia falar de ataques de garimpeiros a aldeias indígenas? Pois é, trata-se de mais um ingrediente do (des) governo Bolsonaro.  Os acordos espúrios e estímulos protagonizados pelo ministro Ricardo Salles se traduzem em sucessivos ataques às comunidades amazônicas Yanomami, em Rondônia, e aos Mundukuru, no Pará. Maria Leusa, líder desse último grupo, teve sua casa incendiada por criminosos na aldeia Fazenda Tapajós, próxima a Jacareacanga.  Em troca de mensagens entre o vice-prefeito de Jacareacanga, Valmar Kaba, e os garimpeiros, revelada pelo Estadão, foram articulados protestos à presença de policiais na região. E, para deixar claro como se sentem devidamente prestigiados, os garimpeiros também atacaram os policiais que atuam contra o garimpo.  Segundo o G1, um grupo tentou invadir uma base da PF e destruir aviões e equipamentos da polícia, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo. Dez garimpeiros se feriram.    A deputada federal Joênia Wapichana (RR) p

Só uma frente pode deter Bolsonaro

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  A ameaça de reeleição de Bolsonaro paira sobre nossas cabeças. Mesmo que ele já não seja o mesmo de 2018 e tenha se enfraquecido pelo seu péssimo governo, só a reunião de todos os candidatos de oposição seria capaz de fazer frente a um segundo mandato.  Essa é a opinião do cientista político Sérgio Abranches, que cunhou a expressão presidencialismo de coalizão, hoje inviabilizado pela pulverização partidária. “A ameaça de um segundo mandato de Bolsonaro se assenta na falta de visão estratégica da   esquerda e do centro no país. A possibilidade de reeleição é remota, mas pode acontecer com ajuda dos outros. Se isso ocorrer, a democracia ficará profundamente ameaçada". E ele explica por quê: "Em geral, o segundo mandato de autocratas é de gestão autoritária. Está nas nossas mãos derrotar Bolsonaro. É preciso um certo esforço, mas não é difícil”, defende, no Canal Meio.   Abranches vê com preocupação o que chama de “escalada de projeto autoritário”, se não houver reação das

Tudo está fora de ordem

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  Tudo está fora de ordem. Temos um general que não se furtou à vaidade de exercer o cargo de ministro da Saúde, no momento em que os brasileiros mais precisavam dela, e não sentiu o menor constrangimento ao sair do cargo deixando um saldo de mais de 300 mil mortos.  Que estava com o rabo entre as pernas para responder por seus mal feitos na CPI da Pandemia e resolveu o problema com o Habeas Corpus, sinal verde para mentir a bandeiras despregadas. Era a garantia para não ir parar atrás das grades. Dias depois, o general inflou seu peito adiposo, subiu na moto e no palanque, sem máscara - será que o general terá vergonha da vergonha de seus familiares? -, para puxar o saco do chefe. O mesmo que lhe proporcionou a ribalta para pilotar a gestão assassina que matou brasileiros a rodo. Quem se importa?  Em meio àquela cambada de celerados que o cercavam na motociata de R$ 485 mil ele beirou virar mito. Limitou-se ao patamar dos heróis. Orgulho à farda verde-oliva que ostenta. Sim, ele c

Sangria, a cloroquina do século XIX

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  A sangria já foi a cloroquina do século XIX. Isso é o que demonstra o livro “Classificados da Corte, o cotidiano do Rio de Janeiro joanino a partir dos anúncios de jornal”, que o historiador João Victor Pires lança essa semana.  “Quem quiser comprar um cabra por nome João, 18 a 20 anos, barbeiro sangrador, fale com sua senhora na Rua da Quitanda” está entre os 9.211 anúncios publicados em 1.610 edições da Gazeta do Rio de Janeiro entre 1811 e 1820. Além de tratar o ser humano como mercadoria, o texto evidencia a importância dada à sangria em detrimento das vacinas, em uma época que a varíola dizimava a população. Os anúncios de escravizados barbeiros e sangradores mostram como a confiança na medieval técnica terapêutica era mais valorizada que os métodos científicos. O povo acreditava que a doença era resultado de castigo divino ou até feitiço, e que não seria uma vacinazinha que salvaria suas vidas. A bem documentada pesquisa de Pires conduz os leitores ao cerne da vacinação joa

A farsa do voto no papel

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  Em 17 de novembro de 1994, Bolsonaro fraudou as cédulas nas eleições daquele ano, com votação no papel. Já falei sobre isso neste blog.  O presidente disputava seu segundo mandato como deputado federal pelo Partido Progressista Reformador (PPR), onde esquentou a cadeira por dois anos (1993 a 1995). Conforme o Jornal do Brasil, foram detectadas quatro cédulas falsas, que beneficiavam Bolsonaro, Álvaro Vale (PL), Vanessa Felipe (PSDB) e Francisco Silva (PP). Segundo a denúncia, as cédulas eram de papel mais fino, o que levou à suspeita de fraude. Já em março de 2020, por sua vez, Bolsonaro prometeu mostrar provas "brevemente" de fraude na eleição de 2018. Ele alegava que deveria ter sido eleito no primeiro turno, e não no segundo.  No embalo das confusões dos trumpistas, no dia seguinte à invasão do Congresso americano, Bolsonaro disse que a falta de confiança nas eleições levou "a este problema que está acontecendo lá" e que, no Brasil, “se tivermos voto elet

Democracia de mentirinha

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  Não é novidade para ninguém que vivemos uma democracia de mentirinha, a todo momento ameaçada pelo presidente com o fechamento do STF e aparelhamento de nossas instituições. Semana passada, mesmo, o ministro Alexandre de Moraes viu-se obrigado a uma pirueta para escapar dessas armadilhas.  Bypassou Augusto Aras sobre a operação deflagrada pela PF contra Ricardo Salles. Alguma dúvida de que o PGR iria dedurar o esquema para melar sua realização? Pois bem, Augusto Aras se indignou. Protocolou ação no STF para que tal tipo de operação não ocorra antes de passar pelo seu crivo. Daqui para a frente, se a ação for acatada, um Salles poderia continuar a aprontar das suas sem ser incomodado, como desejaria o presidente.  Afinal, todos sabem também que o ministro do Meio Ambiente nada mais faz do que cumprir as ordens do chefe. Outra situação esdrúxula ocorreu nesse mesmo contexto. Após cobrar satisfação à PF, acompanhado de um funcionário armado, Salles seguiu para uma reunião com o pre

O Meio Ambiente que se lixe

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  Pazuello saiu da CPI achando que livrou a cara de Bolsonaro, sua principal missão. O tempo dirá. Difícil é acreditar na reação do presidente após as operações de busca e apreensão da PF – ufa, ela ainda tem alguma autonomia! – contra Ricardo Salles e seus auxiliares. " Excepcional ministro ”, foi como o presidente reagiu à operação sobre aquele que realiza os seus desejos. A saber, desmontar toda a política de defesa ambiental brasileira. Agentes americanos estranharam ao receber uma remessa de madeira de alta qualidade proveniente da Floresta Amazônica. Ilegal. A importação partiu da empresa Tradelink Madeiras Ltda e da Ebata Produtos Florestais Ltda .  Por essas coincidências da vida, Bolsonaro havia prometido recentemente aos mesmos Estados Unidos que acabaria com o galopante desmatamento no país. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, que preferiu bypassar Augusto Aras, temendo que o PGR alertasse seu aliado. A bordo de seu foro privilegiado, Salles

Pega na mentira

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  É tanta mentira na CPI da Pandemia que o relator teve até que solicitar a contratação de uma agência especializada em checagem de fatos.  A mentirada começou com o ex-secretário de Comunicação, Wajngarten, convidado a depor exclusivamente pelas revelações que fez à Veja, apontando a incompetência de Pazuello. Só que ele disse que não disse o que disse. Depois foi a vez de um vacilante ex-chanceler Ernesto Araújo negar suas críticas à China, que ajudaram a atrasar as remessas do IFA ao Brasil.  Uma irada senadora Kátia Abreu lembrou também dos comentários negativos em relação à Europa e aos Brics e o taxou de “negacionista compulsivo”, diante de um depoente com cara de paisagem.     O pior, contudo, ainda estava por vir. As mentiras de Pazuello começaram antes mesmo de sua chegada à CPI, quando alegou ter tido contato com infectados para tentar melar sua participação.  Só conseguiu atrasá-la, a bordo de uma autorização do STF para se calar. Não se calou, porém. Preferiu mentir. De

Polarização à vista

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  No que depender da avaliação da especialista em ciência política e opinião pública, Carolina Botelho, em 2022 as opções serão Lula e Bolsonaro.  Sim, a popularidade do presidente despenca, embora ela ainda consiga manter uns 25% de apoio – 11% são os seguidores de raiz -, e a rejeição a Lula continue alta. Haveria algum espaço para uma terceira via, “mas onde está ela?”, questiona. Pesquisadora do IESP e da UERJ, Botelho descreve   os seguidores de Bolsonaro a partir das pesquisas de opinião. Em 2018, havia um mosaico de homens pragmáticos e autoritários, liberais, do interior, evangélicos, que se dizem empresários – com de 2 a 5 salários mínimos e também de 5 a 10 -, e que rejeitam Lula. “Hoje são pessoas que desprezam os acontecimentos e se mantêm fechados com o presidente. São neoempreendedores, donos de aplicativos, de pequenos comércios e evangélicos.” E militares, acrescento. E há os de raiz, a favor de fechar o Congresso, o STF, anticomunistas, que culpam a China pela pand

Mais votos, mais mortes

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  Quando se vê o caminhão de som na manifestação bolsonarista com a faixa “Não é pandemia, é comunismo”, se entende por que chegamos onde chegamos. O especialista Osvaldo Carvalho, físico e doutor em Ciência da Computação pela universidade francesa Marie Curie, comprova que a Covid-19 mata mais onde Bolsonaro foi mais votado. Carvalho dividiu os municípios brasileiros em 17 (voto no presidente) e 13 (voto em Haddad). “A taxa17 é 54% maior que a taxa13, e a diferença entre o número de mortes pelas duas taxas chega a 90.000””, contabiliza, no site Colabora. Quatro pesquisadores do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps) chegaram a conclusão semelhante: os óbitos aumentam mais nos estados e municípios que mais votaram em Bolsonaro em 2018. Não por acaso, são os que praticam o menor distanciamento social. Um terceiro trabalho, “ Os municípios diante da covid-19 no Brasil: vulnerabilidades socioeconômicas, mecanismos de transmissão e políticas públicas ”, publicado no fim

Habeas Corpus agora é moda

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  “Agora é moda” era uma das canções do premiado elepê “Babilônia”, de Rita Lee (1978). “Matar para não morrer de fome ou “chauvinista para ser homem” estava entre os tais modismos apontados pela então rainha do rock brasileiro.  O hit se atualiza. Agora, depois que Pazuello conseguiu seu Habeas Corpos (HC) para permanecer calado na CPI sempre que se sentir incriminado, virou moda. A médica Mayra Pinheiro, a Rainha da Cloroquina, também quer. A sorte é que o depoimento que o ex-chanceler Ernesto Araújo tem marcado hoje não chegou a lhe dar tempo útil para tentá-lo. O STF não tem outra alternativa senão conceder, pelas jurisprudências anteriores.  O ministro Lewandowski, porém, deu o seu jeitinho de encurralar Pazuello: ao calar,  demonstra que é culpado, enquanto estará livre para mandar Bolsonaro ao inferno, se assim desejar. Ou seja, o Congresso abre CPIs para investigar questões espinhosas que, mesmo que possam parecer óbvias, como essa agora contra a Pandemia, são necessárias

Reféns da famiglia

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  O país continua a aturar as artimanhas desse governo nepotista, feito a quatro mãos. Acabamos de saber pela CPI que Carlos, o 02, foi alçado a especialista em saúde, ao participar da reunião com o CEO da Pfizer (junto a outros dois especialistas, Filipe Martins e  Wajngarten) .  E agora Flávio, o 01, cansou da brincadeira. Após anos de prática da rachadinha, que empregou familiares de milicianos, seu advogado pede ao STF para arquivar o incômodo caso.  Isso depois de tentar salvar a pele do festival de mentiras de Wajngarten na CPI, em jogada ensaiada para denegrir o relator que – como bem disse André Trigueiro – deu margem à briga do jacaré com o crocodilo.  É pena, por sinal, o nome sujo de Renan que, apesar de se mostrar eficiente no cargo que exerce, pode não inspirar muita confiança. Além das 21 razões que citei aqui sábado para não votar em Bolsonaro em 2022, aprofundo aqui a 22ª, que não cheguei a mencionar. Creio que vivemos uma situação inédita na história brasileira, em

O circo paralelo

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  Às vésperas do mais aguardado depoimento da CPI, com o cheiro de pizza que infesta o ar – duvido que algum país civilizado concedesse à testemunha de uma CPI o direito de permanecer calada -, eis que Otávio Guedes, jornalista da Globonews, ex-colega de Jornal do Brasil, lança luz sobre o nebuloso ambiente que nos cerca.  Assim como Barra Torres foi até agora a inesperada surpresa, as pistas sobre o tal Ministério Paralelo da Saúde avançam a passos largos. O empresário Carlos Wizard - dono de redes estreladas como Mundo Verde, KFC e Pizza Hut - seria conselheiro de Pazuello e foi até anunciado secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, cargo que não assumiu. Com pinta de vilão de um filme de 007, Wizard acabou por voltar atrás da sugestão de que governadores e prefeitos falsificavam o número de mortos para engrossas seu caixa. Enquanto o governo desprezava as tentativas da Pfizer para vender vacinas ao Brasil, as portas estavam abertas ao aliado e sua cupincha, a mé

Por que não votar em Bolsonaro em 2022

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  Vinte e uma razões para não votar em Bolsonaro em 2022: *        Morte de mais de 233 mil brasileiros, que poderiam ser evitadas não fossem as seis vezes em que o governo recusou a compra de vacinas da Pfizer, não tivesse sabotado medidas de isolamento e uso de máscaras, além de estimular a prescrição de remédios ineficazes no combate à Covid-19; *       Destruição sem precedentes da Floresta Amazônica e do Pantanal; *     Estímulo às invasões das terras indígenas por garimpeiros e grileiros; *       Transformação do Brasil em pária internacional pelos fatores citados acima; *       Volta da inflação;  * Acentuada desvalorização do Real; *   Aceleração da fome; * Nesse cenário, Bolsonaro faz churrasco no Palácio do Alvorada com picanha a R$ 1.799 o quilo; *       Forte crise econômica, acentuada pela falta de controle sobre a pandemia; *       Abandono do combate à corrupção, agora exacerbado pela compra de aliados via Bolsolão * Aliança com o Centrão, grupo político criticado em cam