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Mostrando postagens de julho, 2022

Corrupção? Onde?

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  Em meio ao festival de blindagens que assistimos nesse Governo – como os encontros secretos do Presidente com a vice de Augusto Aras, Lindôra Araújo, fora a vista grossa do chefe – eis que uma parte da PF escapa da camisa de força. Vem dela mais uma pista de corrupção nesse Governo que não tem corrupção. Ninguém mais do que o líder do Governo no Congresso, o senador licenciado Eduardo Gomes (PL-TO, foto), foi pego com a boca na botija, segundo O Globo . Entre 2016 e 2020, Gomes pediu uma mãozinha ao empresário Jorge Rodrigues Alves. Ao todo, R$ 760 mil. Este, por sua vez, estava entre os envolvidos na Operação Lavanderia da PF. O nome já diz tudo... Em 11 de abril de 2019 Alves pediu ao amigo para tentar adiar a entrada em vigor de uma portaria do Inmetro que alteraria as especificações do sistema de iluminação do país. “Preciso muiiiito de sua ajuda”. Não é difícil imaginar os resultados... Gomes classificou os depósitos como "empréstimos". Os diálogos entre am

Matança à vista

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  A política de armar a população sempre foi uma das mais intragáveis deste Governo, sobretudo aos que acompanham os bons resultados do Estatuto do Desarmamento, cuja alteração já passou pela Câmara e agora está no Senado. Até a PF já alertou o Congresso de que a flexibilização de compra de armas pode agravar a violência no país. Não por acaso, essa é uma das maiores fontes de rejeição feminina ao mandatário. Agora, o jornalista Leandro Demori traz dados alarmantes. Embora quando Onyx Lorenzoni comandava a Casa Civil tivesse negado que o fuzil T4 fosse de uso restrito e não chegasse ao cidadão comum, a Taurus informa que sua mais recente promoção, a T4  Week , se aproxima de comercializar 60 unidades do mortífero armamento. Entre os agraciados, o PCC. Como se sabe, o próprio Exército admitiu ter aprovado o Certificado de Registro como Caçador e Atirador Esportivo (CAC) a um homem que adquiria fuzis para a facção criminosa, como revelou a  Folha. E o promotor Lincoln Gakiya, esp

Cada macaco no seu galho

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  Enquanto o Ministro da Defesa insiste em dar pitacos nas eleições onde os militares não são chamados pela Constituição, o TSE já anunciou o repasse de R$  110.614.522,30 às Forças Armadas. Não se trata de agrado ou de  puxassaquismo.  Tem endereço certo: Garantia da Votação e Apuração e Apoio Logístico.  Embora em conluio com os anseios golpistas do mandatário, onde generais palacianos – Braga Netto, Augusto Heleno, Luiz Eduardo Rocha, Hamilton Mourão e Paulo Sérgio Nogueira – insistem em se meter, as funções dos fardados sempre foram muito claras. Ou seja, a realização de eleições em um país de dimensões continentais como o Brasil poderia ser inviável. Não fosse a parceria histórica com os militares. Cabe a eles o apoio logístico, transporte de materiais, das urnas eletrônicas e funcionários a locais de difícil acesso. Eles também respondem pela ajuda auxiliar à segurança e manutenção da ordem durante a votação, em resposta a alguma solicitação da Justiça Eleitoral. Ponto. O TSE esc

Sequestro da Nação brasileira

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  “No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. Estado Democrático de Direito Sempre!!!” O texto acima é parte do manifesto organizado pela Faculdade de Direito da USP e assinado por mais de 500  mil pessoas, entre juristas, banqueiros, empresários, artistas e representantes da sociedade civil, é uma resposta à chanchada do Presidente a embaixadores e às suas constantes ameaças. Já chamado pelo Presidente de "cartinha". Outros, como o organizado por lideranças empresariais e jurídicas, com participação da Fiesp e Febraban, já supera 100 mil assinaturas. A mais recente ousadia do dirigente sacudiu o coreto dos brasileiros. E, enquanto o Centenário da Independência foi comemorado pela monumental Exposição Universal, com a construção de oito pavilhões na área antes ocupada pelo Morro do Castelo,

Jabuticaba para fugir das grades

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  Se você é daqueles que sonha com o dia em que o mandatário e sua prole sejam finalmente punidos pelos crimes que cometem, saiba que o que parece ser um dos maiores temores do Presidente e dos seus pode deixar de atormentá-lo. Enquanto assistimos à PGR pedir o arquivamento das denúncias da CPI da Covid contra o capitão, e tantos outros efeitos de sua blindagem, a última é a articulação para proteger da prisão dirigentes que deixam o poder. Via mais uma PEC, eles seriam nomeados senadores vitalícios, o que lhes garantiria esse malfadado foro privilegiado. Mais uma jabuticaba genuinamente brasileira. A informação é do blog da jornalista Andrea Sadi e seria extensiva a qualquer ex-presidente. Lula, por exemplo, não teria sido preso. Esse tipo de movimento, porém, só ocorre quando os donos do poder se sentem ameaçados. Como foi a barganha da monarquia constitucional com a oligarquia absoluta, quando o Império entregou o aparato estatal aos fazendeiros, como indenização pela aboliç

Traição de um ex-cunhado

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  Sabemos que as ‘rachadinhas’ são uma prática bastante comum na Alerj e na Câmara Federal, onde assessores devolvem parte do que recebem a quem os contratou. Nem por isso menos ilícita, a prática, entretanto, nem sempre é proveniente de assessores fantasmas – como foi a Wal do Açaí – ou é integralmente revertida ao bolso dos contratantes. No caso do clã Bolsonaro, incluíam a contratação de familiares de milicianos – a exemplo da viúva e da mãe do assassino Adriano Nóbrega por Fabrício Queiroz para pagar as contas de Flávio -, e são nas denúncias de André Siqueira Valle (foto), em “O negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro", da jornalista Juliana Dal Piva. Especialista no tema falcatruas da famiglia, a colunista do UOL lembra em seu livro do desconforto de André, o ex-assessor de Jair, irmão da ex-mulher Ana Cristina Valle – mãe de Jair Renan –, ao defrontar-se com caixas de dinheiro na casa da Barra da Tijuca que ainda pertence ao Presidente. Eu mesma já repro

Show de mentiras vai continuar

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  Na última segunda-feira, o mandatário cometeu uma sequência em série de crimes de responsabilidade, ao denegrir a imagem do país diante de dezenas de embaixadores. As instituições protestaram, porém, Augusto Aras e Arthur Lira, que têm a faca e o queijo na mão para reagir aos desmandos presidenciais, calaram-se. O resultado ficou óbvio ontem, durante a Convenção do PL que homologou a candidatura de Bozo e de seu vice, o general Braga Netto. Este último, após toda a vassalagem prestada, foi o escolhido em clara deferência ao golpismo. E assim o imputável prosseguiu sua ladainha contra o STF e ainda capturou os presentes com a mentira de que “o Supremo é o povo”, o que está longe de corresponder à realidade e só atiça a ira coletiva contra os magistrados “da capa preta”. Após todas as provocações do último 7 de Setembro, voltou a convocar os aliados para atos em nossa maior festa cívica, na comemoração pelos 200 anos. Ao invés de festejar, passaremos mais uma data à mercê de se

O risco do autogolpe

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  Assim como há 61 anos houve o autogolpe de Jânio Quadros – que desencadeou o golpe militar de 1964 -, essa seria a intenção do mandatário, para o cientista político, Steven Levitsky (foto), autor de “Como morrem as democracias”. “Vimos isso nos EUA, e o mesmo acontece no Brasil. Então, há uma chance real de um autogolpe. Não acho muito provável, e acho que se Bolsonaro tentasse possivelmente falharia, mas o risco é real”, adverte o professor de Harvard no Estadão. O que, para nós, brasileiros, sempre esteve claro. Nesse ponto, pelo menos, o Presidente é coerente. Em janeiro de 2021 ele começou com as  fake news  em relação aos Correios americanos, tradição nos EUA, incitando insegurança sobre um sistema diverso do nosso, em relação a um problema que não temos. Tudo para denegrir o sistema eleitoral como um todo, trocando alhos por bugalhos. “A causa dessa crise toda: falta de confiança no voto. Lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos Correios por causa da tal da pa

Futuro sem reeleição

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  O que possa faltar de QI ao mandatário, sobra em esperteza. O estelionato eleitoral que cometeu – sobretudo com o sepultado combate à corrupção – se escancara. À mais nova denúncia, investigada pela PF sobre o esquema de um servidor na Codevasf – a Odebrecht do Centrão -, qual foi sua reação?  “Se procurar, vai achar alguma coisa. O Ministério do Desenvolvimento Regional tem mais de 20 mil obras, será que está tudo certinho? Vai achar alguma coisa” , admitiu, n o cercadinho de Brasília. Essa desesperada busca pela reeleição não se limita ao desejo de poder. O que será que ele deixou de fazer que pretenderia realizar numa próxima gestão? Terminar as obras do Rio São Francisco? Distribuir mais tratores e caixas d’água? Um passeio de Jet Sky para quem adivinhar. A cada tiro no pé, como na reunião da última segunda-feira com mais de 40 embaixadores, quando ele deu-se ao luxo de denegrir nosso sistema eleitoral e ministros do Supremo, foram cometidos crimes de responsabilidade em

Empreendedor foge do bolsonarismo

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Em março de 2021 o ex-banqueiro e empreendedor social, Paulo Dalla Nora Macedo, 47, mudou-se de mala e cuia com a mulher e dois filhos para Lisboa.  Ele não fugia da violência ou da crise econômica, e sim do bolsonarismo. E do que possa sobrar dele. "Aquelas pessoas que saíram do armário (...) se sentiram autorizadas a expressar o racismo, a misoginia, o preconceito, a desfaçatez e até a falta de educação sem pudor, elas não vão desaparecer do dia para a noite", argumenta. Para Dalla Nora, o bolsonarismo é a forma como esse grupo pensa estrategicamente, na vida pessoal e nos negócios. “A maneira como tratam as mulheres ou subalternos no elo mais fraco da cadeia, a moral elástica, a falta de empatia total pelo outro. (...) Esse comportamento deplorável aflorou. Quem tinha um pouquinho de pudor e se continha não tem mais.” Durante a pandemia tudo ficou mais visível. “A maioria absoluta dizia que não ia obedecer confinamento, que ia manter seus negócios abertos porque só i

A grande mentira

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  Há quem sustente, como o antropólogo Luiz Eduardo Soares, que o golpe já começou. A rejeição à pantomima do Presidente diante de mais de 40 embaixadores – em sua maioria, chocados com o que assistiram – começou pelo ministro Fachin, passou pelo presidente do Senado e avançou. A embaixada e o Departamento de Estado dos EUA sustentam que as eleições brasileiras são modelo para o mundo. O presidente da Câmara mantém silêncio cúmplice, assim como o PGR, pressionado por 43 procuradores que cobram dele investigações contra o mandatário pela sequência de crimes. Entre 62 órgãos e instituições, a Associação de Servidores da Abin e a PF também atestaram a segurança do sistema eleitoral. A população, porém, mantém apatia bovina. Porque o mal já foi inoculado. Meu enteado paulista, antropólogo a trabalho no Pará, se impressiona com a quantidade de gente crédula na fraude das urnas eletrônicas. Retrato do que pensam os confins do país. Na terça-feira meu post  sobre a farsa no Linkedim f

"A Fúria": propaganda ilegal antecipada

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  Quando Bolsonaro sofreu o atentado a faca eu estava no Jornal do Brasil. Lembro-me das reações de alívio da equipe, logo substituídas pelo temor da vitória que realmente ocorreu. E, ao ver a imagem de Bozo morto por uma flechada durante uma motociata – uma das facetas mais odientas de sua campanha, que remete a Mussolini – também fui invadida por uma sensação de bem estar, embora a soubesse inverídica. Antes de qualquer outra reação, o ministro da Justiça, Anderson Torres, mandou investigar a origem da imagem. Tratava-se do filme “A Fúria”, de Ruy Guerra. Eram imagens fora do contexto da história narrada e, se censuradas antes mesmo de a produção ser concluída, ainda mais de um dos maiores mestres de nossa cinegrafia, inauguraria uma ainda inédita interferência antecipada. Os aliados do mandatário, que julgaram-se expertos ao fazer as imagens circularem nas redes, também as atribuíram à Globo. Duplo erro. Para a equipe do longa, além de a imagem estar fora do contexto, a d

Tiro no pé

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  Inacreditável a ousadia do Presidente em cometer crime de responsabilidade, atacar o Judiciário e a democracia em ato no Planalto, diante de mais de 60 embaixadores. Como se avisasse ao mundo do golpe em andamento. Mentiu adoidado. Repeteco trumpista, com tímidos aplausos. Na presença de ministros de Estado e de generais palacianos, Bozo repetiu que o sistema eleitoral brasileiro é inseguro, que recentes resultados foram fraudados – mais uma vez sem provas – e que as eleições podem não se realizar se o TSE não acatar as sugestões das Forças Armadas. Como se elas tivessem algo a ver com nossas eleições.  Durante 40 minutos, o Presidente atacou os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luiz Roberto Barroso, e ainda mencionou dados do inquérito da PF – cujo vazamento gerou outro inquérito. Afirmou que as eleições de 2014 e de 2018 – as mesmas que o elegeram – foram fraudadas e que as de 2020 não deveriam ter ocorrido. E voltou a ameaçar não cumprir novas decisões do TSE sob

Acorda Brasil!

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  Especula-se tanto se vai ou não ter golpe, enquanto ele desfila diante de nossos olhos, sutil, com artimanhas que fariam corar Maquiavel (imagem acima). Tudo começou com o vital aparelhamento das instituições. Não fosse ele, o mandatário não teria chegado até aqui, com sua interminável ficha de atos, PECs e pedidos de impeachment , devidamente controlados por aliados e chancelados pela oposição. Nesse ano de eleição o monstro passou a exibir suas garras. Enquanto Bozo patina nas pesquisas eleitorais, sua gangue se armou com a PEC do Desespero, a inconstitucional autorização para comprar votos. As armas já estão multiplicadas como o milagre dos peixes. Agora, foi dada a largada da violência que já se insinuava Na semana passada o país se chocou com o assassinato do petista Marcelo Araújo pelo bolsonarista Jorge José Garanhos. E, como discutia-se urnas eletrônicas e demonizava-se o STF no auge da pandemia, agora a questão é se o crime foi político, quando os fatos estão aí, esc