Toque de mirdas

 


Os descaminhos traçados pelo governo Bolsonaro com sua incondicional adoração a Trump (e agora?) foram definitivos para chegarmos nessa absurda situação: Butantã e Fiocruz prontos para produzir as vacinas, só que os insumos não chegam ao país. 

Começamos pelo desdém com os Brics, do qual fazem parte os principais produtores de insumos médicos, totalmente desconsiderados na atual gestão.

Pior: o presidente, seus filhos e o chanceler não perderam uma oportunidade sequer para detonar a China, um dos cinco membros dos Brics. Além de ser nosso maior parceiro comercial, é de lá que vem o IFA, o principal insumo para a fabricação do imunizante, tanto para a CoronaVac quanto para a Vacina de Oxford.

Teria chegado a hora dos chineses darem o troco? Ou foi algum vacilo quanto à papelada que deveria ser resolvida pela diplomacia? Nunca saberemos. O que se sabe é que nossa produção está travada em momento tão crucial. Rodrigo Maia foi descredenciado pelo governo para cuidar do assunto, e Temer foi indicado para descascar a bananosa.  

Quando a pandemia se alastrava pelo planeta, no início de 2020, a Índia, maior produtora mundial de genéricos e também membro dos Brics, solicitou à OMS a suspensão das patentes de medicamentos para a Covid-19. Algo parecido com o que fez José Serra quando ministro da Saúde, para universalizar no país o combate à Aids. Ganhou até prêmio.

O Brasil foi contra a redentora proposta da Índia para se manter alinhado aos EUA de Trump. Ou seja, se não fosse o marqueteiro Dória – nesse caso, do lado certo, da ciência -, não teríamos vacina nenhuma. A boa notícia é que a Índia voltou atrás e 2 mil doses do imunizante da AstraZeneca devem chegar hoje ao Brasil.

Enquanto isso, Pazuello continua a fazer das suas. Agora, seu alvo é a Saúde Mental. Segundo a Época, o general da doença assinou um revogaço de portarias do setor em 3 de dezembro, editadas entre 1991 e 2014. A boiada passou desapercebida.

Estão sob ameaça o Serviço Residencial Terapêutico, as equipes de Consultório de Rua e a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Ou seja, avanços duramente conquistados, essenciais para esses dramáticos tempos de pandemia, foram sepultados pelo toque de mirdas de Pazuello.

E ele ainda nomeou como assessor Markinhos Show, auto intitulado coach e hipnólogo, com salário de mais de R$ 13 mil. O mesmo que vinha fazendo o marketing do ministério e adesivou o avião que traria as vacinas de Oxford da Índia, apesar dos pedidos de discrição daquele governo. 

Ainda no âmbito da Covid, agora que a Anvisa – quem diria – condenou o tratamento precoce e o uso de medicamentos como a cloroquina, o ministério da Saúde corre para apagar seus registros em relação a ambos. E não é a toa que não há dinheiro para nada. 

Segundo o infectologista Átila Lamarino, o governo jogou no lixo R$ 540 mil. R$ 250 mil investidos na produção da cloroquina – daí o desespero de Bolsonaro para escoar a produção encalhada - e R$ 290 mil com testes abandonados.

O quê continua a segurar esse especialista em morte no cargo e quando vai começar a CPI para apurar essas barbaridades?


Comentários

  1. Ontem o super ativo Eduardo Moreira deu sua aula magna na internet. E deixa claríssimo quem ganhou nesta pandemia: bancos, sempre eles. Coisa de bilhões de reais. E quem sustenta a turma do R.Maia? Bancos. E por que será que o impeachment nao sai? Acordão entre bancos, FIESP e mais meia duzia de empresas e setor de commodities. Assim me parece...

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