Por que tantas mortes?

 


Se não acontecer nenhuma manobra desvairada do governo, a CPI da Pandemia abre seus trabalhos amanhã. Por que uma CPI em momento tão conturbado no país? Simplesmente porque é preciso explicar o que nos levou a esse morticínio, que já beira 390 mil óbitos, enquanto a Índia, por exemplo, com seu quadro se agravando, tem 'apenas' 192 mil. O número de mortos nesses primeiros quatro meses do ano (195.949) supera os de março a dezembro de 2220 (194.976).

A mídia, que assumiu as regras da contagem depois de o ministério da Saúde falsificar os dados da pandemia, tem sido pródiga em noticiar a sequência de erros cometidos pelo Executivo no combate à Covid-19, que não me cabe aqui repetir. Se os brasileiros não conseguiram manifestar nas ruas sua indignação, por conta do necessário isolamento agora imposto, o STF exerceu esse papel e Rodrigo Pacheco acatou, antes mesmo da decisão do pleno.

Conforme o senador Renan Calheiros, a primeira resposta a ser dada pela CPI é quantas vidas poderiam ter sido salvas no país se Bolsonaro “tivesse acertado a mão”, diz ele na BBC.

Como reproduziu Lauro Jardim a reflexão de um profundo conhecedor de Calheiros, “o Renan será um Padre Cícero no discurso e um Lampião no plano de trabalho”. É o mínimo que 54% dos entrevistados em pesquisa da Datafolha, que avaliaram como ruim ou péssimo o desempenho do presidente na gestão da pandemia, esperam da comissão.

O senador explica que a CPI também vai investigar algo que já está claro como água para quem acompanha o noticiário: "Se o governo se omitiu, deixou de fazer pré-contratos quando laboratórios produtores estavam ofertando, se estimulou aglomeração, se minimizou o papel da máscara".

Para Calheiros, judicialização, como a já iniciada pela aliada Carla Zambelli, só vai fortalecer o trabalho da CPI. Outra coisa transparente são as causas do temor do presidente e de seus seguidores diante da investigação:

 "O governo está tratando equivocadamente esta questão, tem que aproveitar a oportunidade para convencer as pessoas de que não errou, de que fez tudo certo, na hora certa. Se não conseguir, paciência, vai ampliar o desgaste na população", argumenta Calheiros.

 Nessa linha, o senador acha que o melhor para o governo seria aproveitar o espaço concedido pela CPI para demonstrar o oposto do que a sociedade parece pensar. "Será muito mais produtivo do que o governo arrastar a instalação da CPI, que deveria ter sido instalada em fevereiro", sublinha. O fato é que o Brasil precisa entrar em contato com a verdade que, mesmo óbvia, deve ser investigada e trazida à luz pelo Senado.

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