Elos entre Jair e Adriano

 

Após a queima de arquivo do ex-capitão do Bope e líder do Escritório do Crime, Adriano Nóbrega, Ronaldo Cesar, o Grande, identificado pelo MP-RJ como um dos elos entre os negócios legais e ilegais do miliciano, diz a uma mulher que ligaria para o “cara da casa de vidro”. 

Preocupa-se com pendências financeiras e diz que alertou Adriano que “iria acontecer algo ruim”. Ele diz ainda que quer saber “como vai ser o mês que vem” e que a “parte do cara tem que ir”.

Em 13 de fevereiro de 2020, quatro dias após a morte de Adriano, Grande fala com um homem não identificado que tem ao lado, entre parênteses, a descrição “PRESIDENTE” em letras maiúsculas, e relata problemas com a família de Adriano devido à divisão de bens. 

O interlocutor se coloca à disposição, caso ele venha a ter algum problema futuro.

Nesse mesmo dia, o nome “Jair”  aparece em conversas de outros comparsas de Adriano – o pecuarista Leandro Abreu Guimarães e sua mulher, Ana Gabriela Nunes. O casal, conforme a investigação, escondeu o miliciano na fazenda da família em Esplanada, na Bahia, onde ele foi assassinado.

Ana Gabriela diz a uma interlocutora identificada como “Nina” que “a polícia retornou com o promotor” a sua casa e que não pretende voltar para lá por causa dos jornalistas. Na sequência, diz: “Leandro está querendo falar com Jair”.

Descrito na investigação como vaqueiro premiado, Leandro organiza e participa de rodeios. Em um deles o ex-capitão comprou 22 cavalos de raça, mesmo foragido da Justiça.

As conversas constam do relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio, a partir das quebras de sigilo telefônico e telemático - já suspenso - de suspeitos de ajudar o miliciano nos 383 dias em que circulou foragido pelo país. 

Para o MP-RJ, as citações referem-se a Bolsonaro. “O cara da casa de vidro” seria referência aos palácios do Planalto e da Alvorada.

O presidente já havia sido citado em diálogos da irmã de Adriano, Tatiana da Nóbrega, e do sargento da PM Luiz Carlos Felipe Martins, o Orelha, um dos homens de confiança do miliciano. 

OK. E o que aconteceu? O MP-RJ não é autorizado a investigar o presidente e todo esse material foi encaminhado à PGR. Lembra que Augusto Aras é amigo do Bolsonaro e sonha com uma vaga no STF? Portanto, não aconteceu absolutamente nada. (Fonte: Intercept)