Babá de presidente

 

Pensei em escrever hoje sobre a reação judicial ao depósito de R$ 89 mil pelo miliciano Fabrício de Queiroz na conta da primeira-dama. Não é sem tempo que o ministro Marco Aurélio Mello envia uma notícia-crime à PGR.

Sabemos, porém, que a PGR está blindada para não levar à frente nada que interfira no rabo preso de Aras com Bolsonaro.

A indignação – sim, ela não para de pipocar – falou mais alto, diante da confissão do ministro da Casa Civil, o general Luiz Eduardo Ramos – o mesmo que produziu a confissão de culpa dos 23 erros cometidos pelo governo no combate à Covid-19 – ter tomado escondido a segunda dose da vacina.

De quem um general de quatro estrelas, 64 anos, precisaria esconder esse tipo de ato 'tão controverso' num momento como esse em que vivemos? Acertou quem disse: de Bolsonaro.

Em plena CPI da pandemia, os auxiliares do presidente sabem que ele continua a implicar com quem se vacina, usa máscara ou faz distanciamento. 

Ramos, que pretendia “não criar caso”, priorizou a vida em nome dos netos e da “linda” mulher, que ele teve a sorte de conquistar apesar de tão feio. E agora, seu é convencer Bolsonaro, outro sexagenário, a se vacinar também, diante da perigosa cepa – essa sim, made in Brazil – que circula pelo país. Seria falta do que fazer?   

Tanto o presidente quanto o general já contraíram o vírus, porém, tiveram a sorte de pegar a doença que começou na China, muito mais leve que a versão tupiniquim. 

Tanto que nesses primeiros quatro meses do ano ela já matou mais (195.949) do que de março a dezembro de 2020 (194.976). “Nós não podemos perder o presidente com um vírus desse”, disse. Depende de quem seriam esses nós...

Na abertura da CPI Flávio Bolsonaro, inconformado por sua filiação não representar nada naquele momento, muito pelo contrário, cometeu atos falhos. Ao tentar retardar a abertura da comissão, o 01perguntou por que não esperar a vacinação de todos e evitar aglomerações? 

Se a famiglia acredita em vacinação e isolamento, por que boicotá-los tanto?

Em seguida o primeiro-filho partiu para o ataque a Rodrigo Pacheco, que estaria fugindo de sua 'responsabilidade' enquanto apoiado por seu pai à presidência do Senado, tanto por ter aberto a CPI, antes mesmo da decisão do pleno do STF, quanto por ignorar a maracutaia do juiz que tentou melar a relatoria de Renan Calheiros.

Nisso Flávio pode ter razão. Realmente, tudo indica que a criatura já começa a se voltar contra o criador. Pacheco, mais para raposa que cordeiro, (ao contrário de Arthur Lyra, ainda fiel às origens) parece ensaiar o abandono do barco que  ajudou a inflar e começa a ver chances de afundar.