Mentiras deslavadas
Há dois anos não temos carnaval, porém, a marchinha de Moacir Franco, “Me dá um dinheiro aí”, nunca foi tão atual. Enquanto os EUA se comprometeram a cortar suas emissões pela metade e a meta da União Europeia é reduzi-las em 55% em comparação aos níveis de 1990, o quê o Brasil de Bolsonaro levou à Cúpula do Clima?
A cobrança de dinheiro dos países ricos para reduzir o desatamento na Amazônia entre 30%
a 40%, em um ano.
Detalhe: doações de R$
2,9 bilhões da Noruega e da Alemanha ao Fundo Amazônia repousam nos cofres públicos, cujo uso foi inviabilizado por nossa performance ambiental.
Fico imaginando a conversa entre o presidente e seu ministro incendiário – o vice Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal foi desdenhado – sobre como eles conseguiriam passar a boiada para tudo o que o país tem feito para acelerar as mudanças climáticas.
Só em dezembro de 2020 a Amazônia perdeu mais de 11 mil
km² de suas florestas, três vezes mais do que a meta da Convenção do Clima de
2009, em Copenhagen. Isso sem falar no Pantanal...
O terraplanista Ernesto Araújo foi removido – a contra gosto do chefe – a tempo de engrossar o mico no encontro convocado pelo presidente Biden. Sim, agora Bolsonaro não lida mais com Trump, sua alma gêmea do negacionismo e dos ataques ao tal globalismo.
Agora o governo americano faz uma real transição a economia sem carbono. A estratégia inclui mobilizar investimentos sustentáveis no país e no exterior. Só que, ao contrário do
que parecem pensar Bolsonaro e Ricardo Salles, Biden de otário não tem nada.
Na mesma semana em que o presidente enviou uma espantosa carta ao presidente americano – sabemos que ali não havia um pingo de verdade, era apenas uma bem intencionada tentativa do novo chanceler de virar o jogo -, o superintendente da PF na Amazônia, Alexandre Saraiva foi afastado.
Que pecado ele cometeu? Enviou ao STF uma
notícia-crime contra Ricardo Salles, apontado de favorecer os madeireiros.
O alerta foi uma reação àquele que deveria defender nosso ambiente, diante da maior
apreensão de madeira ilegal já feita na Amazônia em dezembro de 2020, sob o
comando da PF. As toras apreendidas dariam para pavimentar a estrada Rio-SP.
Ontem a gestora ambiental Sinéia do Vale Wapichana, convocada por Biden, poupou o presidente e seu fiel escudeiro. Deu, porém, o recado: "Temos que assegurar o direito às nossas terras para protegermos e colaborarmos com informações (sobre mudanças climáticas)”.
Só que no que depender dos dois, índios? Meio Ambiente? Que se danem!
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