Incômoda verdade


Nossa história é uma sequência de golpes militares, iniciados em 1889 pelo que transformou a monarquia em República. O de 1964 incluiu um golpe dentro do golpe pela linha dura em 1968, com a instauração do AI-5.

Está óbvio o estado militar que viramos na gestão de Bolsonaro, com mais de seis mil fardados em cargos públicos e generais em funções de poder. E como sempre tem sido, são grupos que se dividem entre os excessos e a contenção.

Assim como o general Mourão, cujo ídolo é Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores de nossa história, há um grupo que se lixa para as revelações de Míriam Leitão sobre os áudios de ministros do Superior Tribunal Militar, admitindo que a tortura rolou solta nos anos de chumbo.

Se engana quem pensa que possa haver algum desejo de reparação, sobretudo por Bolsonaro, que sempre defendeu a tortura. Uma das pistas que temos vem do coronel reformado Marcelo Pimentel, conhecedor dos que se formaram na AMAN nos anos 1970 e agora estão no poder.

A articulação do grupo começou pela insatisfação provocada com a Comissão da Verdade e pelo país ser governado pela ex-guerrilheira Dilma Rousseff. Eles viram em Bolsonaro uma forma de chegar ao poder sem rupturas, como em 1964. 

E quem o procurou foi este grupo, o que explica o lançamento de sua candidatura na Aman, em 2014. "Fui a uma formatura na Aman em 2015 e Bolsonaro era o astro”, lembra Pimentel. 

“Como alguém que saiu do Exército pela porta dos fundos converteu-se em mito?", perguntou-se.

Em 1985 D. Paulo Evaristo Arns – que apoiou o golpe de 1964 - lançou “Brasil nunca mais”, documentando as torturas praticadas pela ditadura. Militares e torturadores remanescentes lançaram “Orvil”, 27 anos depois.

O "livro ao contrário" foi o troco dos milicos, que dava nome e sobrenome aos movimentos armados da esquerda.

Certamente os mais radicais – como Braga Netto, Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos, a turma do Haiti – devem estar incomodados com o crivo oficial de que houve tortura.

E se no 7 de Setembro os militares não toparam aderir ao golpe capitaneado por Bolsonaro, ontem o presidente voltou a repetir a hipótese, em cerimônia pelo Dia do Exército.

O caldo final dessa novela veremos nos próximos capítulos. 





Comentários

  1. Regina Costa
    Momentos obscuro da história, muitas pessoas mortas e torturadas, como pode, ser humano exaltar a tortura e mortes, misericórdia.

    ResponderExcluir
  2. Aimée Louchard
    #ForaBolsonaroeSuaQuadrilha

    ResponderExcluir
  3. Lucrécia Iacovino
    E vão tentar orquestrar outro golpe.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Os indícios começam a pipocar. Tvz a revelação dessas gravações tenha acelerado o processo...

      Excluir
    2. Lucrécia Iacovino
      Celina Côrtes desde o início desse desgoverno.

      Excluir
  4. Carlos Scharth
    Consultor de obras de dutos e de engenharia industrial
    Para não esquecer!!!!

    ResponderExcluir
  5. Andre Luiz Pereira
    35k comprimidos de viagra...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E ainda por cima superfaturados...

      Excluir
    2. Andre Luiz Pereira
      Celina Côrtes Pois é

      Excluir
    3. Mourão ainda respondeu, pô, deixa eu usar meu viagra...como se fôssemos nós que tivéssemos que pagar essa conta!

      Excluir
  6. M Christina Fernandes
    O meu medo são as armas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, vai ser meu tema de amanhã...nas mãos de bandidos e milicianos

      Excluir
  7. Mhiguel Horta
    SCRIPT-WRITER, PRODUCER AND FLM DIRECTOR
    Exatamente! Pobre Brasil!

    ResponderExcluir
  8. Terezinha Costa
    Celina Côrtes, sabe dizer se os três generais citados são filhos de militares que estavam na ativa entre 64 e 85?

    ResponderExcluir
  9. Paulo Henrique Afonso
    Imagem de uniforme de presidiário com texto "Bangu 1 em 2023"

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Starlink dança e Musk surta

O Brasil vai dar certo

Pela Internacional Democrática