A ciência volta a vencer o obscurantismo
Não é de
hoje que o negacionismo, as pandemias e ameaças de militares bagunçam nosso coreto. Era
o ano de 1904, quando o tenente-coronel Lauro Sodré, maçom e senador pelo Rio de Janeiro, fanático seguidor do marechal
Floriano, planejava um golpe de estado.
Ele pretendia deflagrar o movimento em 15 de novembro, aproveitando a mobilização
das tropas para o desfile na capital.
Sodré
achava que a República do Café com Leite, que alternava o poder entre São Paulo
e Minas Gerais, prostituíra os ideais
originais da proclamação. Seus planos, porém, foram atropelados pela epidemia
de varíola que devastava o Rio de Janeiro, e sobretudo pela regulamentação da
vacinação obrigatória, um exemplo do que era considerado por ele “insensibilidade tecnocrática” que criava uma “ditadura sanitária”.
Na canoa
desta indignação, o tenente-coronel se tornou presidente de uma Liga Contra a
Vacinação Obrigatória, fundada em em 5 de novembro daquele mesmo ano. Ela se
mobilizava com uma violenta campanha com ênfase “na invasão da privacidade dos
lares” e na “truculência” dos agentes de saúde que tudo higienizavam.
Entravam porta adentro nas casas de família, “brutalizando” esposas e filhas, obrigadas
a expor e disponibilizar seus braços, colos e mesmo coxas para tomar a dita
cuja vacina.
O moralismo
de ocasião, contudo, foi altamente eficaz para mobilizar a população. A
então capital passou a ser tomada por tumultos de rua, o desfile militar de 15
de novembro foi suspenso e as tropas que vieram para a capital para restaurar a
ordem, porém, passaram a mirar também nos golpistas, que haviam perdido o controle das
manifestações. A cidade viveu o caos até a decretação do estado de sítio,
no dia seguinte à data que comemora a Proclamação da República, em 16 de
novembro.
O episódio,
conhecido como a Revolta da Vacina teria sido, segundo historiadores, menos um tema
sanitário e mais uma “revolta contra a História”. Ao lado dessa segunda interpretação
estava o jovem sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917), que dirigia,
com a necessária mão de ferro para erradicar a doença, as campanhas de
vacinação.
Cruz acabou
consagrado passado o tumulto. A fundação, em Manguinhos, batizada com seu
nome em 1909, tornou-se essencial para estabelecer a autoridade da ciência em
assuntos sanitários. Alguma semelhança com os cenários negacionista a golpista de Bolsonaro não é mera coincidência. E agora a Fiocruz ensaia a produção e distribuição daquela que poderá ser a primeira das
vacinas contra o coronavírus. Mais uma vitória da ciência contra o
obscurantismo.
Sempre fomos essa MERDA
ResponderExcluirAí temos a distância de um tempo, em que a informação era precária para hoje em da informação à velocidade da luz e democrática, o que não justifica a burrice, o obscurantismo medieval de Bolsonaro e sua manada.
ResponderExcluirCom o andar da carruagem da nossa Educaçao, vai demorar muito a melhorar
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