Salve-se quem puder!

A pompa e circunstância do Tribunal de Haia
Quem torce para que os vários motivos dados por Bolsonaro o levem ao impeachment – como tacar fogo na Amazônia, tramar para controlar a Polícia Federal e para a eleição de sua chapa em 2018 –, já pode subtrair aquela que parece ser de todas a mais contundente: a desnecessária morte de mais de 80 mil brasileiros – mais que um Maracanã lotado - pela pandemia do coronavírus, por conta do negacionismo do presidente. Pelo menos diante do Tribunal Penal de Haia (TPI), essa não vai rolar.

É o que afirma o advogado argentino Luís Moreno Ocampo, primeiro promotor-chefe deste tribunal da Holanda, a corte internacional apta a julgar os chamados crimes contra a humanidade. Em entrevista ao jornal El Pais, ele afirma que seria preciso demonstrar, contudo, que Bolsonaro planejou usar o coronavírus como ferramenta para exterminar toda ou parte da população, para que fosse investigado e julgado pela corte internacional. A total falta de gestão do presidente em relação à pandemia já foi alvo de três queixas em Haia, nenhuma delas, porém, sustenta seu desejo de matar como base, como aconteceu com Hitler, por exemplo, em relação aos judeus. “A lei diz que crimes contra a humanidade pressupõem que tenha ocorrido uma política para cometer um ataque em larga escala ou sistemático. Seria preciso ter havido um plano”, esclareceu Ocampo.

Apesar de todo o desprezo que Bolsonaro tem demonstrado pela vida humana – inclusive com sua politica de armar a população -, não há como provar que nesse caso houve a intenção de extermínio. O advogado evitou, contudo, avaliar ações de Bolsonaro, como o veto à lei que tornava obrigatório o uso de máscaras em locais públicos. Isso sem falar no comentário preconceituoso, de que usar máscara é “coisa de viado”. De 2003, quando a corte foi inaugurada, a 2012, no último ano de seu mandato Ocampo conduziu investigações do TPI em sete países e pediu ordens de prisão, decretadas pela corte, contra dois ditadores: Kadafi, da Líbia, e Omar al-Bashir, do Sudão. Quem torcia para Bolsonaro entrar nesse barco vai ter de esperar sentado.

 Esta semana postei aqui que o capitão tinha desistido da cloroquina, isso depois de o Tribunal de Contas da União obrigá-lo a “deixar de propagandear o uso da cloroquina e da hidroxocloroquina no trato da Covid-19”. Essa semana, porém, Bolsonaro voltou a aparecer público como garoto propaganda da droga, não se sabe se para agradar aos amigos fabricantes ou quebrar o galho do Exército, cujo estoque vai encalhar nos próximos 18 anos. Ou ainda se foi seu cacoete de recomendar medicamentos de uso não comprovado, como o seu projeto de lei para a fosfoetanolamina, a chamada pílula do câncer, nos tempos em que ainda era deputado.

 O fato é que enquanto Bolsonaro seguir na presidência do Brasil, salve-se quem puder!
Bolsonaro mantém a propaganda da cloroquina

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