Capitão desiste da hidroxocloroquina


Marca produzida por um amigo, da qual Bolsonaro fez propaganda

 

Após a queda de dois ministros da Saúde por terem se recusado a prescrever a hidroxicloroquina pelo SUS –  sem que até hoje tenham sido substituídos, no auge da maior pandemia dos últimos séculos – Bolsonaro veio a público para desdizer o que havia dito: “Não recomendo nada, recomendo que você procure os seu médico”. Teria o presidente se rendido à ciência que tem combatido desde o início da crise sanitária?

Não por acaso, a declaração foi dada após o procurador do Ministério Público, Lucas Rocha Furtado, ter solicitado ao Tribunal de Contas da União que obrigue o presidente a “deixar de propagandear o uso da cloroquina e da hidroxocloroquina no trato da Covid-19.” Ainda em plena fase paz e amor, parece não ter restado outra alternativa a Bolsonaro senão abandonar o tom autoritário calcado no doa a quem doer. Por incrível que pareça, no mesmo vídeo, ele se questiona se o fato de estar se sentindo melhor tem a ver com a medicação. “Coincidência ou não, sabemos que o tratamento não tem nenhuma comprovação científica, mas deu certo comigo”, argumentou.

Outra coincidência ou não, foram os resultados preliminares publicados nesta quarta-feira do estudo liderado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido – a mesma que produz a mais promissora vacina contra o coronavírus em parceria com a AstraZeneca e com a Fiocruz - associou o uso da hidroxicloroquina não apenas à piora do quadro dos pacientes, como a condução à morte pela doença entre 1,5 mil de pessoas contaminadas.

 Os ensaios que testavam o medicamento contra a Covid-19 integram o conjunto de ensaios clínicos "Recovery", que analisa vários remédios para a doença entre 11 mil pacientes britânicos. O braço com a hidroxicloroquina começou os testes no dia 25 de março. Foi suspenso, contudo, após os cientistas anunciarem que não houve benefício no uso medicamento para a infecção. Na contramão, o ministério da Saúde pediu à Fiocruz que divulgue a cloroquina como tratamento precoce.

O fato é que Bolsonaro é o tipo do contaminado sortudo. Embora tenha testado positivo no segundo exame a que se submeteu essa semana – quem não se lembra da sua resistência em tornar públicos os resultados de seus testes anteriores, mesmo sob pressão judicial? – até agora o presidente não sofreu com nenhum sintoma forte. Teve febre de 38º na segunda-feira retrasada, além de um pouco de cansaço e dores musculares. Bem diferente dos mais de 76 mil de brasileiros que chegaram ao óbito, entre dois milhões de contaminados pela Covid-19 que ele tanto negou...

Comentários

  1. Só lhd resta agora fazer propaganda da maconha que foi comprovada eficiente na redução da infecção pulmonar.

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