Tapando o sol com a peneira


Lubia Vinhas, a segunda vítima do Inpe

 

A Floresta Amazônica arde em chamas, com aumento de 34% do desmatamento nos primeiros cinco meses do ano, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Após o chumbo grosso dos fundos europeus que gerenciam mais de US$ 2 trilhões para investimentos e de empresários bolsonaristas convertidos, qual a imediata reação do governo que prega o aumento da mineração e da agricultura para a região? Mais uma demissão no Inpe, que teve a ousadia de divulgar os dados dessa tragédia ambiental. É o mesmo que tapar o sol com a peneira.

Em agosto de 2019 o físico Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi a primeira vítima do embate travado entre a ciência e o governo, sucedido por outras perdas para a primeira, como a saída do ministro Mandetta, em plena pandemia do coronavírus, por ousar combater a crise sanitária orientado pelos protocolos da Organização Mundial da Saúde.

 

O físico Ricardo Galvão, agora na USP

No Inpe desde 1970, Galvão fez doutorado em Física de Plasmas Aplicada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e é livre-docente em Física Experimental na USP desde 1983.

Após a exoneração, passou a dar palestras e a participar de eventos no Brasil e no exterior. Ao voltar para a USP, o físico deu um emocionado depoimento: "Sempre que a ciência for atacada temos de nos levantar. As autoridades se incomodam quando escutam o que não querem".

Agora, a vitima foi a pesquisadora Lubia Vinhas, servidora concursada do Inpe há 23 anos, com mestrado e doutorado em computação aplicada pelo Inpe, exonerada da coordenação-geral de Observação da Terra do Inpe nesta segunda-feira. Segundo explicou, as atividades de monitoramento da Amazônia são executadas pelo Programa de Monitoramento da Amazonia e demais Biomas do Inpe.

Lúbia não foi comunicada do motivo da sua exoneração, enquanto o Inpe atribui a medida à sua própria reestruturação. Enquanto isso, o vice-presidente Hamilton Mourão, responsável pelo abacaxi do Conselho Nacional da Amazônia Legal, tenta se equilibrar numa corda bamba de promessas desde que começou a doer no bolso. "Só no ano que vem, quando vai passar o satélite de novo, vamos poder comprovar que nossos esforços para reduzir o desmatamento na Amazônia surtiram efeito. Até lá, é conversa de bêbado: eles dizendo uma coisas e nós argumentando outras", desconversou à coluna de Lauro Jardim, no Globo. O pior é que o que queimou não tem volta, e muito menos os mais de 72 mil mortos pela pandemia.

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