Mais uma vítima da prefeitura




O nascimento da Avenida Marechal Floriano não foi dos melhores. As atas da Câmara dos Vereadores, de 1632, davam conta de que foi ali que nasceu o primeiro foco de crimes da cidade, com o serviço de cargas de produtos das zonas suburbanas. Até o início do século 20 havia ali duas vias, Estreita e Larga de São Joaquim, assim batizada ao ser alargada para 20 m de largura. Depois de 1832, passou a Marechal Floriano, o primeiro presidente do Brasil.
Após uma ascensão, com a chegada do Colégio Pedro II, pioneiro em instrução secundária oficial, em 1837; da Light, em 1905 e do Palácio do Itamaraty, construído por Francisco José da Rocha, conde de Itamarati, entre 1851 e 1855, a decadência do endereço foi acentuada no século XXI pelas obras do VLT e abandono do Centro, que provocaram uma sucessão de fechamentos no comércio local.
A resistência, porém, continua. Aníbal Gonzales, proprietário da tradicional Principado Louças, fundada em 1º de abril de 1959, garante que as obras não afetaram o estabelecimento, e tampouco percebeu mudanças desde a inauguração do VLT, em dezembro de 2018. “Somos uma loja de varejo profissional para o varejo. Não fomos prejudicados e até agora não notamos diferença, mas creio que ainda vamos trazer mais clientes para a loja”, aposta.
O balanço, até gora, permanece no vermelho. Roberto Curry, presidente da Sociedade dos Amigos da Rua da Carioca e Adjacências e vice-presidente do Sindicato dos Lojistas – que representa 30 mil estabelecimentos -, também proprietário da Mala Ingleza, fundada em 1900, há 13 anos na Marechal Floriano, lamenta: “Na Sete de Setembro as lojas começaram a fechar antes do VLT.  E na Marechal Floriano muitas também fecharam, não só pelo VLT, como pela terrível desordem urbana provocada pelos ambulantes”.
Cristina Secco, gerente do charmoso Belga Hotel, instalado em prédio de 1927 após cuidadosa reforma que resgatou o estilo art déco do imóvel, comemora um aumento de frequência pela linha que liga a avenida ao Aeroporto Santos Dumont. Atribui ao caos da administração municipal, contudo, a quantidade de pessoas dormindo na rua e a sujeira generalizada. Será que o nobre endereço ainda terá chances de recuperação?   

Comentários

  1. Município do Rio totalmente abandonado e com a brutal desigualdade social dá nisso ....
    Tristeza

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