Não passarão!

A jornalista Patrícia Campos Mello
Damares, símbolo das trevas e do retrocesso
Uma estranha conexão misógina une a Paris da Belle Époque ao Brasil de 2020. Enquanto a menina kanak, da Nova Caledônia, sul do pacífico, briga para libertar garotas sequestradas pelos Mestres do Mal, na Paris de 1920, cujo objetivo era reverter o protagonismo que as mulheres começavam a conquistar na sociedade, a jornalista brasileira Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo – a  mesma que denunciou nas últimas eleições o esquema de divulgação de fake news em massa pelos apoiadores de Jair Bolsonaro – volta a ser, ela mesma,  alvo de misoginia, sexismo e disparo de notícias falsas em sua recente participação na CPMI de Fake News, na Câmara. E, como se isso não bastasse, o próprio Bolsonaro ainda insinuou que Patrícia, uma das jornalistas mais respeitadas do país, teria trabalhado em troca de favores sexuais.
Enquanto as jovens sequestradas pelos Mestres do Mal eram subjugadas e humilhadas, tornando-se cadeiras para os homens participantes da seita cobertas por panos negros e denominadas ‘quatro patas”, as mulheres brasileiras, cem anos depois, tornam-se alvos dessa turba de extrema direita, fenômeno já estudado pela academia, encabeçada pelos seguidores de extrema direita do presidente.
No momento em que se conquistavam novos direitos e maior participação feminina na sociedade, se ensaia um retrocesso centenário, encabeçado pela esdrúxula ministra Damares Alves, que sonha com meninas vestindo rosa, prega a abstinência sexual para combater a gravidez precoce e apoia a proibição do aborto, entre outros retrocessos.
Se no filme de animação do francês Michel Ocelot – “Dilili em Paris" - as meninas sequestradas são salvas pela coragem de Dilili e pelo zepelin pilotado por nosso heroico Santos Dumont, não se sabe onde vai parar essa assustadora e reacionária tendência que se anuncia nesses novos e sombrios tempos, protagonizada por um presidente que declarou ter sido pai de uma menina em um "momento de fraqueza". Involuntariamente, Patrícia passou a simbolizar a resistência a tudo o que de pior está acontecendo nesse início da década de 20 do século 21. 
Andamos para trás a passos céleres, e, como nem Santos Dumont, Pablo Picasso ou Sarah Bernadardt estão por perto para nos salvar, que as mulheres consigam se dar as mãos para lutar contra esse mergulho no passado e no retrocesso. E como já dizia a espanhola Maria Dueñas, o melhor está por vir. Não passarão!
Dilili na Paris Belle Époque



     

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