Point do verão

Sei que corro riscos ao entregar esse ouro e voltar a atrair multidões... Assim como - infelizmente – vivemos o verão da geosmina, o grande point da cidade na estação mais quente é...a Estrada das Paineiras! E o que a faz tão especial? Para começar, sempre foi a grande pedida de manhã cedo ou na volta da praia, para tirar a água de sal com deliciosas duchas geladinhas distribuídas a longo dos 4,2 km interditados ao trânsito nos finais de semana.
O grande diferencial desse ano é que ela ficou...deserta! Isso porque está fechada desde setembro, por conta das fortes chuvas que provocaram vários deslizamentos. E como tudo por aqui é uma grande esculhambação, apesar do recorde de visitação anunciado pelo Parque Nacional da Tijuca – por onde passa a tal estrada que, na realidade se chama do Redentor em seus 8 km que ligam a real Estrada das Paineiras ao Alto da Boa Vista – a estrada permanece interditada, cinco meses depois. 
Se atravessar de carro pode não ser recomendável, o mesmo não se diz da transgressão se cometida por pedestres ou ciclistas. Apesar da cancela fechada e do aviso da proibição, passa quem quer. Não tem ninguém ali de cara feia, ameaçando, não pode!
Com isso, os excessos dos últimos anos - porque aquela passou a ser a opção de um número crescente de visitantes - se foram. Pelo menos até que o governo federal, responsável pela área de 33 mil km² do parque, criado em 1961, se digne a recuperar a estrada para reabri-la ao trânsito durante a semana. Se no início a primeira sensação é de abandono, aos poucos se percebe o encanto do caminho quase deserto, cachoeiras sem vestígio de filas e uma estonteante sensação de liberdade e integração com a natureza. Aqui e ali vestígios de deslizamentos, sem maiores ameaças.
Sei bem do que falo. De 1980 a 1992 corria ali todo santo dia. Até que fui afastada pelos monstruosos engarrafamentos na volta, com a crescente atração ao Cristo. Nunca imaginei que seria capaz de abrir mão daquele amado paraíso. Abri, porém. De vez em quando aparecia por lá para matar as saudades. Ontem, contudo, vivi sensações indescritíveis.
Não recomendo às mulheres se aventurarem sozinhas, entretanto, nada que uma boa companhia não possa resolver. Ar puríssimo, paisagens de tirar o fôlego, duchas geladas e densas nesses tempos de muita chuva; azulonas, abundantes em abril, que já começam a aparecer...o que mais de pode querer?  

Vestígio de deslizamento

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