Onde quer chegar Bolsonaro?


Teich: discurso vazio

Passavam das 16:30 quando as panelas começaram a soar. Mandetta e sua equipe acabavam de cair. Dos pouco nomes deste governo capaz de conduzir a luta contra o coronavírus com profissionalismo e lucidez, seguindo a cartilha da OMS e de todos os exemplos de países que viveram sua crise antes de nós. Pela primeira vez, com uma expressão serena desde que o pesadelo começou, o ex-ministro da Saúde manteve seu estilo de bom orador na despedida, pavimentando sua candidatura à sucessão desse despreparado que nos governa.
Depois de Mandetta foi a vez de Bolsonaro falar à nação, com seu estilo inseguro de quem não tem o menor preparo para exercer o cargo. Com uma expressão meio atônita, de falsa calma. Amenizou as discordâncias com seu ex-subordinado, passou a bola da crise econômica aos governadores, que agiram com rigor diante da crise. Deixou a palavra ao sucessor, o oncologista Nelson Teich - inexperiente em saúde pública e SUS -, que já começou a falar sem dizer nada, com um discurso vazio.
Teich iniciou tocando a questão do isolamento, sem trazer qualquer esclarecimento sobre como tudo ficará daqui para a frente, embora já tivesse se posicionado a favor do isolamento horizontal. Se o discurso antagônico entre Bolsonaro e Mandetta já ampliava a insuportável insegurança de um país que começa a viver o drama da multiplicação geométrica de infectados e óbitos, o novo ministro já chega com a necessária capa de invisibilidade, para não incomodar o inseguro ego de seu chefe.
E se Mandetta estava com 76% aprovação pelos brasileiros, com seu pulso firme para não expor a vida, volta a ideia comum entre presidente e ministro da saúde de flexibilizar a volta ao trabalho. Incapazes de ver que os países que optaram por esse caminho estão com uma explosão de seus índices de contaminação e mortes, prolongando o sofrimento pelo descontrole e retardando a tão desejada normalidade, ainda que bem diferente daquela que se conhecia.
Enquanto isso são mantidos pelo presidente nomes como o do ministro da Educação, que acaba de desafiar a China, nosso maior parceiro comercial, em comentário no twitter. E do ministro do Meio Ambiente, que demite o responsável por uma operação do Ibama para frear a ação de garimpeiros nas reservas indígenas, um dos grandes focos de preocupação de contaminação pela pandemia. Onde quer chegar Bolsonaro?  



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