Pandemônio na pandemia

Bolsonaristas bloqueiam acesso de hospital em SP durante carreata
?    Não faz muito tempo, Bolsonaro começou a fritar o Ministro da Justiça, um dos nomes que trazia mais credibilidade a seu governo. Incompetência? Não. Brilho próprio, aferido por pesquisas de opinião que ofuscavam o chefe. Com Mandetta não foi diferente. Graças ao comprometimento com a saúde da população, o então ministro da Saúde atingiu uma popularidade insuportável para o presidente que o detonou após um processo de fritura, para espanto dos 76% de brasileiros que o aprovavam, do Legislativo, do Judiciário, governadores e setores do próprio governo.
Peço licença a dois colegas jornalistas para reproduzir aqui trechos de brilhantes artigos que botaram o dedo na ferida. Começo pelo colaborador do DW alemão, Philipp Lichterbeck, em texto também publicado no site Colabora. Ele alerta para a “aterrorizante ameaça de arrastar o Brasil para o abismo”, pelo que chama de "seita cujos membros estão dispostos a seguir seu líder até a morte", referindo-se ao bolsonarismo. E olha que o texto foi publicado antes do nefasto grupo ter organizado a passeata que bloqueou o acesso ao Hospital das Clínicas de São Paulo, de ambulâncias, inclusive. Tampouco ameaçado de morte  renomados cientistas que não avalizaram o uso da cloroquina. Ou ainda terem promovido manifestação em frente ao QG do Exército, com a presença do líder, clamando a volta à ditadura (felizmente as Forças Armadas já tiraram o corpo fora sobre qualquer possibilidade de golpe militar). Além de romperem o isolamento preconizado pela OMS, o grito de guerra dessa turba é “A Covid-19 pode vir. Estamos prontos para morrer pelo capitão", sem se dar conta de que arrastam quem estiver por perto. 
E mais: como nos cultos religiosos, as contradições são ignoradas."O bolsonarista sempre acha que sabe mais que os outros ‒ mesmo que os outros sejam o mundo inteiro. São norteados pela satisfação de seu ego insultado. Eles odeiam o conhecimento quando este contradiz sua visão de mundo. E, quando a situação não corresponde à vontade deles, gritam: "Ditadura!, como crianças que se jogam no chão do supermercado para que suas mães comprem doces.”
Em sua coluna de domingo em O Globo, Bernardo Mello Franco deixa claro que a preocupação de Bolsonaro não é a escalada do coronavírus no país, a escassez de testes ou o risco de colapso dos hospitais. “Ele só pensa na própria popularidade, que julga ameaçada pela retração econômica”.
A declaração do presidente durante a posse do novo ministro da Saúde é de estarrecer: “Essa briga de começar a abrir o comércio é um risco que eu corro, porque se agravar vem para o meu colo.” E quando as pessoas adoecerem sem encontrar vagas nos hospitais, onde vão buscar socorro para escapar da morte? Até quando brasileiros vão arriscar a própria pele por esse despreparado e incitar a volta dos anos de chumbo que sufocaram o Brasil por 20 anos?
Bolsonaro discursou ontem pedindo a volta à ditadura


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